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ID
2224798
Banca
CRF-TO
Órgão
CRF-TO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto II

                             De fracassos e de acertos

      Há uns poucos anos, escrevi o poema “Outra vez, janeiro”, cujos primeiros versos são assim: janeiro chegou manhoso./Novamente, estendeu-me a mão/corajoso/mesmo a olhar/trás e adiante/certezas incertas/incertezas certas.(...) O mês de janeiro do ano de 2014 chegou nada manhoso. Aliás, sem denguices e bastante descontrolado, prossegue despejando sobre o mundo água, neve, calor, frio, tudo em demasia e de modo insensato, causando graves problemas que põem à prova até a fé de muitos homens de boa vontade.

      (...) Este primeiro mês do calendário de 2014 já faz o mundo pressentir muitas “certezas incertas e incertezas certas”, que fatalmente irão surgir no passar do ano. Nós, brasileiros, temos fortes indícios de que estremecimentos maiores virão por aí, pela inflação que ganha impulso, pelos setores públicos da educação e saúde cada vez mais deixando a desejar, pelo agravamento da violência urbana que atinge assustador nível de crueldade, pela espera bastante temerosa de dois grandes acontecimentos que o Brasil tem pela frente: a Copa do Mundo e as Eleições Governamentais.

      Eu sei que muitos dos problemas acima não são de agora e que, apenas passando de um ano para outro, eles jamais serão resolvidos. (...) Já passados o Natal e o réveillon, a vida prossegue com seu jogo nada estável, no qual até o menor dos atos jamais descarta as duas possibilidades que os sustêm: o sucesso ou o fracasso. Especialmente a este respeito, o físico e escritor Marcelo Gleiser publicou em 22/12/2013, jornal Folha de São Paulo, um belíssimo artigo intitulado “Homenagem ao fracasso”, no qual enfatiza a importância das muitas e necessárias repetições, esforço às vezes desmedido, para que pouco a pouco, desses fracassos aconteçam indispensá- veis acertos para a história dos homens.

                                     (CAMPOS,Heloísa Helena de, Diário da Manhã,22/01/2014)

Julgue as afirmações abaixo com base nos recursos lingüísticos utilizados na construção do texto em análise:

I Na expressão “certezas incertas/incertezas certas” há um recurso estilístico conhecido como antítese.

II No trecho “...janeiro de 2014 chegou nada manhoso. Sem denguices e bastante descontrolado, prossegue despejando sobre o mundo água, neve, calor, frio, tudo em demasia e de modo insensato...” há uma prosopopéia ou personificação.

III “...causando graves problemas que põem à prova até a fé dos homens de boa vontade”.O vocábulo “até” destaca o elemento menos importante desse trecho.

IV O texto de Heloísa Helena é um artigo de opinião. O emprego da primeira pessoa do singular expresso em expressões como “escrevi”, “Eu sei que”, é característica do registro coloquial e inadequado para esse gênero textual.

Está correto o que se afirma em:

Alternativas
Comentários
  • Não concordo com o trecho I, visto que ANTÍTESE se refere a palavras opostas mas com sentidos LÓGICOS, que faz sentido. ex.: Enquanto o rapaz se deitava para dormir, a menina se levantava para estudar. ---> deitar e levantar, sentidos opostos e lógicos. 

     

    O caso em tela se refere a um PARADOXO, que são sentidos opostos e NÃO LÓGICOS. ex.: Estou sentindo uma dor intensa no peito que não dói. ---> dor que não dói, sentidos opostos mas sem lógica alguma, como no techo I.

     

    Onde ja se viu “certezas incertas/incertezas certas”  ? Isso não faz nenhum sentido...

  • Concordo Débora. O item I apresenta paradoxos. Essa questão deveria ser revista.