SóProvas


ID
2141959
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Guarulhos - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto “Infância na praia”, de Danuza Leão, para responder à questão.


    Não se pode dar corda à memória: a gente começa brincando, mas ela não faz cerimônia e vai invadindo nossas mentes e nossos corações. Para mim são, ainda e sempre, as recordações da infância na praia muito mais fortes do que eu podia imaginar.

      No terreno das brincadeiras, a mais comum era o caldo: quem não se lembra do terror de levar um? Também se brincava de jogar areia nos outros, aos gritos, para horror dos adultos, e a pior de todas: se deixar ser enterrada ficando só com a cabeça de fora, e todo mundo fingir que ia embora, só de maldade, deixando você sozinha e esquecida.

      No terreno mais leve, a grande proeza era mergulhar e passar por baixo das pernas abertas da prima, lembra? Aliás, essa é uma raça em extinção: as primas. Elas eram muitas, e a convivência, intensa. Hoje, nas cidades grandes, existem poucas tias e pouquíssimas primas.

    As crianças catavam conchas para colar, e era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho, sem quebrar a concha, para passar o barbante. As cor-de-rosa eram as mais lindas, e, quando se encontrava um búzio, era uma verdadeira festa. As conchas acabaram; onde terão ido parar?

    No final da tarde, a praia já sem sol, voltavam os barcos de pesca: as pessoas ficavam em volta comprando o peixe nosso de cada dia, que seria feito naquela mesma noite. Naquele tempo não havia nem alface nem tomate nem molho de maracujá, e para dar uma corzinha na comida se usava colorau – já ouviu falar?

    Camarão só às vezes, mas, em compensação, havia cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa. Os peixes eram vendidos por lote, não custavam quase nada, e o que sobrava era distribuído ali mesmo. Mas os fregueses eram honestos, e ninguém deixava de comprar para levar algum de graça, no final das transações.

    Às vezes corria um boato assustador: de que o mar estava cheio de águas-vivas, o que era um acontecimento. Água-viva é uma rodela gelatinosa que, segundo diziam, se encostasse no corpo, queimava como fogo. Ia todo mundo para a beira da água tentando ver alguma, mas ninguém entrava no mar, de medo. No dia seguinte, a areia estava cheia delas, e com uma varinha a gente ficava mexendo, sempre com muito cuidado: afinal, era uma gelatina, mas viva – uma coisa mesmo muito estranha.

    Para evitar queimaduras, se usava óleo Dagele, e se alguém dissesse que anos depois uma massagem de algas, daquelas mesmas algas verdes e marrons com as quais a gente dançava dentro da água, não custaria menos de US$ 100 em Nova York ou Paris, ninguém acreditaria.

    Naquele tempo não havia refrigerantes, não se tomava água gelada, e as crianças rezavam uma ave-maria antes de dormir, sendo que algumas ajoelhadas.

    Não havia abajur nas mesas de cabeceira e na hora de dormir se apagava a luz do teto, com sono ou sem sono, e ficávamos com os pensamentos voando, esperando o sono chegar.

    E ninguém se queixava de nada, até porque não havia do que se queixar, porque era assim e pronto.

(Folha de S.Paulo, 17.04.2005. Adaptado)

Pela leitura do texto, é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • Não podia reclamar de nada ,porque era Sim pronto
  • Gabarito: C.

     

    Fundamento:

     

     a) as crianças reclamavam se os pais não comprassem camarão e refrigerantes para as refeições, pois queriam experimentar de tudo durante as férias. incorreto: "Camarão só às vezes, mas, em compensação, havia cações com a carne rija(...) // Naquele tempo não havia refrigerantes, não se tomava água gelada, e as crianças rezavam uma ave-maria antes de dormir, sendo que algumas ajoelhadas."

     

     b) os pescadores, durante o verão, aumentavam o preço dos peixes, que vendiam em lotes para os fregueses de temporadaincorreto: "Os peixes eram vendidos por lote, não custavam quase nada, e o que sobrava era distribuído ali mesmo. Mas os fregueses eram honestos, e ninguém deixava de comprar para levar algum de graça, no final das transações."

     

     c) a autora, sem brinquedos caros ou sofisticados, vivenciou uma infância feliz quando ia à praia com seus primoscorreto: "As crianças catavam conchas para colar, e era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho, sem quebrar a concha, para passar o barbante. As cor-de-rosa eram as mais lindas, e, quando se encontrava um búzio, era uma verdadeira festa.  // Para mim são, ainda e sempre, as recordações da infância na praia muito mais fortes do que eu podia imaginar. //  No terreno mais leve, a grande proeza era mergulhar e passar por baixo das pernas abertas da prima, lembra? Aliás, essa é uma raça em extinção: as primas."

     

     d) meninos e meninas corriam à praia para ver as águas-vivas e se aproximavam, sem receio, desses seres estranhos.  incorreto: "Água-viva é uma rodela gelatinosa que, segundo diziam, se encostasse no corpo, queimava como fogo. Ia todo mundo para a beira da água tentando ver alguma, mas ninguém entrava no mar, de medo."

     

     e) os pais eram autoritários e não admitiam que as crianças se queixassem de nada, mesmo que elas tivessem bons motivos.  incorreto: "E ninguém se queixava de nada, até porque não havia do que se queixar, porque era assim e pronto."

  • Letra C.-    As crianças catavam conchas para colar, e era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho, sem quebrar a concha. 

     

  • Eu gostaria de saber como que 403 pessoas erraram esta questão.

  • O segredo da questão é: ler o texto e eliminar o que não está na história.
  • A letra "e" tá no padrão Paulo Freire e Maria do Rosário!

  • Esse texto é tão lindo que me fez lembrar da minha infância. Que tempo bom!

  • A autora conta de forma engraçada como foi sua infancia, me parece pelo que ela fala foi uma infancia simples sem muitos briquedos,mas feliz por que mesmo que não os tivesse ela criava." C"

  • Esse texto me remete a minha infância, era tão simples quanto a da autora, portanto eu e as crianças da época éramos felizes demais. Lembro-me quando tomava banho de chuva, fazia barquinhos de papel e soltava-os no canto da guia e ficava os acompanhando todo o percurso do barquinho. Lembro-me quando eu subia nas árvores para pegar frutos...ah qua saudade daquele chão de barro, ah como eu era feliz e não sabia!!! Hoje vivo nessa selva de pedras chamada São Paulo, onde busco o verde, os pés de Abacate e não os encontro.

     

  • Gabarito C,saudades do tempo em que coisas simples eram tão importantes...

  • Esses textos "vangloriando o passado" em detrimento do presente / futuro enchem o saco. E são os mais comuns dentre esses autores.

    Que o autor jogue fora seu celular / computador e passe a se comunicar por carta / pombo correio / sinal de fumaça. Já que o passado era tao bom assime o futuro não.

  • O bom do passado é que não é uma fábrica de nervosinhos revoltados que hora e meia aparecem nos comentários reclamando de textos ou questões. Por ser uma época tranquila, as pessoas que vivenciaram são, geralmente, mais calmas e respeitosas.

  • Trata - se de uma memória que atinge muitas pessoas que tiveram uma infância simples e feliz.

     

    Conforme o tempo passa as brincadeiras foram se tornam cada vez mais sofisticadas, com diversas opções de brinquedos tecnológicos.

     

    Nessa tendência, as crianças deram preferência por lojas de departamentos em busca de jogos eletrônicos e de alguns brinquedos mais interativos. E issso às trouxeram a sua relidade de felicidade. que para nós é uma grande ilusão e rapidamente passageira.

     

    Portanto, as crianças de antigamente, conseguiam ser felizes somente pelo fato de brincar na areia da praia.

  • Dá até gosto de ler um texto lindo como este!

  • GABARITO: C de Criança !

     

    Que texto lindo... :D