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ID
2068345
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
Instituto Rio Branco
Ano
2016
Provas
Disciplina
História
Assuntos

    Desde o começo, o liberalismo europeu do século XIX foi marcado por contradições. Havia contradições nas atitudes liberais em relação ao passado, entre as ideias liberais quanto às táticas mais adequadas ao presente e ainda quanto aos projetos liberais de futuro. É por isso que tem sido tão difícil definir o liberalismo. Para os historiadores — da mesma maneira que, outrora, para os observadores contemporâneos — é complicado decidir até mesmo se o liberalismo deve ser considerado como um movimento de esquerda ou de direita.


Alan S. Kahan. Liberalism in nineteenth-century Europe. The political culture of limited suffrage. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2003, p. 1 (com adaptações).

A respeito da trajetória do liberalismo europeu do século XIX, referido no fragmento de texto de Alan S. Kahan, julgue (C ou E) o item seguinte.

No mundo de língua alemã, o liberalismo de Wilhelm von Humboldt, marcado por uma concepção deflacionista do Estado como simples meio destinado a garantir a segurança dos indivíduos, contrasta com a visão desenvolvida na filosofia política de Hegel, em que o Estado figurava como o lugar privilegiado da materialização da liberdade.

Alternativas
Comentários
  • Wilhelm von Humboldt

    Humboldt defende no seu famoso ensaio que o Estado que tenta oferecer mais aos cidadãos que a segurança física, irá inevitavelmente destruir a liberdade e a criatividade dos seus cidadãos. 

     

    HEGEL

    O Estado para Hegel é um todo ético organizado, isto é, o verdadeiro, porque é a unidade da vontade universal e da subjetiva. É, como entende o referido autor, a substância ética por excelência, significando com isso que Estado e a constituição são os representantes da liberdade concreta, efetiva.

     

    FONTE: http://www.liberal-social.org/wilhelm-von-humboldt

    http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/sobre-estado-filosofia-direito-hegel.htm

  • Wilhelm von Humboldt defendia que o Estado deveria apenas oferecer a segurança física aos seus cidadãos. Se suas atribuições ultrapassassem esse item, a liberdade e a criatividade seriam destruídas, porque limitadas. Assim, a liberdade é fator para a busca pelo desenvolvimento pessoal. Para Hegel, entretanto, o Estado, formado pela vontade universal e subjetiva, é representante da liberdade concreta. Isso significa que o indivíduo tem uma relação jurídica com o Estado, que está acima dele e faz-se necessário para a realização da liberdade.

    Onde está o contraste? Enquanto Humboldt percebe o Estado com poucas atribuições, Hegel o percebe como atuante na sociedade.


    CERTO

  • O tipo de item que separa as crianças dos adultos

  • A questão proposta não é fácil e exige conhecimentos bastante específicos acerca das nuances que o projeto liberal pode apresentar. Isto demanda o conhecimento de uma literatura mais abrangente, que explicite as especificidades de autores que apresentam suas ideias acerca do liberalismo. No caso específico da questão proposta, a comparação é feita entre dois autores de língua alemã: Humboldt e Hegel. No caso de Humboldt percebe-se a crítica à ação do Estado entendida como oposta à ideia de Liberdade. Há aqueles que defendem que sua história de vida influenciou sua rejeição à burocracia de Estado, principalmente o Estado prussiano de sua época. Por sua origem familiar e a trajetória que o levou a ser parte do funcionalismo público, ainda que de alto nível, era, para Humboldt, um cerceamento de sua liberdade de ação e de escolha de sua proposta de vida. 

    Segundo publicação da revista Revista Brasil-Europa - Correspondência Euro-Brasileira 140/5 , editada pelos professores doutores . A.A.Bispo, e. H. Hülskath 
    “Foi a sua própria experiência pessoal restrição de sua liberdade em autodesenvolver-se devido a conjecturas relativas à segurança e à carreira, assim como do espírito reinante no sistema do funcionalismo prussiano que, justificada teoricamente por ideias que recebera na sua formação que o levou a questionar fundamentalmente o papel do Estado." 
    Assim, Humboldt defendia que cabia ao Estado uma atuação limitada cabendo-lhe impedir males e cuidar da segurança dos indivíduos. Também cuidar da Justiça e de deveres policiais e militares. Ele condenou toda tentativa do Estado de entrar em assuntos particulares dos cidadãos, com exceção daqueles imediatamente vinculados à violação de direitos.

    Já para outro alemão, Hegel, O Estado é um todo ético organizado. Ele é verdadeiro, porque resulta da união da vontade universal e da subjetiva. É assim como entende a substância ética por excelência, significando com isso que Estado e a constituição são os representantes da liberdade concreta, efetiva. O estado, respaldado e orientado pela constituição, garante – e não cerceia- a liberdade efetiva. Por conseguinte, Hegel não vê, como Humboldt o faz, uma possível contradição entre Liberdade e Estado A afirmativa, por conseguinte, está correta.

    E, para entender e responder corretamente a questão é preciso estudo atento da bibliografia fornecida pelo Instituto Rio Branco. Como por exemplo o livro de onde foi retirado o trecho da entrada da questão: Liberalism in nineteenth-century Europe. The political culture of limited suffrage, de Alan S. Kahan. 

    Gabarito do Professor: CERTO.
  • https://www.google.com/amp/s/amp.dw.com/pt-br/wilhelm-von-humboldt-e-a-revolu%25C3%25A7%25C3%25A3o-da-educa%25C3%25A7%25C3%25A3o/a-39366493 https://www.jstor.org/stable/2709304 Esses links são úteis para saber mais sobre o Willheim von Humboldt, que foi irmão do Alexandre von Humboldt da geografia.