Meu engraxate
É por causa do meu engraxate que ando agora em plena
desolação. Meu engraxate me deixou.
Passei duas vezes pela porta onde ele trabalhava e nada.
Então me (1) inquietei, não sei que (2) doenças mortíferas,
que (3) mudança pra outras portas se passaram em mim,
resolvi perguntar ao menino que (4) trabalhava na outra
cadeira. O menino é um retalho de hungarês, cara de infeliz,
não dá simpatia alguma. E tímido, o que torna instintivamente
a gente muito combinado com o universo no propósito de
desgraçar esses desgraçados de nascença. “Está vendendo
bilhete de loteria”, respondeu antipático, me (5) deixando numa
perplexidade penosíssima: pronto! Estava sem engraxate! Os
olhos do menino chispeavam ávidos, porque sou um dos que
ficam fregueses e dão gorjeta. Levei seguramente um minuto
pra definir que tinha de continuar engraxando sapatos toda a
vida minha e ali estava um menino que, a gente ensinando,
podia ficar engraxate bom.
(ANDRADE, Mário de. Os Filhos da Candinha. São Paulo, Martins,
1963. P. 167)
Quanto ao emprego das palavras que e me, destacadas
no texto, identifique com V a(s) afirmativa(s)
verdadeira(s) e com F, a(s) falsa(s):
( ) Nas três ocorrências, a palavra que (2), (3) e (4) tem a
mesma função sintática.
( ) Nas duas ocorrências, a palavra me (1) e (5) refere-se
ao narrador.
( ) A palavra que (4) pode ser classificada como pronome
relativo.
( ) A palavra que (2) estabelece a coesão textual,
retomando “doenças mortíferas”.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência
correta de cima para baixo.