SóProvas


ID
221668
Banca
CESGRANRIO
Órgão
BNDES
Ano
2009
Provas
Disciplina
Economia
Assuntos

Qual a política cambial adotada em 1994, logo após a introdução da nova moeda, o Real?

Alternativas
Comentários
  • Resposta correta: LETRA A

    O Plano Real pode ser dividido em 3 fases:

    (i) Ajuste fiscal
    (ii) Indexação completa da economia - por meio da URV
    (iii) Introdução da nova moeda - Real (R$).

    Com a introdução da nova moeda (Real), segundo Gremaud, Vaconcellos e Toneto Jr. (2007):

    "Em vez de continuar a acumular reservas, o que pressionaria a expansão monetária, o Banco Central deixou o câmbio flutuar, o que provocou uma produnda valorização da taxa de câmbio".



    Deus seja louvado!
  • A questão da como certa a letra "A" câmbio flutuante. Mas não seria taxa de câmbio fixa, que foi mantida assim artificialmente até 1999, quando foi adotado  câmbio flutuante em meio a crise cambial?
  • Oi Abigail,

    de fato, tal como está na questão, o período LOGO APÓS a introdução da nova moeda é de taxa flutuante do câmbio.

    Veja bem, o plano real tem 3 fases, certo?

    na segunda fase, de indexação  completa da economia através da URV, foi mantida uma relação fixa com o dólar.

    Nos dizeres de Gremaud (2007):

    "O governo criou um novo indexador, a Unidade Real de Valor (URV), cujo valor em cruzeiros reais seria corrigido diariamente pela taxa de inflação (...) O valor da URV, nessa fase, manteria uma paridade fixa de um para um com o dólar, ou seja, seu valor seria a própria taxa de câmbio". (p. 474)

    Porém, com a introdução da nova moeda,


    o governo deixou a taxa de câmbio flutuar, já que a economia experimentava um contexto de fluxo positivo de capital externo para o Brasil, o que fez a moeda se valorizar até mais do que a relação 1:1, ou seja, o real valia mais do que o dólar. É possível acompanhar a cotação mensal através do portal brasil, veja como era em julho/94.. http://www.portalbrasil.net/indices_dolar94_07.htm

    se olhar no mês anterior, perceberá que a relação era inversa, 1 dólar para ~2,7 reais.

    Ocorre que nos livros sempre se fala que na crise cambial de 99, o governo deixou o câmbio flutuar. Isso nos induz a pensar que o câmbio era fixo.
    Na verdade, após a breve fase de flutuação do câmbio na introdução da nova moeda, mais precisamente, entre agosto de 95 e dezembro de 98, o governo adotou o regime de bandas cambiais. Essa era a âncora cambial do governo.

    Confirmando com as palavras de Gremaud (2007):

    "estipulou-se uma pequena margem dentro da qual o dólar poderia flutuar - R$ 0,84 à R$ 0,86" (p.483).

    Em seguida,

    "promoveu-se uma tímida desvalorização de 6% da taxa de câmbio e alterou-se a política cambial, com o alargamento das bandas de flutuações, projetando-se uma desvalorização nominal de taxa de câmbio na faixa de 7% a. a." (p. 484)

    Espero ter ajudado.



    Deus seja louvado!



  • o câmbio flutuante de 94 tinha um teto de 1 real por dólar, que não podia ser excedido (podia variar só pra baixo).. mas ainda sim era flutuante (resta acatar essa definição com boa vontade, apesar de não fazer sentido)

    o câmbio flutuante "flutuante" mesmo foi em 99
  • "Segundo Franco (1995), a partir de julho de 1994 a taxa de câmbio brasileira foi flexibilizada para baixo, ou seja, ela possuía um limite superior, mas não inferior. Detalhando a política cambial, foi estabelecido que um dólar norte-americano valeria um Real. Efetivamente as autoridades monetárias se retiraram do mercado - porém, não inteiramente -, permitindo que houvesse uma apreciação do Real em relação à paridade previamente estabelecida. Dessa maneira, pode-se afirmar que no início do Plano Real vigorou uma taxa de câmbio flutuante para baixo (o limite superior seria mantido), como enfatizam Guerra Júnior (1996), Silva e Andrade (1996), Silva e Torrance (1998) e Andrade, Silva e Carneiro (2000). A política de constantes minidesvalorizações cambiais pode ser relacionada, de acordo com a literatura sobre taxas de câmbio, com a chamada política de crawling peg. A nova política cambial, basicamente a construção de um limite superior para a taxa câmbio, e os cenários externo e interno favoráveis conduziram à apreciação da taxa de câmbio e, dessa forma, à construção da âncora cambial, o principal ingrediente do Plano Real." (FONTE: tese de doutorado de FERNANDO ANTÔNIO RIBEIRO SOARES, UNB)

    (NOTA: CRAWLING PEG => "... traduzido ao pé da letra seria algo como uma “ligação rastejante”(com o dólar). Aqui no Brasil a nomenclatura era “regime de mini-desvalorizações”. Na verdade, era uma jabuticaba: não era fixo nem flutuante, mas “fixo-móvel”, ou “indexado”, ou seja, um regime mestiço nascido numa região de clima meio diferente, filho de teorias do hemisfério norte e circunstâncias do hemisfério sul. A mestiçagem era o retrato do pragmatismo brasileiro, do nosso jeitinho, muito bem sucedido neste caso.Gustavo H. B. Franco).
  • "O regime bandas cambiais foi adotado por certo período no Plano Real (até janeiro de 1999). Nele admiti-se flutuação dentro de limites fixados pelo Banco Central. Enquadra-se dentro das regras do câmbio fixo, porque permanece a obrigação do Banco Central de disponibilizar reservas para atender ao mercado, se necessário". 

    Marco Antônio Vasconcellos - Economia Micro e Macro.