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ID
2094448
Banca
FUNCAB
Órgão
PC-PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.

    

Não são só ladrões os que roubam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões, que mais própria ou dignamente merecem este título, são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados; estes furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões, e começou a bradar: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos..." Ditosa a Grécia, que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em triunfo um cônsul, um ditador por ter roubado uma província! E quantos ladrões teriam enforcado estes mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar: Non cessat simul furta, vel punire, vel facere. Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em castigar furtos, e em os fazer. Isto não era zelo de justiça, senão inveja. Queria tirar os ladrões do mundo, para roubar ele só.

VIEIRA, Antônio. Sermões. In: MOTTA, Dantas. Primeira epistola de Jm. Jzé. da Sva. Xer. - o Tiradentes - aos ladrões ricos. Rio: Civilização Brasileira, 1967, p. s/n°

Para persuadir o ouvinte a chegar a determinada conclusão, o falante, ao argumentar, recorre comumente a estratégias como as seguintes:


1. justificara tese esposada.


2. apoiar-se em fatos históricos.


3. especificar, com exemplo, fato genérico.


4. apelar para argumento de autoridade.


No texto apresentado, o autor recorre a:

Alternativas
Comentários
  • 1. Justificar a tese esposada (correta)

    Primeiro, vamos encontrara tese do texto:

    Tese: Primeira afirmativa do autor, não pode ser retirado do texto, não cabe ampliação ou redução de sua semantica. A partir dele, todo o texto e desenvolvido.

    A tese do texto se encontra na L.1 "Não são só os ladrões os que roubam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhes colher a roupa"

     

    Repare que logo após a tese, o autor começa a justificá-la "são aqueles  a quem os reis ...."

     

    2 - Apioar-se em fatos históricos (correta)

    O texto expõe fatos históricos desde seu inicio. Nem precisa de muitos comentários.

     

    3 - Especificar, como exemplo, fatos genéricos (correto)

    Repare no texto que o autor faz uma enumeração de diversos exemplos do que seriam os outros tipos de ladrões, quando enumeramos ou exemplificamos estamos especificando algo dito anteriormente, além disso, ele não dá grandes detalhes das ações dos ladrões, apenas dizendo quais foram elas.

     

    Exemplo: Comprei um carro. (genérica) / Comprei um carro azul, com rodas de liga leve e direção hidráulica (especifiquei)

     

    4 . Apelar para argumento de autoridade (correto)

    Note que o autor, para nos convencer, traz ao texto uma personalidade de autoridade, o tal do Diógenes, e expõe sua celebre frase "Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos

     

    Exemplo: Sempre fazemos isso no nosso dia a dia quando dizemos "digas com quem andas que te direi quem é" , "mais vale um na mão que dois voando"... 

     

    Gabarito letra B

  • Gabarito letra B

     

    Primeiro devemos identificar a tese defendida pelo autor. O autor defende a tese de que os governos são tão ladrões quanto qualquer gatuno, larápio ou punguista.

     

    1. Justificar a tese esposada (correta)

    O autor justifica sua tese com o argumento de que enquanto os ladrões comuns roubam um homem, os governos roubam cidades e reinos.

     

    2. Apoiar-se em fatos históricos (correta)

    O autor apoia-se no fato histórico materializado na figura de Diógenes, filósofo grego que desprezava os poderosos e as convenções sociais; nas aclamações romanas a seus ditadores ladrões de províncias; e na figura do Bispo Romano Sidônio Apolinário.

     

    3. Especificar, com exemplo, fatos genéricos (correta)

    O autor argumenta por exemplificação quando relata que se via em Roma um ladrão ser enforcado por furtar um carneiro no mesmo dia em que se aclamava um cônsul, um ditador, por ter roubado uma província.

     

    4. Apelar para argumento de autoridade (correta)

    O autor apresenta a opinião de Diógenes e de Sidônio Apolinário, pensadores que dão sustentação à sua tese de que os governos roubam os povos da mesma forma que um ladrão comum rouba um homem.

     

  • Esse Diógenes era um "cabra" bom! Tinha uma linha de pensamendo muito além do que as pessoas de sua época eram capazes de entender.

  • Esse texto argumentativo dissertativo de 1967 ainda se encaixa nos dias de hoje. FODA ESSE TEXTO. 

     

  • O texto original é "O Sermão do Bom Ladrão", escrito em 1655, pelo Padre Antônio Vieira. Em 1967, ele foi citado por Dantas Motta... só para constar. #PAZ

  • Ressaltando que

    o argumento:

    ''4. apelar para argumento de autoridade''

    Autoridade é qualquer entendedor de determinado assunto que se faz presente em abordagem consistente no texto.

    por Ex: um texto que fale sobre música, Caetano veloso se presente neste texto, seria uma autoridade. Seu argumento seria válido