SóProvas


ID
2229184
Banca
Colégio Pedro II
Órgão
Colégio Pedro II
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Com Licença Poética

                            Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,

desses que tocam trombeta, anunciou:

vai carregar bandeira

Cargo muito pesado pra mulher,

esta espécie ainda envergonhada.

Aceito os subterfúgios que me cabem,

sem precisar mentir.

Não sou tão feia que não possa casar,

acho o Rio de Janeiro uma beleza e

ora sim, ora não, creio em parto sem dor.

Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.

Inauguro linhagens, fundo reinos

- dor não é amargura.

 Minha tristeza não tem pedigree,

já a minha vontade de alegria, 

sua raiz vai ao meu mil avô.

Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.

Mulher é desdobrável. Eu sou.

PRADO, Adélia. Reunião de poesia. 3ª ed. Rio de Janeiro: BestBolso, 2014. p. 19.

A voz, no poema de Adélia Prado, é feminina e expressa a necessidade de se recriar sua própria identidade.
O verso que apresenta o estado transitório dessa identidade em processo de reconstrução é

Alternativas
Comentários
  • letra C correta

    °?

  • Ainda... será um estado transitório? 

  • Não concordo com o gabarito. Fiquei em dúvida entre a A e B, mas gabarito C não dá para entender. 

    Acho que poderia ser a alternativa A, pois a palavra desbobrável nos dá a ideia de algo que se molda, muda, passível de reconstrução. A letra B também transmite essa ideia de reconstrução através das palavras inaugura e funda.

     

     

  • Eu tnha entendido que desdobrável, da letra "a" dava a ideia de transitoriedade. Errado. Uma coisa desdobrável atende a apenas uma situação, uma dimensão menor do que a reconstrução da identidade. A alternativa "c" é perfeita para identificar o processo que identifica a mudança da posição da mulher na sociedade, da envergonhada para a empoderada. kkk

  • coloquei a letra B - inauguro linhagens, fundo reinos.....

  • GABARITO C

     

    Ainda não estudo como deveria -> estou em um Processo de evolução nos meus estudos.

    (Este foi o meu raciocínio, não baseado em qualquer literatura, texto ou internet)

     

  • “Nos versos 4 e 5, o desvio requisitado pela licença poética se radicaliza. ..no poema de Adélia os fragmentos todos integram-se na busca de uma identidade, o que termina por garantir ao eu-lírico uma espécie de unidade.

    Nestes versos, há duas palavras fundamentais: “mulher” e “espécie”. A primeira define o sujeito lírico, marcando sua vez pelo sexo, opondo-o à outra metade da humanidade, a parcela masculina do mundo. A palavra “espécie” retoma as idéias de gênero e de pesquisa de uma identidade. O traço semântico ligado à Biologia é evidente: há uma classificação que, em última análise, pressupõe a dicotomia elementar natural: a divisão dos corpos sexualizados em macho e fêmea...

    O “ainda envergonhada” situa historicamente tanto o sujeito que fala como o objeto de que ele fala, masca um estado transitório desta identidade que se (re)constrói. A voz, no poema, é feminina e está em busca de sua identidade, pesquisa, quer saber, desafia o discurso “oficial” que lhe faz fundo e contraste, o discurso masculino. O termo “ainda” faz clara alusão ao tempo, marca-se pela transitoriedade e pre (a)nuncia um tempo outro, onde a vergonha será ultrapassada ...”

     

    Adélia Prado: A palavra do verso e o verso da palavra – Arnaldo Franco Júnior (Univ.Est.Maringá) - https://periodicos.ufsc.br/index.php/travessia/article/download/17213/15786

  • A letra a dá uma ideia de que a mulher é flexível (desdobrável) e não uma ideia de reconstrução. 

    A letra b, nos passa ideia de início por causa de inaugurar.

    A letra c que nos passa ideia de transitoriedade por causa de "ainda".

  • Essas questões são todas preparatórias para o colégio Pedro ii?

  • S2S2S2S2S2S2S2S2S2S2.