SóProvas


ID
2112754
Banca
FUNCAB
Órgão
IF-AM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

     São os meios de comunicação, em especial a televisão, que divulgam, em escala mundial, informações (fragmentadas) hoje tomadas como conhecimento, construindo, desse modo, o mundo que conhecemos. Trata-se, na verdade, de processo metonímico – a parte escolhida para ser divulgada, para ser conhecida, vale pelo todo. É como se “o mundo todo” fosse constituído apenas por aqueles fatos/notícias que chegam até nós.

    Informação, porém, não é conhecimento, podendo até ser um passo importante. O conhecimento implica crítica. Ele se baseia na inter-relação e não na fragmentação. Todos temos observado que essa troca do conhecimento pela informação tem resultado na diminuição da criticidade.

    O conhecimento é um processo que prevê a condição de reelaborar o que vem como um “dado”, possibilitando que não sejamos meros reprodutores; inclui a capacidade de elaborações novas, permitindo reconhecer, trazer à superfície o que ainda é virtual, o que, na sociedade, está ainda mal desenhado, com contornos borrados. Para tanto, o conhecimento prevê a construção de uma visão que totalize os fatos, inter-relacionando todas as esferas da sociedade, percebendo que o que está acontecendo em cada uma delas é resultado da dinâmica que faz com que todas interajam, de acordo com as possibilidades daquela formação social, naquele momento histórico; permite perceber, enfim, que os diversos fenômenos da vida social estabelecem suas relações tendo como referência a sociedade como um todo. Para tanto, podemos perceber, as informações – fragmentadas – não são suficientes.

    Os meios de comunicação, sobretudo a televisão, ao produzirem essas informações, transformam em verdadeiros espetáculos os acontecimentos selecionados para se tornar notícias. Já na década de 1960, Guy Debord percebia “na vida contemporânea uma ‘sociedade de espetáculo’, em que a forma mais desenvolvida de mercadoria era antes a imagem que o produto material concreto”, e que “na segunda metade do século XX, a imagem substituiria a estrada de ferro e o automóvel como força motriz da economia”.

    Por sua condição de “espetáculo”, parece que o mais importante na informação passa a ser aquilo que ela tem de atração, de entretenimento. Não podemos nos esquecer, porém, de que as coisas se passam desse modo exatamente para que o conhecimento – e, portanto, a crítica – da realidade fique bastante embaçada ou simplesmente não se dê.

    O conhecimento continua a ser condição indispensável para a crítica. A informação, que parece ocupar o lugar desse conhecimento, tornou-se, ela própria, a base para a reprodução do sistema, uma mercadoria a mais em circulação nessa totalidade.

    A confusão entre conhecimento e informação, entre totalidade e fragmentação, leva à concepção de que a informação veiculada pelos meios é suficiente para a formação do cidadão, de que há um pressuposto de interação entre os meios e os cidadãos e de que todas as vozes circulam igualmente na sociedade.

    É a chamada posição liberal, a qual parece esquecer-se de que ideias, para circular, precisam de instrumentos, de suportes – rádio, televisão, jornal etc. – que custam caro e que, por isso, estão nas mãos daqueles que detêm o capital. [...]

BACCEGA. Maria Aparecida. In: A TV aos 50 – Criticando a televisão brasileira no seu cinquentenário. São Paulo: PerseuAbramo, 2000, p. 106-7.

Entre os processos metonímicos exemplificados a seguir, aquele de que a cronista se vale em sua argumentação (§ 1) é:

Alternativas
Comentários
  • O uso metonímico de alguma palavra ou expressão é manifestado quando se toma:

    a) o autor pela obra: “Trabalhava ao piano, não só Chopin como ainda os estudos de Czerny.” (Murilo Mendes) ( Chopin representa uma partitura musical de sua autoria)

    b) a parte pelo todo: Comprei duzentas cabeças de gado. (a cabeça se refere ao animal como um todo)

    c) o continente pelo conteúdo: O menino é bom de prato.

    d) A marca pelo produto: Para deixar esta panela brilhando vou precisar de Bombril.

    Gabarito Letra A. Porém, na minha opinião, a B também está correta.

  • Para mim a resposta é passiva de recurso.

    A letra B também está correta. 

    O autor pela obra.

    Vive lendo as obras de Machado de Assis

  • TIPOS DE METONÍMIA

    1 - Autor pela obra: 

    Gosto de ler Machado de Assis(= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) 

    2 - Inventor pelo invento: 

    Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadasiluminam o mundo.)

    3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: 

    Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.)

    4 - Lugar pelo produto do lugar: 

    Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.)

    5 - Efeito pela causa: 

    Sócrates bebeu a  morte. (= Sócrates tomou veneno.)

    6 - Causa pelo efeito: 

    Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.)

    7 - Continente pelo conteúdo: 

    Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)

    8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: 

    Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores.)

    ****** 9 - Parte pelo todo: ( O TEXTO DISCORRE SOBRE ESSE TIPO DE METONÍMIA)

    Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente.)

    10 - Gênero pela espécie: 

    Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)

    11 - Singular pelo plural: 

    mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.)

    12 - Marca pelo produto: 

    Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.)

    13 - Espécie pelo indivíduo: 

    homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.)

    14 - Símbolo pela coisa simbolizada: 

    balança penderá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado.)