SóProvas


ID
2252956
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
EBSERH
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                 O que é ética hoje?

            Sem uma discussão lúcida sobre a ética não é possível agir com ética

                                                                                                            Marcia Tiburi

A palavra ética aparece em muitos contextos de nossas vidas. Falamos sobre ética em tom de clamor por salvação. Cheios de esperança, alguns com certa empáfia, exigimos ou reclamamos da falta de ética, mas não sabemos exatamente o que queremos dizer com isso. Há um desejo de ética, mas mesmo em relação a ele não conseguimos avançar com ética. Este é nosso primeiro grande problema.

O que falta na abordagem sobre ética é justamente o que nos levaria a sermos éticos. Falta reflexão, falta pensamento crítico, falta entender “o que é” agir e “como” se deve agir. Com tais perguntas é que a ética inicia. Para que ela inicie é preciso sair da mera indignação moral baseada em emoções passageiras, que tantos acham magnífico expor, e chegar à reflexão ética. Aqueles que expõem suas emoções se mostram como pessoas sensíveis, bondosas, creem-se como antecipadamente éticos porque emotivos. Porém, não basta. As emoções em relação à política, à miséria ou à violência, passam e tudo continua como antes. A passagem das emoções indignadas para a elaboração de uma sensibilidade elaborada que possa sustentar a ação boa e justa - o foco de qualquer ética desde sempre - é o que está em jogo.

Falta, para isso, entendimento. Ou seja, compreensão de um sentido comum na nossa reivindicação pela ética. Falta, para se chegar a isso, que haja diálogo, ou seja, capacidade de expor e de ouvir o que a ética pode ser. Clamamos pela ética, mas não sabemos conversar. E para que haja ética é preciso diálogo. E, por isso, permanecemos num círculo vicioso em que só a inação e a ignorância triunfam.

Na inanição intelectual em voga, esperamos que os cultos, os intelectuais, os professores, os jornalistas, todos os que constroem a opinião pública, tragam respostas. Nem estes podem ajudar muito, pois desconhecem ou evitam a profundidade da questão. Há, neste contexto, quem pense que ser corrupto não exclui a ética. E isso não é opinião de ignorantes que não frequentaram escola alguma, mas de muitos ditos “cultos” e “inteligentes”. Quem hoje se preocupa em entender do que se trata? Quem se preocupa em não cair na contradição entre teoria e prática? Em discutir ética para além dos códigos de ética das profissões pensando-a como princípio que deve reger nossas relações?

Exatamente pela falta de compreensão do seu fundamento, do que significa a ética como elemento estrutural para cada um como pessoa e para a sociedade como um todo, é que perdemos de vista a possibilidade de uma realização da ética. A ética não entra em nossas vidas porque nem bem sabemos o que deveria entrar. Nem sabemos como. Mas quando perguntamos pela ética, em geral, é pelo “como fazemos para sermos éticos” que tudo começa. Aí começa também o erro em relação à ética. Pois ético é o que ultrapassa o mero uso que podemos fazer da própria ética quando se trata de sobreviver. Ética é o que diz respeito ao modo de nos comportamos e decidirmos nosso convívio e o modo como partilhamos valores e a própria liberdade. Ela é o sentido da convivência, mais do que o já tão importante respeito do limite próprio e alheio. Portanto, desde que ela diz respeito à relação entre um “eu” e um “tu”, ela envolve pensar o outro, o seu lugar, sua vida, sua potencialidade, seus direitos, como eu o vejo e como posso defendê-lo.

A Ética permanece, porém, sendo uma palavra vã, que usamos a esmo, sem pensar no conteúdo que ela carrega. Ninguém é ético só porque quer parecer ético. Ninguém é ético porque discorda do que se faz contra a ética. Só é ético aquele que enfrenta o limite da própria ação, da racionalidade que a sustenta e luta pela construção de uma sensibilidade que possa dar sentido à felicidade. Mas esta é mais do que satisfação na vida privada. A felicidade de que se trata é a “felicidade política”, ou seja, a vida justa e boa no universo público. A ética quando surgiu na antiguidade tinha este ideal. A felicidade na vida privada – que hoje também se tornou debate em torno do qual cresce a ignorância - depende disso.

Por isso, antes de mais nada, a urgência que se tornou essencial hoje – e que por isso mesmo, por ser essencial, muitos não percebem – é tratar a ética como um trabalho da lucidez quanto ao que estamos fazendo com nosso presente, mas sobretudo, com o que nele se planta e define o rumo futuro. Para isso é preciso renovar nossa capacidade de diálogo e propor um novo projeto de sociedade no qual o bem de todos esteja realmente em vista.

(http://www.marciatiburi.com.br/textos/somoslivre.htm)

Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • QUEM DIZ RESPEITO,DIZ RESPEITO A ALGO

    RELAÇÃO -->>substantivo feminino que pode ser antecedido pelo artigo “a”.

     

    GABA  C

  • A) Errado, pois "isso" é pronome demonstrativo e os únicos pronomes demonstrativos que aceitam crase são: "aquilo", "aquele" e "aquela".
    B) ???, nada a ver.
    C) Quem diz respeito, diz respeito a algo ou alguém. Então temos preposição. Agora, você fala: "A relação é bonita", ou "relação é bonita"? A primeira maneira correto? Exato, logo "relação" é um substantivo feminino que pede o artigo "a". Os "a's" se contraem e acontece a crase.
    D) Creio que o erro aqui seja a respeito da justificativa da crase.
    E) Antes de verbo não ocorre crase.

  • a- Em “[...] Falta, para se chegar a isso [...]”, poderia haver crase antes da palavra “isso”, uma vez que, pela regência, o verbo “chegar” exige a preposição “a”.  ERRADO - o uso da crase é proibido antes de pronomes demonstrativos. Contudo, poderá haver crase antes dos pronomes demonstrativos aquele (a/s), aquilo, mesma (s), própria (s).

    Fonte - Gramática para concursos públicos do Fernando Pestana.

     

     

  • Crase é a junção de 2A ( um A preposição + um A artigo).

    Os mandamentos da Crase:

    1º Diante de Masculino, crase é pepino!

    2° Diante de ação, crase é marcação!

    3° Palavras repetidas: crase proibida!

    4° Diante de numeral, crase faz mal!

    5º Quando houver hora, crase sem demora!

    6° Palavra determinada, crase liberada!

    7° Vou a, volto dá = crase há / vou a volto de = crase para quê?

    8º "A" no singular, palavra no plural: crase nem a pau!

    9° Palavra indefinida, crase tá fod#d#!

    Fonte: Comentários do QConcursos.

  • GABARITO C

     

     

    Gravem os casos facultativos da CRASE :

     

    - Diante de nomes próprios femininos:

    Entreguei o cartão Paula.
    Entreguei o cartão à Paula.

     

    - Diante de pronome possessivo feminino:

    Cedi o lugar minha avó.
    Cedi o lugar à minha avó.

     

    - Depois da preposição até:

    Fui até a praia.
    Fui até à praia.

     

     

    bons estudos

  • A alternativa B está incorreta pelo fato de que ocorreu na oração o chamado paralelismo sintético, obrigando os termos em sequencia a ter a mesma correspondência no emprego da acentuação.

  • LETRA C

    O uso da crase é facultativo em APENAS 3 casos:

    1.Diante de pronomes possessivos femininos:

    Ex: Sua, tua, nossa.

    2.Diante de nomes próprios femininos:

    Ex: Entreguei o convite à/a Roberta.

    3.Depois da preposição até:

    Ex: Fui até à/a praia.

  • Além dos casos já mencionados, também é facultativo o uso do acento grave:

    Depois da preposição "ATÉ" antecedendo substantivo feminino.

    Ex.: Iremos até as últimas consequências.

    Iremos até às últimas consequências.

  • GABARITO: C

    Basta saber o uso da vírgula FACULTATIVO:

    Macete: ATÉ SUA MARIA

    ATÉ: Depois da palavra até o uso da vírgula é facultativo.Ex. Todos os alunos foram até à escola / Todos os alunos foram até a escola

    SUA: Antes de pronomes possessivos sua, tua e minha, a vírgula é facultativa. Ex: Ele se refere a minha mãe / Ele se refere à minha mãe

    MARIA: Antes do nome de mulheres, vírgula facultativa. Ex: Eu me referí à Joana / Eu me referi a Joana

    Rumoaaprovação

  • [GABARITO: LETRA C]

    ⇉ Há crase:

    ☛ Diante de palavra feminina que venha acompanhada de artigo, desde que o termo regente exija a preposição a:

    ☑ Ex: O juiz pronunciou-se favoravelmente à ré.

    ☛ Na indicação de horas:

    ☑ Ex: Combinamos de nos encontrar às seis horas.

    ☛ Diante de nomes masculinos, apenas nos casos em que é possível subentender-se palavra como moda ou maneira:

    ☑ Ex: Desenvolveu um modo de pintar à Van Gogh. (À maneira de Van Gogh).

                Apresenta programas à Chacrinha. (À moda do Chacrinha).

    ☛ Diante de nomes de lugares que geralmente não admitem artigo, quando apresentarem um elemento que os caracterize ou qualifique:

    ☑ Ex: Vou à famosa Roma.

                Finalmente chegamos à encantadora Ouro Preto.

    ☛ Diante da palavra “casa”, quando determinada:

    ☑ Ex: Você vai comigo à casa deles / dos meus amigos?

    ☛ Diante de “madame”, “senhora” e “senhorita”:

    ☑ Ex: Enviaremos uma carta à senhorita.

    ☛ Diante da palavra “distância” (quando estiver determinada):

    ☑ Ex: O acidente se deu à distância de 100 metros.

    Há crase nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas formadas a partir de palavras femininas, pois, nesses casos, estaremos diante da sequência constituída de preposição + artigo feminino.

     

    Locuções adverbiais: Às vezes, à noite, à tarde, às claras, à meia-noite, às três horas.

    Locuções prepositivas: À frente de, à beira de, à exceção de.

    Locuções conjuntivas: À proporção que, à medida que.

    ⇛Meus resumos dos Livros: Gramática - Ernani & Floriana / Gramática - Texto: Análise e Construção de Sentido.

  • Para responder a esta questão, exige-se conhecimento em crase. Vejamos o conceito:

    Crase é a fusão de A + A, sendo que o primeiro é sempre a preposição, o segundo pode ser artigo definido "a" ou pronome "aquela, aquele, aquilo..."

    Após vermos o conceito, iremos assinalar a assertiva que possui a justificativa do emprego de crase corretamente. Analisemos:

    a) Incorreta.

    Em “[...] Falta, para se chegar a isso [...]”

    Não há crase antes de pronome demonstrativo.

    b) Incorreta.

    Em “[...] emoções em relação à política, à miséria ou à violência[...]”

    Como a primeira palavra teve crase, a outras também devem ter para seguir o paralelismo sintático. Caso as outras palavras fossem masculinas, iriam vir antecedidas por "AO".

    c) Correta.

    Em “[...] ela diz respeito à relação entre um ‘eu’ e um ‘tu’ [...]”

    A palavra "respeito" rege a preposição A e a palavra relação aceita o artigo A, dessa forma, é feita a união entre as vogais identidades (A + A= À).

    d) Incorreta.

    Em “[...] uma sensibilidade que possa dar sentido à felicidade [...]”,

    O uso da crase se justifica pela regência do verbo “DAR”, pois quem dá, dá algo A alguém. É claro que foi preciso ter um substantivo feminino que aceitasse o artigo definido A (A + A= À).

    e) Incorreta.

    Em “[...] o que nos levaria a sermos éticos [...]”

    O verbo "ser" não rege preposição A, pois é um verbo de ligação.

    Gabarito: C