- ID
- 2088478
- Banca
- Aeronáutica
- Órgão
- CIAAR
- Ano
- 2014
- Provas
-
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Administração
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Análise de Sistemas
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Ciências Contábeis
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Enfermagem
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Jornalismo
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Oficiais de Apoio - Conhecimentos Básicos
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Pedagogia
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Psicologia
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Serviço Social
- Aeronáutica - 2014 - CIAAR - Primeiro Tenente - Serviços Jurídicos
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto II
No aeroporto
Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. [...]
Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. [...]
Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Cadeira de balanço. Reprod. em: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973, p. 1107-1108.)
Em sua crônica, Drummond usa de lirismo para fazer um relato de determinada situação. O final do texto, através da informação apresentada, produz um efeito que causa