SóProvas


ID
2236378
Banca
INEP
Órgão
ENEM
Ano
2016
Provas
Disciplina
Filosofia
Assuntos

[...] O SERVIDOR — Diziam se filho do rei...

ÉDIPO — Foi ela quem te entregou a criança?

O SERVIDOR — Foi ela, Senhor.

ÉDIPO — Com que intenção?

O SERVIDOR — Para que eu a matasse.

ÉDIPO — Uma mãe! Mulher desgraçada!

O SERVIDOR — Ela tinha medo de um oráculo dos deuses.

ÉDIPO — O que ele anunciava?

O SERVIDOR — Que essa criança um dia mataria seu pai.

ÉDIPO — Mas por que tu a entregaste a este homem?

O SERVIDOR — Tive piedade dela, mestre. Acreditei que ele a levaria ao país de onde vinha. Ele te salvou a vida, mas para os piores males! Se és realmente aquele de quem ele fala, saibas que nasceste marcado pela infelicidade.

ÉDIPO —Oh! Ai de mim! Então no final tudo seria verdade! Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela última vez, já que hoje me revelo o filho de quem não devia nascer, o esposo de quem não devia ser, o assassino de quem não deveria matar!

                                                           SÓFOCLES. Édipo Rei. Porto Alegre: L&PM, 2011. 

O trecho da obra de Sófocles, que expressa o núcleo da tragédia grega, revela o(a)

Alternativas
Comentários
  • A obra de Sófocles (Séc V a.C.) está inserida em um período de transição do pensamento grego que começa a perder a hegemonia mítica como base ontológica de concepção do mundo para dar lugar a outros ordenamentos. Se os filósofos, porém, iniciaram a aventura filosófica ocidental apoiada sobre a razão, a população e a cultura grega ainda eram mitológicas em suas concepções básicas sobre o mundo. Dentre estas concepções, talvez a mais grave e inevitável fosse o inexorável destino, representado pela figura de Moros, o deus da sorte e do destino, do qual nem mesmo os deuses escapavam. Édipo Rei fala de uma profecia ("Que essa criança um dia mataria seu pai") a qual se tenta evitar até mesmo tentando matar a criança, mas todo esforço é inútil e ao fim a profecia se concretiza.
    A letra A joga com uma concepção de justiça que pode confundir devido ao auto-flagelo praticado por Édipo - o mesmo se cega após saber da verdade, que a mulher a quem tomara como esposa após matar o marido, eram seus pais.
    A letra B não faz qualquer sentido, pois aqui não tem relação com qualquer estrutura estatal que pudesse estabelecer um tribunal e julgamento para qualquer crime que fosse.
    A letra C anuncia o núcleo da filosofia grega, da não da tragédia.
    A letra D pode confundir, pois o caráter antropomórfico dos deuses, uma característica da religião grega, se dá por sermos cópia deles e não o contrário.
    A resposta, portanto, é letra E, na qual podemos confirmar que o núcleo da tragédia grega está na "impossibilidade de o homem fugir do destino predeterminado pelos deuses". Édipo está marcado por uma profecia, mataria seu pai e desposaria sua mãe, e nada é capaz de evitar que o destino se cumpra. Ninguém escapa do destino.

    Gabarito: Letra E.

  • GABARITO: E

    Para responder a questão basta ler com bastante atenção a última frase do texto!

    Oh! Ai de mim! Então no final tudo seria verdade! Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela última vez, já que hoje me revelo o filho de quem não devia nascer, o esposo de quem não devia ser, o assassino de quem não deveria matar!

    Nesta frase ele revela a impossibilidade de fugir de destino definino polos deuses"Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela última vez, já que hoje me revelo o filho de quem não devia nascer"

    Resposta: E

    Bons estudos!

  • Linda questão!

  • Letra E

    Na tragédia grega "Édipo Rei", de Sófocles, impera um determinismo muito forte, caracterizado a total impossibilidade dos personagens de mudarem seu destino, os fatos, "acontecimentos" que já estavam traçados. Na tragédia, esse destino é traçado, determinado pelos Deuses.