SóProvas


ID
2097661
Banca
FUMARC
Órgão
Câmara de Lagoa da Prata - MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

DOIS COLUNISTAS E A NORMA CULTA
Sírio Possenti
Publicado em 17 de março de 2016 

Não me lembro de ter ouvido ou lido alguma coisa de Tostão sobre língua, gramática. Esses troços de que os que não são do ramo falam tanto. Mas, salvo engano, andou emitindo juízo bem precário sobre a expressão “correr atrás do prejuízo”, que considerou errada (“ninguém corre atrás do prejuízo” sentenciou, se bem que, como psicanalista, deve ter visto muito disso por aí) e que Cipro Neto comemorou (achei no Google). 
Está lá: “No último domingo, Tostão fez deliciosa “análise crítica de clichês do futebol”. Um deles (“Vamos correr atrás do prejuízo”) recebeu a seguinte observação: “Se o time está perdendo, tem de correr atrás do lucro”. Já vi muita gente boa defender a legitimidade dessa construção (“correr atrás do prejuízo”), com o argumento de que o uso lhe dá razão. O estranho é que ninguém diz que corre atrás do fracasso, do insucesso, da tristeza. O que se diz é que o time corre atrás da medalha, da vitória, da classificação. Por que diabos, então, correr atrás do prejuízo?”.
Idiomatismos, Pasquale! Os idiomatismos e expressões feitas não têm sentido literal. São como os provérbios ou outras expressões do tipo “enfiar o pé na jaca” ou a “a vaca vai pro brejo”. E “risco de vida”, que muita gente corrigiu para “de morte”, sob empurrões da Globo. 
Tostão quis corrigir a cultura. Comentou outras expressões (como “marcar sob pressão”), que podem cansar, mas não veiculam doutrinas erradas. Aliás, por que todos deveriam correr atrás do lucro? Nem Tostão faz isso, que se saiba. Tais expressões exigem boa interpretação: corre-se atrás do prejuízo não para ficar com ele, para aumentá-lo, mas para acabar com ele, para caçá-lo, para anulá-lo.
Mas, em outro domínio, Tostão fornece bons dados para os analistas. No dia 13/03/2016, escreveu: “O amigo e médico Ciro Filogeno sugere, o que concordo…” e, logo depois, “… que nos empates por 0 a 0 os dois times não deveriam ganhar pontos, o que discordo…”. 
Um professor meio cego e pouco lido diria que Tostão errou. O argumento é sempre o mesmo: se é “concordo com”, então é “com o que (ou “com quem”) concordo”; e se é “discordo de”, então é “de que discordo”. Mas isso não é verdade. Tostão apenas escreveu segundo outra regra (uma hora dessas vou ficar de caderninho na mão e anotar todos os casos de novas adjetivas que ouço em rádio e TV, já que ninguém mais usa as antigas, especialmente com “cujo”). 
As frases de Tostão atestam uma tendência poderosa do português, que é a de fazer orações adjetivas sem a preposição (tem sido chamada de cortadora): num dos casos aqui mencionados saiu “com”, no outro, saiu “de”. 
Tostão é obviamente uma pessoa culta, representante no português culto falado e escrito no Brasil, que, entre outras instituições, a escola deveria encampar. (Isso não significa que não se pode ou não se deve empregar a forma tradicional, ou mesmo que ela não seja ensinada. Sem emprego pode ser um bom índice de escrita mais consciente, ou monitorada, o que é bom. É bom, mas não é a única alternativa correta). 
Já Ferreira Gullar, ferrenho defensor da gramática (mas eu duvido que a estude!) que a professorinha lhe ensinou (devia ser bem fraquinha), como repetidamente insiste em dizer, escreveu no mesmo dia em sua coluna “que preferem abrir o jogo do que pagar a culpa…” (está avaliando as delações premiadas como o faria um taxista ouvinte da CBN). 
Não quero dizer que a escrita de Ferreira Gullar tem problemas (pelo contrário: este é seu lado bom), como provavelmente diriam os que repetem “se é concordo com, então é com o que concordo”. Quando eu estava no então quinto ano, antes do então ginásio, já estudava uma lista de palavras que incluíam “preferir a” em vez de “preferir (mais) do que”. Pois a construção dita “errada” está cada vez mais viva e é cada vez mais empregada por pessoas cultas (vou tentar ouvir o Merval Pereira, por mais difícil que isso seja). Portanto, é cada vez mais “normal”. 
As relativas de Tostão (que são de todos, aliás) e a regência de Ferreira Gullar não deveriam mais implicar perda de pontos nas redações, nem serem objeto de provas “objetivas”.
PS 1 – a famosa coluna de Tostão que Pasquale comentou está em http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk0201200009.htm. Tostão questiona, de fato, uma lista grande de clichês. Vejam o segundo da lista: “Empatar fora de casa é bom.” Em um campeonato que a vitória vale três pontos, empatar é sempre ruim. Repararam em “Em um campeonato que a vitória…”? Também aqui “falta” uma preposição. É sempre a mesma regra! Claro que ninguém critica a gramática de Tostão (nem o fez Pasquale, que vivia disso). Um indício de que (“que”, diria o colunista) pertence à “elite intelectual”, cuja gramática é, portanto, culta. Ele diria “cuja”? Duvido.
PS 2 – Da tira Júlio & Gina de segunda, dia 14/03 (Folha de S. Paulo): – Você não odiava TV? – Achei uma coisa que eu gosto. Lá se foi mais uma preposição numa relativa. Minha aposta é que ninguém percebe.
Ref.: https://blogdosirioblog.wordpress.com/page/2/ [adaptado]

Os tipos de textos são classificados de acordo com sua estrutura, seu objetivo e sua finalidade. Considerando esses aspectos, pode-se dizer que o texto DOIS COLUNISTAS E A NORMA CULTA caracteriza-se como:

Alternativas
Comentários
  • C

    O texto expositivo apresenta informações sobre um objeto ou fato específico, sua descrição e a enumeração de suas características. Esse deve permitir que o leitor identifique, claramente, o tema central do texto.

    Um fato importante é a apresentação de bastante informação; caso se trate de algo novo esse se faz imprescindível.

    Quando se trata de temas polêmicos, a apresentação de argumentos se faz necessária para que o autor informe aos leitores sobre as possibilidades de análise do assunto.

    O texto expositivo deve ser abrangente e deve ser compreendido por diferentes tipos de pessoas.

  • GABARITO C

     

    texto expositivo remete para a ideia de explanar ou explicar um assunto, tema, coisa, situação ou acontecimento, que se pretende

    desenvolver ou apresentar, em pormenor, referindo o tempo, o espaço, a importância ou as circunstâncias do seu acontecer.

  • a) um depoimento ERRADA depoimento é um gênero textual em que se narram fatos reais vividos por uma pessoa

    b) uma descrição ERRADA - A descrição é uma modalidade de composição textual cujo objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, um movimento etc.
    c) uma exposição CERTA  Este tipo de texto é caracterizado por esclarecer um assunto de maneira atemporal com o objetivo de explicá-lo de maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.

    d) uma injunção ERRADA A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos, nas leis jurídicas.

    Fonte: A Gramatica para concursos públicos, Fernando Pestana

  • A  injunção está presente em nosso  cotidiano por  meio de textos muito comuns  como  os  manuais de  instrução, as receitas de   bolo, as  campanhas  eleitorais e publicitárias, as  regras de  jogos. Suas  principais características  são:

    1. O  autor  da  mensagem dirige-se ao leitor  ou  ouvinte por meio de  comandos, geralmente utilizando verbos  no   imperativo. No   texto injuntivo, predomina a função  apelativa da linguagem.

    2. Em muitos casos, a  mensagem  é  composta de duas  partes: a enumeração dos  elementos e a explicação  sobre  o  modo de  realizar  a  tarefa.

    3. Linguagem clara,  didática, de modo a  promover a execução  perfeita  da  tarefa.

    FONTE: http://conversadeportugues.com.br/2010/08/modalidades-discursivas-a-injuncao/

  • Tuany, "

    a) um depoimento ERRADA depoimento é um gênero textual em que se narram fatos reais vividos por uma pessoa

    "

    no texto também não se narra um fato vivido por uma pessoa?

     

  • depoimento é um gênero textual em que se narram fatos reais vividos por uma pessoa. Há, portanto, uma intenção pedagógica, a de ensinar algo aos leitores

    Expositivo apresenta informações sobre um objeto ou fato específico, sua descrição e a enumeração de suas características. Esse deve permitir que o leitor identifique, claramente, o tema central do texto.Quando temas polemicos faz-se necessaria os argumentos do autor

    Descritivo - descreve um fato um acontecimento.

    Injunção - explica um fato. ex. bula de remedio

    Fonte : https://www.todamateria.com.br/texto-injuntivo/

  • Estão expondo suas ideias baseadas nos fatos mencionados no texto...

  • DISCORDO DO GABARITO : TEXTO EXPOSITIVO É AQUELE QUE EXPÕE UMA IDEIA SEM A INTENÇÃO DE CONVENCER O LEITOR,OU SEJA, EM UM TEXTO EXPOSITIVO O AUTOR NÃO DÁ OPINIÃO.EM DIVERSAS PASSAGENS COMO "As relativas de Tostão (que são de todos, aliás) e a regência de Ferreira Gullar não deveriam mais implicar perda de pontos nas redações, nem serem objeto de provas “objetivas”." NOTA-SE A OPINIÃO DO AUTOR, CARACTERIZANDO UM TEXTO ARGUMENTATIVO.

     

  • Bruno, a opnião é presente. O que não é presente é a intenção de convercer

     

    A opinião do autor se encontra mais clara nas conclusões: "a escrita formal é indicada, mas a escrita tradicional também pode ser usada já que desde pessoas superficiais no mundo das letras até grandes escritores a utiliazam"

  • Concatenando o Comentário do Prof. Arenildo com a Fonte do site que busquei dá algo assim:

     

    Narração: Personagens, Enredo, Espaço...

    Descrição: Enumeração, Comparação, Retrato Verbal...

    Injunção: Instrucional (Manuais, Receitas, Bulas...)

    Dissertação Argumentativa: Expositiva, Argumentativa, Debater... (ARGUMENTADOR)

    Dissertação Expositiva: Fatos, Impessoal (Notícias Jornalísticas) (PORTA-VOZ DE UMA OPINIÃO)

     

    Fonte:

    ** http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portugues/tipologia-textual

    ** Professor Arenildo - QC

     

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    Isto posto... O dito GABARITO é um daqueles que se escolhe o "menos pior", se é que isso existe !!

  • Olha dá desânimo... esse texto é dissertativo argumentativo.O ator é super irônico, critica claramente e dá suas opniões durante todo o texto, marquei por exclusão para variar na banca com respostas de acordo com o gostodo examinador!

  • Se tem uma coisa que esse texto não é, é imparcial.

    Na minha visão é texto dissertativo argumentativo

  • Tomei uma tijolada na cara com este texto.

  • O texto começa com "Não me lembro(...)", escrito em 1ª pessoa, extremamente pessoal. Durante o texto também, há várias marcas da opinião do autor. Jamais esse gabarito poderia ser "texto expositivo".

    Para mim, o que mais se aproxima do argumentativo é o depoimento, apesar de não achar muito correto também.

    Tem banca que inventa moda demais

  • Lembrem-se que os textos expositivos não fazem juízo de valor, mas sim julgamentos a partir da análise discutida anteriormente, isto é, no caso supra, exatamente o que ocorre, o autor apenas explana o teor do linguajar ser muito culto e julga que não é errado a linguagem conotativa, visto que até mesmo os grandes literários utilizam.