- ID
- 2103988
- Banca
- COMPERVE
- Órgão
- Prefeitura de Nísia Floresta - RN
- Ano
- 2016
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
O poder do cérebro em evitar distrações
Diante de um estímulo relevante, nossa mente recorre a um “truque”: a reação a distrações tende a
diminuir, de modo que, comparativamente, o alvo de interesse ganha destaque em relação aos demais
Por Ferris Jabr
Você está dirigindo por uma rodovia por onde não costuma transitar e sabe que a saída está
em algum lugar desse trecho da estrada, mas nunca a utilizou antes e não quer perdê-la.
Enquanto olha atentamente para um lado em busca do sinal de saída, numerosas distrações se
intrometem em seu campo visual: cartazes, um conversível charmoso, o toque do celular. Como o
seu cérebro se concentra na tarefa que está realizando? Para responder a essa pergunta,
neurocientistas em geral estudam o modo como o cérebro reforça sua resposta para o que você
está procurando, condicionando-se com um impulso elétrico especialmente forte quando vê o que
procura. Outro “truque” neurológico pode ser igualmente importante: segundo um estudo
divulgado pelo periódico científico Journal of Neuroscience, o cérebro enfraquece sua reação,
deliberadamente, perante tudo o mais, de modo que, comparativamente, o alvo de interesse
ganhe destaque. E o mais curioso: fazemos isso sem sequer perceber.
Os neurocientistas cognitivos John Gaspar e John McDonald, ambos pesquisadores da
Universidade Simon Fraser, na Colúmbia Britânica, Canadá, chegaram a essa conclusão depois
de pedirem a 48 universitários que fizessem testes de atenção em um computador. Os
voluntários deveriam identificar rapidamente um círculo amarelo isolado em meio a um conjunto
de círculos verdes sem serem distraídos por um círculo vermelho ainda mais chamativo. Durante
todo esse tempo, os pesquisadores monitoraram a atividade elétrica no cérebro dos estudantes
por meio de uma rede de eletrodos conectados a seu couro cabeludo. Como primeira evidência
direta desse processo neural em ação, os padrões registrados revelaram que o cérebro dos
participantes do experimento consistentemente suprimia reações a todos os círculos, exceto
quando se referia àquelas formas geométricas que estavam procurando. “Neurocientistas estão
cientes da supressão há algum tempo, mas ela não tem sido tão estudada quanto mecanismos
que aumentam a atenção”, salienta McDonald. “A novidade é que, com esse trabalho,
determinamos como é possível evitar distração por meio da supressão”.
O neurocientista acredita que pesquisas desse tipo, algum dia, poderão ajudar os cientistas
a entender o que ocorre no cérebro de pessoas com problemas de atenção, como o transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade (TDA/H). Em um mundo cada vez mais permeado de
distrações, o que é um importante fator para acidentes de trânsito, qualquer insight sobre como o
cérebro concentra atenção deve despertar também a nossa.
A temática principal do texto se insere, primordialmente, no âmbito