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ID
2068210
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2016
Provas
Disciplina
História
Assuntos

“Os acontecimentos são como a espuma da história, bolhas que, grandes ou pequenas, irrompem na superfície e, ao estourar, provocam ondas que se propagam a maior ou menor distância”. São de Georges Duby essas observações. De acordo com ele, “acontecimentos sensacionais” — a exemplo da chegada da corte portuguesa à cidade do Rio de Janeiro, em 1808; da criação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 1815; da oficialização do rompimento entre Brasil e Portugal, em 1822; da outorga da Carta Constitucional do Império, em 1824; e da abdicação de D. Pedro I, em 1831 — podem apresentar valor inestimável para a compreensão das circunstâncias históricas nas quais se evidenciaram.

Cecília Helena de Salles Oliveira. Repercussões da revolução: delineamento do império do Brasil, 1808/1831. In: Keila Grinberg e Ricardo Salles (Orgs.). O Brasil imperial (vol. I - 1808-1831). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, p. 17 (com adaptações).

Tendo o fragmento de texto precedente como referência inicial e considerando aspectos marcantes do processo de independência do Brasil, julgue (C ou E) o item seguinte.

Decisão estratégica de D. João VI, a criação do Reino Unido, em 1815, objetivou demonstrar, às forças políticas que passaram momentaneamente a dominar o cenário europeu devido à derrota imposta a Bonaparte e ao pretenso aniquilamento do legado da Revolução Francesa, que Portugal não se curvava aos ditames do Congresso de Viena.

Alternativas
Comentários
  •   A criação do Reino Unido, em 1815, de fato foi uma decisão estratégica; no entanto, seu objetivo principal era possibilitar a participação de Portugal no Congresso de Viena iniciado em 1814. O Congresso de Viena tinha por objetivo restaurar o poder das monarquias européias e redefinir as fronteiras da Europa, alteradas a partir das guerras napoleônicas. Para participar do Congresso o governo deveria obrigatoriamente está instalado no seu terrotório, o que não era o caso de Portugal já que o governo de D. João VI estava instalado no Brasil desde 1808; deste modo, elevando o Brasil à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves, este problema estaria resolvido, pois o Brasil deixava de ser colônia para se tornar Reino e Dom João seria o seu soberano e, consequentemente, preenchido restava o requisito para participação no Congreso de Viena iniciado em 1814.

    Fonte: http://escola.britannica.com.br/article/483504/Reino-Unido-de-Portugal-Brasil-e-Algarves

  • Completando a citação abaixo, as elites portuguesas aqui instaladas, criaram "raízes" e não queriam voltar para Portugal, assim como Dom João também não . Então, por isso, Dom João deixa seu filho Dom Pedro como príncipe regente . Assim não separa a nobreza portuguesa já abrisileirada , e cumpre com o estabelecido no Congresso de Viena (1815) . 

  • Perfeita explicação Ana Oliveira. Muito obrigado.

  • Há um erro flagrante em " Portugal não se recusava aos ditames do Congresso de Viena". Na verdade a participação do Congresso foi uma das prioridades da política externa portuguesa nesse período. Nele foi assegurado os interesses dinásticos bragantinos na Europa e América Portuguesa. Um forte abraço a todos.
  • A elevação do status da colônia para Reino Unido, que aconteceu efetivamente em 1815, foi uma sugestão francesa durante o desenvolvimento das atividades do Congresso de Viena. 

    Ou seja, a medida não teve o tom de desafio às potências europeias como o item sugere, já que foi uma solução que partiu de uma nação estrangeira.

    Gabarito: Errado

  • Ana perfeita brilhastes
  • Alguém pode me dizer o que a questão quer dizer com "Portugal não se curvava aos ditames do Congresso de Viena."?

  • A elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves foi necessária para que Portugal pudesse participar do Congresso de Viena, na Áustria, após Napoleão Bonaparte ter sido vencido. 
    Só podiam participar do Congresso governos que estivessem instalados em seu próprio território. O governo de Portugal, desde 1808, estava instalado no Brasil, que era sua colônia. Com a elevação do Brasil a Reino Unido, a questão se resolvia. A colônia não se tornaria um Estado independente e, na prática, não haveria grandes mudanças. No entanto, resolvia o problema imediato  do governo português.
    Mesmo que Portugal, em crise econômica e com um Estado cheio de problemas, não tivesse poder de barganha em um Congresso internacional capitaneado pelas grandes potências da época, Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria, era estrategicamente importante participar do Congresso de Viena de 1814/15. Afinal , Portugal era considerado vencedor de Napoleão na medida em que seu território não foi ocupado pelas tropas napoleônicas nem seu governo substituído por um representante de Napoleão, como havia acontecido na Espanha e na Holanda.
    A afirmativa está incorreta .
    A afirmação do Reino Unido não só não tem por objetivo demonstrar a força política de Portugal como também não significa não se curvar aos “ditames do Congresso de Viena." . Na verdade , as propostas de legitimidade e de restauração não são estranhas aos desejos da Coroa portuguesa.
    O tema está presente em obras sobre história do Brasil, como a de Bóris Fausto – História Concisa do Brasil – ou de Heloísa Starling e Lilia Schwarcz . Brasil: Uma biografia. E, também, em trabalhos de politica internacional ou de História diplomática como o Diplomacia de Henry Kissinger
    Gabarito do Professor: ERRADO.