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ID
2269618
Banca
FGV
Órgão
PC-MA
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto

As causas da violência urbana

    Se a violência é urbana, pode-se concluir que uma de suas causas é o próprio espaço urbano? Os especialistas na questão afirmam que sim: nas periferias das cidades, sejam grandes, médias ou pequenas, nas quais a presença do Poder Público é fraca, o crime consegue instalar-se mais facilmente. São os chamados espaços segregados, áreas urbanas em que a infraestrutura urbana de equipamentos e serviços (saneamento básico, sistema viário, energia elétrica e iluminação pública, transporte, lazer, equipamentos culturais, segurança pública e acesso à justiça) é precária ou insuficiente, e há baixa oferta de postos de trabalho.

    Esse e os demais fatores apontados pelos especialistas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda a América Latina, em intensidades diferentes. Não é a pobreza que causa a violência. Se assim fosse, áreas extremamente pobres do Nordeste não apresentariam, como apresentam, índices de violência muito menores do que aqueles verificados em áreas como São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes cidades. E o país estaria completamente desestruturado, caso toda a população de baixa renda ou que está abaixo da linha de pobreza começasse a cometer crimes.

    Outros dois fatores para o crescimento do crime são a impessoalidade das relações nas grandes metrópoles e a desestruturação familiar. Esta última é causa e também efeito. É causa porque sem laços familiares fortes, a probabilidade de uma criança vir a cometer um crime na adolescência é maior. Mas a desestruturação de sua família pode ter sido iniciada pelo assassinato do pai ou da mãe, ou de ambos.

    No entanto, alguns especialistas afirmam que essa causa deve ser vista com cautela. Desestrutura familiar, por exemplo, não quer dizer, necessariamente, ausência de pai ou de mãe; ou modelo familiar alternativo. A desestrutura tem a ver com as condições mínimas de afeto e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em qualquer modelo familiar.

    Também não é o desemprego. Mas o desemprego de ingresso – quando o jovem procura o primeiro emprego, objetivando sua inserção no mercado formal de trabalho, e não obtém sucesso – tem relação direta com o aumento da violência, porque torna o jovem mais vulnerável ao ingresso na criminalidade. Na verdade, o desemprego, ou o subemprego, mexe com a auto-estima do jovem e o faz pensar em outras formas de conseguir espaço na sociedade, de ser, enfim, reconhecido.

    Sem conseguir entrar no mercado de trabalho, recebendo um estímulo forte para o consumo, sem modelos próximos que se contraponham ao que o crime organizado oferece (o apoio, o sentimento de pertencer a um grupo, o poder que uma arma representa, o prestígio) um indivíduo em formação torna-se mais vulnerável.

    O crescimento do tráfico de drogas, por si só, é também fator relevante no aumento de crimes violentos. As taxas de homicídio, por exemplo, são elevadas pelos “acertos de conta”, chacinas e outras disputas entre traficantes rivais.

    E, ainda, outro fator que infla o número de homicídios no Brasil é a disseminação das armas de fogo, principalmente das armas leves. Discussões banais, como brigas familiares, de bar e de trânsito, terminam em assassinato porque há uma arma de fogo envolvida.

(Luís Antonio Francisco de Souza – sociólogo)

“Esse e os demais fatores apontados pelos especialistas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda a América Latina, em intensidades diferentes”. Pode-se inferir desse segmento inicial do segundo parágrafo que

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: E

     

    “Esse e os demais fatores apontados pelos especialistas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda a América Latina, em intensidades diferentes”. 

  • Por que a letra C está errada? Alguém pode me explicar?

  •  b) o pronome demonstrativo “esse” se refere à estruturação do espaço urbano na América Latina (1º paragrafo fala só do Brasil). ERRADA.

  • @Jonas Victor e os demais que marcaram letra "C": O conector "mas", no contexto da frase, possui valor aditivo ao acrescentar uma nova informação ao texto; não sendo, portanto, adversativo, de maneira que não opõe quaisquer termos. Vejamos:

    “Esse e os demais fatores apontados pelos especialistas não são exclusivos do Brasil, mas [TAMBÉM] ocorrem em toda a América Latina, em intensidades diferentes”

    Vale lembrar que a expressão "mas também" funciona como conjunção aditiva; sendo comum a elipse do termo "também", como ocorre acima.

    Fonte: https://www.todamateria.com.br/conjuncoes-coordenativas/

  • GABARITO: E.

  • Erro da C:

    Esse e os demais fatores apontados pelos especialistas não são exclusivos do Brasil, mas ocorrem em toda a América Latina, em intensidades diferentes”.  - o pronome relativo retoma "espaços segregados". Outra demais fatores ainda serão citados no texto.

  • "Esse" foi citado no primeiro parágrafo, mas o "os demais fatores apontados pelos especialistas" não foi citado. Quais foram os fatores que os especialistas citaram? Não diz. Só o que o próprio autor vinham abordando.

  • O seu valor semântico do "mas" é, sem dúvida, de oposição. No entanto, nada impede que, em determinados contextos, o mesma assuma um valor aditivo, tornando-se uma conjunção copulativa*, como é o caso: eu gosto de chocolate, mas você gosta de sorvete. Significa o mesmo que: eu gosto de chocolate e você gosta de sorvete.

    *Conjunção copulativa: as conjunções copulativas servem apenas para ligar palavras e orações: e, nem, não só... mas também.

    Fonte: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-valor-aditivo-do-mas/23649 [consultado em 23-09-2020]

  • Cada detalhe, cada vírgula, cada palavrinha conta nessas questões da FGV. Escolhi a certa, mas na dúvida de ser algo mirabolante troquei e errei.

  • Não entendi o porquê da B estar errada