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ID
2211418
Banca
FCC
Órgão
SEGEP-MA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      A tragédia vinha sendo anunciada: desde o começo do ano, Nabiré parecia cansada. Portadora de um cisto no ovário, carregava seu corpo de 31 anos e 2 toneladas com mais dificuldade. Ainda assim, atravessou aquele 27 de julho em relativa normalidade. Comeu feno, caminhou na areia, rolou na poça de lama para proteger-se do sol. Ao fim da tarde, recolheu-se aos seus aposentos – uma área fechada no zoológico Dvůr Králové, na República Tcheca. Deitou-se, dormiu – e nunca mais acordou. No dia seguinte, o diretor da instituição descreveria a perda como “terrível”, definindo-a como “um símbolo do declínio catastrófico dos rinocerontes devido à ganância humana”.

      Nabiré representava 20% dos rinocerontes-brancos-do-norte ainda vivos. A espécie está extinta na natureza. Dos quatro remanescentes, três vivem numa reserva ecológica no Quênia, protegidos por homens armados. O restante – uma fêmea chamada Nola – mora num zoológico nos Estados Unidos. São todos idosos e, até que se prove o contrário, inférteis.

      Surgido como um adorno que conferia sucesso reprodutivo ao portador (como a juba, no caso do leão), o chifre acabaria por selar o destino trágico do paquiderme. Passou a ser usado para tratar diversas doenças na medicina oriental. De nada valeram inúmeros estudos científicos mostrando a inocuidade da substância. O chifre virou artigo valiosíssimo no mercado negro da caça.

      Segundo estimativas, no começo do século XX a ordem dos rinocerontes era representada por um plantel de meio milhão de animais. Hoje restam apenas 29 mil, divididos em cinco espécies. A que está em estado mais crítico é a subespécie branca-do-norte.

      O rinoceronte-branco-do-norte era endêmico do Congo – país que ainda sofre os efeitos de uma guerra civil iniciada em 1996 que já deixou um saldo de ao menos 5 milhões de pessoas mortas. Diante desse quadro, não houve quem zelasse pelo animal.

      Nabiré foi um dos quatro rinocerontes-brancos-do-norte nascidos em cativeiro, no próprio zoológico. Após o nascimento de Fatu, no mesmo zoológico, quinze anos mais tarde, nenhuma outra fêmea de rinoceronte-branco-do-norte conseguiu engravidar. Por isso, em 2009, os quatro rinocerontes-brancos-do-norte que faziam companhia a Nabiré foram levados para um reserva no Quênia. Como nem a inseminação artificial tivesse funcionado, havia a esperança última de que um habitat selvagem pudesse surtir algum efeito. Porém, não houve resultado.

      Nabiré não viajou com o grupo por ser portadora de uma doença: nasceu com ovário policístico, o que a tornava infértil. “Foi a rinoceronte mais doce que tivemos no zoológico”, disse o diretor de projetos internacionais do zoológico. “Nasceu e cresceu aqui. Foi como perder um membro da família.”

      Há uma esperança remota de que a espécie ainda seja preservada por fertilização in vitro. “Nossa única esperança é a tecnologia”, completou o diretor. “Mas é triste atingir um ponto em que a salvação está em um laboratório. Chegamos tarde. A espécie tinha que ter sido protegida na natureza.”

(Adaptado de: KAZ, Roberto. Revista Piauí. Disponível em:   http://revistapiaui.estadao.com.br/materia/eramos-cinco) 

O texto permite afirmar que

Alternativas
Comentários
  • Olá pessoal (GABARITO = LETRA B)

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    LETRA A -  ERRADO.

    O texto não aborda que técnicas de fertilização in vitro causa otimismo entre os cientistas, pois ela é vista, de forma pessimista, como " esperança remota " , o texto também não cita que a técnica causa otimismo entre os cientistas, cita apenas que “Nossa única esperança é a tecnologia”, dito pelo diretor. Extrapolação.

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    LETRA B -  CERTO.

    Dois grandes negócios: medicina e a comercialização do chifre são consideradas como a causa primordial para que os rinocerontes estejam ameaçados de extinção. A seguinte passagem confere legitimidade ao item estar certo: "Passou a ser usado para tratar diversas doenças na medicina oriental. De nada valeram inúmeros estudos científicos mostrando a inocuidade da substância. O chifre virou artigo valiosíssimo no mercado negro da caça".

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    LETRA C -  ERRADO.

    "Como nem a inseminação artificial tivesse funcionado, havia a esperança última de que um habitat selvagem pudesse surtir algum efeito. Porém, não houve resultado". Tal passagem do texto, comprova que foi pensando noutra alternativa a fertilização in vitro , logo, não " prescindem de ações humanas de outra ordem".

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    LETRA D -  ERRADO.

    De fato, o texto coloca que a perda foi triste: “Nasceu e cresceu aqui. Foi como perder um membro da família.” Mas  Nabiré não era uma " subespécie ", ela era uma espécie, notem : "representava 20% dos rinocerontes-brancos-do-norte ainda vivos. A espécie está extinta na natureza". Ademais, o texto aborda que " Nabiré não viajou com o grupo por ser portadora de uma doença: nasceu com ovário policístico, o que a tornava infértil. " Se nasceu infértil, logo, não poderia ser fértil.

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    LETRA E -  ERRADO.

    O rinoceronte-branco-do-norte era endêmico do Congo – país que ainda sofre os efeitos de uma guerra civil iniciada em 1996 que já deixou um saldo de ao menos 5 milhões de pessoas mortas. Diante desse quadro, não houve quem zelasse pelo animal.

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    Fé em Deus, não se renda.

  • Causa primordial ficou muito forçado. Em nenhum momento o texto fala que foi a principal causa e ainda tem a parte "o chifre acabaria por selar o destino trágico do paquiderme" como mais uma dentre as diversas causas. 

     

  • Letra (b)

     

    b) a ânsia por ganhos exorbitantes a partir do comércio de uma parte do animal é tida como a causa primordial para que os rinocerontes estejam ameaçados de extinção.

     

    (...) uma área fechada no zoológico Dvůr Králové, na República Tcheca. Deitou-se, dormiu – e nunca mais acordou. No dia seguinte, o diretor da instituição descreveria a perda como “terrível”, definindo-a como “um símbolo do declínio catastrófico dos rinocerontes devido à ganância humana”.

     

          Nabiré representava 20% dos rinocerontes-brancos-do-norte ainda vivos. A espécie está extinta na natureza. Dos quatro remanescentes, três vivem numa reserva ecológica no Quênia, protegidos por homens armados. O restante – uma fêmea chamada Nola – mora num zoológico nos Estados Unidos. São todos idosos e, até que se prove o contrário, inférteis.

     

    Surgido como um adorno que conferia sucesso reprodutivo ao portador (como a juba, no caso do leão), o chifre acabaria por selar o destino trágico do paquiderme. Passou a ser usado para tratar diversas doenças na medicina oriental. De nada valeram inúmeros estudos científicos mostrando a inocuidade da substância. O chifre virou artigo valiosíssimo no mercado negro da caça.