SóProvas


ID
2274622
Banca
IDECAN
Órgão
UERN
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.


    Persuasão é coisa de político, marqueteiro e vendedor, gente com uma habilidade natural para seduzir, certo? Errado. Novos estudos revelam que a habilidade de convencer está impregnada em cada ser humano e teria, inclusive, contribuído para a evolução do nosso raciocínio. Mesmo que existam pessoas com o dom da lábia, técnicas de influência amparadas na ciência podem ser aprendidas por qualquer um. É o que afirma o Ph.D. em psicologia social Robert Cialdini, um dos maiores especialistas na área. [...]

    Nossa mente evoluiu para argumentar e persuadir os outros, sustentam artigos recém-publicados pelos renomados cientistas cognitivos Hugo Mercier e Dan Sperber, do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França. Eles analisaram diversos estudos que mostram como o pensamento coletivo resolve melhor que o individual uma ampla gama de questões. [...]

    Basta uma rápida reflexão para perceber o quanto essa necessidade de persuadir está presente em nosso dia a dia. Ela dá as caras ao pedir passagem no trânsito, pleitear aumento ao chefe ou quando queremos demover a namorada de assistir àquela comédia romântica no cinema (ou o namorado de ver um filme de ação). Ser bem-sucedido ou não nessas tarefas, mostram experimentos de psicologia social, não depende apenas de bons argumentos. Requer saber usar os chamados atalhos mentais, atitudes que, mesmo sem ter uma relação com a ideia que você tenta passar, fazem ela ser aceita com mais facilidade.

    A investigação desses atalhos começa com os estudos do psicólogo e Prêmio Nobel Daniel Kahneman, que descreveu o mecanismo rápido de tomada de decisões do cérebro. Kahneman demonstrou que nosso pensamento segue padrões baseados na experiência. Quando percebemos, por exemplo, que produtos caros normalmente têm qualidade superior, fazemos uma associação automática na nossa mente. Depois disso, todas as vezes que olharmos para um produto caro, a tendência será pensar que ele é melhor, mesmo que nada mais indique isso. Esse tipo de pré-conceito mental entra em cena várias vezes durante uma argumentação. Se dissermos que a ideia que estamos passando é amparada por um Prêmio Nobel (como acabamos de fazer), aumentam as chances de você se mostrar mais receptivo a ela, mesmo que seja um absurdo – o que, vamos deixar claro, não é o caso aqui.

    Esses pensamentos intuitivos foram batizados de Sistema 1 (ou associativo) e, embora não pareçam, são benéficos. Eles economizam energia e tempo cerebral. Imagine o caos se a gente fosse parar para pensar com calma a cada pequena decisão. O contraponto é o Sistema 2 (ou analítico), usado quando precisamos meditar por um tempo antes de agir. As estratégias de persuasão operam principalmente em cima do Sistema 1, tentando capturar o interlocutor sem que ele reflita demais sobre o assunto, e se valem do fato de que uma parte da nossa maneira de pensar não se guia apenas pela racionalidade.

    Um dos indícios disso é que a probabilidade de absorver ou não as mensagens de um interlocutor depende bastante de elementos que nada têm a ver com o que a pessoa diz. O psicólogo Albert Mehrabian, professor da Universidade da Califórnia, estabeleceu, depois de anos de pesquisas, uma regra clássica para mensurar como as mensagens são retidas. Segundo ele, 7% da chance de ter o discurso registrado se deve às palavras escolhidas, 38% às variações na entonação da voz e no ritmo da fala e 55% ao aspecto visual – gestos e expressões do rosto. “O que toca o outro é o comportamento não-verbal. Ele é útil para criar um canal de empatia, sem o qual fica muito difícil convencer alguém”, diz a fonoaudióloga Cida Coelho, doutora em psicologia social e professora do Centro Universitário Monte Serrat, em Santos.

(SPONCIATO, Diogo. Revista Galileu, São Paulo, Globo, nº 257, dez. 2012. Com adaptações.)

O texto em análise tem sua finalidade definida de acordo com o contexto de interação verbal em que está inserido, assinale a alternativa correta considerando a intenção comunicativa que caracteriza tal estrutura textual.

Alternativas
Comentários
  • Geralmente em Questões de Interpretação de Texto o que o examinador leva em consideração são "as margens interpretativas"

     

    Ou seja:

     

    São Consideradas Afirmações FALSAS quando:

    1. Generaliza

    2. Extrapola

    3. Tom despresível junto ao raciocínio do autor do texto em tela

     

    São consideradas Afirmações VERDADEIRAS quando:

    1. Especifica o pensamento, usando pronomes demostrativos;

    2. Literalidade, usando sinônimos;

    3. Geralmente a afirmação condiz o a conclusão do texto ou seja o ultimo parágrafo;

     

     RESOLVANDO O ENUCIADO, aplicando a fórmula acima:

     

    a) Proporcionar uma visão ampliada de acontecimentos relevantes, (generalizou) de forma clara e objetiva. 

     

     b) Possibilitar o contato com o desenvolvimento das ciências e a difusão desse conhecimento (Especificou usando artigos e pronomes). 

     

     c) Defender, a partir de argumentação consistente, ponto de vista acerca de uma questão controversa (Tom de contradição ao pensamento do autor).

     

     d) Ampliar e modificar, através de determinadas técnicas de persuasão, determinados valores individuais (generalizou)

  • Fiquei chocada com o gabarito! Jurava que era letra C com base nos primeiros períodos do texto!

  • E eu reclamando do Cespe...

  • Para quem está acostumado a uma prova mais linguística como CESPE, estranha mesmo. Para mim o texto é expositivo, acredito que a letra B quis colocar isso...será? Vamos indicar para comentários, apesar de perceber que essa banca quase não tem comentários dos professores!!

  • Idecan, o que pensar dessa banca tão fora da curva da razoabilidade... 

  • "Recurso Improcedente. Ratifica-se a opção divulgada no gabarito preliminar. A alternativa “C) Defender, a partir de argumentação consistente, ponto de vista acerca de uma questão controversa.” não pode ser considerada correta, pois, quando é citado no texto que há novos estudos e artigos recém-publicados, não 8 se trata de uma contestação do autor em relação a um fato, mas sim, a apresentação dos fatos em si mesmos. A alternativa “A) Proporcionar uma visão ampliada de acontecimentos relevantes, de forma clara e objetiva.” não pode ser considerada correta, pois, o artigo de divulgação científica, texto apresentado, é um gênero textual cuja intenção comunicativa é propiciar ao grande público o acesso a saberes científicos e tecnológicos, portanto, um tal conhecimento é transmitido ao público de forma reduzida e não ampliada, o que seria uma referência ao texto científico propriamente dito. Fonte:  CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza A. Cochar; CILEY, Cleto. Interpretação de Textos. Construindo Competências e Habilidades em Leitura. Ensino Médio. 2. ed. São Paulo: Atual, 2012.  KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.  MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão. Ed. Parábola."

     

    http://www.idecan.org.br/concursos/252/45_14092016164415.pdf

  • Todo respeito IDECAN, que os deuses antigos e novos afundem vocês no mais perverso e caótico inverno.

  • Respondi a questão (confusa, por sinal) com base no fato de saber que o texto é predominantemente expositivo.