SóProvas


ID
2141977
Banca
VUNESP
Órgão
Prefeitura de Guarulhos - SP
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o texto “Infância na praia”, de Danuza Leão, para responder à questão.


    Não se pode dar corda à memória: a gente começa brincando, mas ela não faz cerimônia e vai invadindo nossas mentes e nossos corações. Para mim são, ainda e sempre, as recordações da infância na praia muito mais fortes do que eu podia imaginar.

      No terreno das brincadeiras, a mais comum era o caldo: quem não se lembra do terror de levar um? Também se brincava de jogar areia nos outros, aos gritos, para horror dos adultos, e a pior de todas: se deixar ser enterrada ficando só com a cabeça de fora, e todo mundo fingir que ia embora, só de maldade, deixando você sozinha e esquecida.

      No terreno mais leve, a grande proeza era mergulhar e passar por baixo das pernas abertas da prima, lembra? Aliás, essa é uma raça em extinção: as primas. Elas eram muitas, e a convivência, intensa. Hoje, nas cidades grandes, existem poucas tias e pouquíssimas primas.

    As crianças catavam conchas para colar, e era difícil fazer um buraquinho com um prego e um martelinho, sem quebrar a concha, para passar o barbante. As cor-de-rosa eram as mais lindas, e, quando se encontrava um búzio, era uma verdadeira festa. As conchas acabaram; onde terão ido parar?

    No final da tarde, a praia já sem sol, voltavam os barcos de pesca: as pessoas ficavam em volta comprando o peixe nosso de cada dia, que seria feito naquela mesma noite. Naquele tempo não havia nem alface nem tomate nem molho de maracujá, e para dar uma corzinha na comida se usava colorau – já ouviu falar?

    Camarão só às vezes, mas, em compensação, havia cações com a carne rija, que davam uma moqueca muito boa. Os peixes eram vendidos por lote, não custavam quase nada, e o que sobrava era distribuído ali mesmo. Mas os fregueses eram honestos, e ninguém deixava de comprar para levar algum de graça, no final das transações.

    Às vezes corria um boato assustador: de que o mar estava cheio de águas-vivas, o que era um acontecimento. Água-viva é uma rodela gelatinosa que, segundo diziam, se encostasse no corpo, queimava como fogo. Ia todo mundo para a beira da água tentando ver alguma, mas ninguém entrava no mar, de medo. No dia seguinte, a areia estava cheia delas, e com uma varinha a gente ficava mexendo, sempre com muito cuidado: afinal, era uma gelatina, mas viva – uma coisa mesmo muito estranha.

    Para evitar queimaduras, se usava óleo Dagele, e se alguém dissesse que anos depois uma massagem de algas, daquelas mesmas algas verdes e marrons com as quais a gente dançava dentro da água, não custaria menos de US$ 100 em Nova York ou Paris, ninguém acreditaria.

    Naquele tempo não havia refrigerantes, não se tomava água gelada, e as crianças rezavam uma ave-maria antes de dormir, sendo que algumas ajoelhadas.

    Não havia abajur nas mesas de cabeceira e na hora de dormir se apagava a luz do teto, com sono ou sem sono, e ficávamos com os pensamentos voando, esperando o sono chegar.

    E ninguém se queixava de nada, até porque não havia do que se queixar, porque era assim e pronto.

(Folha de S.Paulo, 17.04.2005. Adaptado)

O trecho do texto que traz expressão em sentido figurado está na alternativa:

Alternativas
Comentários
  • Na última alternativa temos o emprego figurado do verbo ''voando'', uma vez que os pensamentos são incapazes de voar, bater asas, alçar voo. 

     

    Gabarito E

  • Não vejo erro na letra B.
    "Mergulhar" encontra-se em sentido figurado.

     

  • Pensamentos "voando", pensamento NÃO VOA. Por isso, sentido conototativo.

  • Concurseiro vitorioso 

    11 de Novembro de 2016, às 19h56

    Não vejo erro na letra B.
    "Mergulhar" encontra-se em sentido figurado.

    Eu

    Não estar não (ele quiz dizer quando ele mergulha de verdade, quando ele e as primas estão dentro do mar)

    GABARITO E

                            

  • A letra B está no sentido literal quando usa-se a palavra "mergulhar". É um brincadeira comum em piscinas, em que uma pessoa fica em pé dentro d'água com as pernas abertas, e vem outra, mergulhando, e passa entre as pernas dela.

  • GABARITO - LETRA E

     

    - Sentido Conotativo: sentido do dicionário.

    - Sentido Denotativo: sentido figurado.

     

    DISCIPLINA, DISCIPLINA, DISCIPLINA.

  • Leonardo Vasconcelos, creio que seja o contrátio:

     

    - Sentido Conotativo: Sentido figurado

    - Sentido Denotativo: Sentido do dicionário

  • A única que está fora do seu sentido literário, é a letra E.

     

    Ora, alguém ja viu pensamento voando pela cidade? ''Ah, estou dando uma passeada'' eueheuhe

     

    Ou seja, pensamento só voa pra nós, concursandos, imaginando nós em um cargo público e bem sucedido, aí pode. 

  • GABARITO: LETRA E

    ACRESCENTANDO:

    DENOTAÇÃO:

    Quando a linguagem está no sentido denotativo, significa que ela está sendo utilizada em seu sentido literal, ou seja, o sentido que carrega o significado básico das palavras, expressões e enunciados de uma língua. Em outras palavras, o sentido denotativo é o sentido realdicionarizado das palavras.

    De maneira geral, o sentido denotativo é utilizado na produção de textos que tenham função referencial

    CONOTAÇÃO:

    Quando a linguagem está no sentido conotativo, significa que ela está sendo utilizada em seu sentido figurado, ou seja, aquele cujas palavras, expressões ou enunciados ganham um novo significado em situações e contextos particulares de uso.

    De maneira geral, é possível encontrarmos o uso da linguagem conotativa nos gêneros discursivos textuais primários, ou seja, nos diálogos informais do cotidiano.

    FONTE: https://portugues.uol.com.br/redacao/denotacao-conotacao.html