Freud ([1913] 1996) relatou ter o hábito de fazer um “tratamento de ensaio”, no início do atendimento do paciente, antes da análise propriamente dita, para evitar a sua interrupção após certo tempo, ligada à transferência. O primeiro objetivo seria ligar o paciente ao tratamento e à pessoa do analista, e estabelecer o diagnóstico, em particular, a diferença entre neurose e psicose.
Lacan ([1955-1956] 1998) chamou de “entrevistas preliminares” esse limiar, essa porta de entrada para a análise propriamente dita, um tempo de trabalho prévio antes de adentrar o discurso analítico. Esse preâmbulo é considerado por Lacan uma condição absoluta, não havendo entrada em análise sem as entrevistas preliminares (QUINET, 1991).
Segundo Freud ([1913] 1996) esse ensaio preliminar é, ele próprio, o início de uma análise e deve se conformar às suas regras, especialmente a associação livre, e não se explica nada mais do que o absolutamente necessário para que ele continue no que está dizendo. Há razões diagnósticas para que isso seja feito, pois esse é o momento em que a questão da estrutura está em jogo. Esse tempo de diagnóstico faz com que seja possível distinguir as entrevistas preliminares da análise propriamente dita.
A associação livre mantém a identificação das entrevistas preliminares com a análise em um contínuo, e geralmente, se não houver contraindicação, o paciente passa para o divã.
As entrevistas preliminares podem ser divididas em dois tempos: o tempo de compreender e o momento de concluir, a partir do qual o analista decidirá se irá acatar ou não aquela demanda de análise.
Referência: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-73952016000100003