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ID
2216323
Banca
IBFC
Órgão
EBSERH
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto

                                                        A mentirosa liberdade

    Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma - como se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, de um clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.

    Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), [...] a alegria, de tanta tensão, nos escapa. [...]

    Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? [...] Treze anos e ainda não ficou? [...] Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?

    Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais, curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa correnteza. Ter opiniões próprias, amadurecer ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desinteressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e podemos é um aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem depois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorientada, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito.

(LUFT, Lya. Veja, 25/03/09, adaptado)

A partir de uma leitura atenta do texto, pode-se compreender que o título faz menção a uma ideia de liberdade que:

Alternativas
Comentários
  • (D)

    2° e 3°Parágrafos:


    "Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade, e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propaganda como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), [...] a alegria, de tanta tensão, nos escapa. [...]

        
    Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? [...] Treze anos e ainda não ficou? [...] Já precisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto? E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?"

  • Gabarito D

     

    Apenas complementando o colega Ferraz F.

     

    4º parágrafo:  Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo.

    Não temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo de ter feito.

     

    Título:  A mentirosa liberdade.

     

     

    Entendi que a liberdade é mentirosa pois não é da nossa vontade e sim do que os outros pensam ou falam. Então ela é motivada por valores morais e individuais.

     

     

    Se estiver que equivocada, por favor, corrijam-me.

     

  • Poxa pessoal, eu sei que não adianta chorar o leite derramado. Mas no primeiro parágrafo é dito: "MITOS E MENTIRAS QUE NOSSA CULTURA EXPÔE...PARA QUE A GENTE ENFIE ESSE MATERIAL NA CABEÇA..."

    O texto está afirmando que a nossa cultura cria essa mentira. Para mim, ficou a dúvida que poderia ser a Letra E....

  • Além disso, a questão 4 confirma que o terceiro parágrafo são as cobranças impostas pela sociedade. Logo, não seria motivada por valores individuais...

  • Vão aprender a ler e a interpretar, porraaaaaa!!!

     

    O autor critica a liberdade imposta pela cultara da sociedade.

     

    medo de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, de um clube mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.

     

    Resposta é a letra "E"

     

     Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma - como se fosse algodão-doce colorido.

  • Oi, gente, boa tarde!

    Escrevo apenas para concordar com uma colega - desculpe, não me lembro de seu nome... - que disse (li seu comentário há alguns dias, resolvendo prova de português dessa banca) que o IBFC nos traz textos muito interessantes. Verdade! Esse, sobre "padrões culturais"; ontem, li um sobre o "silêncio tagarela" (ou algo assim); charges bem "moderninhas". Muito legal! 

    Abraço, Natália.

  • Deu letra "E" a resposta correta. Então, por favor, quem não puder ou quiser ajudar, NÃO ATRAPALHE!

     

  • Eu acho que se estamos aqui é para aprender com os erros, melhorando a cada dia e não exigir dos outros que vão aprender a interpretar. Os erros e as evoluções fazem parte do processo de aprendizagem!!! É saudável e o que pode parecer fácil e simples para alguns, pode não ser tão fácil e tão simples para outros!!!!!

  • Belo texto!