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ID
2275093
Banca
FCC
Órgão
AL-RN
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Augusto de Campos e seu irmão Haroldo formavam o núcleo do grupo de poetas que, nos anos de 1950, lançaram o movimento de poesia concreta, uma retomada do espírito modernista dos anos de 1920 − e das ideias de vanguarda do início do século −, contra os pudores antimodernistas que tomaram conta da poesia e da literatura brasileiras, primeiro com os romancistas regionalistas dos anos 30 e, depois, com os poetas da chamada “geração de 45”.

      Os poetas concretos sentiam-se em sintonia com os músicos europeus que, nos anos 50, retomavam a radicalidade da escola de Viena, e com os pintores que seguiam os caminhos de Mondrian e Malévitch. Levando às últimas consequências o fato de que poesia não é propriamente literatura, valorizaram os aspectos físicos da palavra, criando um tipo de poema que foi qualificado inicialmente como visual. Conhecedores apaixonados dos movimentos pioneiros da primeira década do século XX, eles tomaram posição bem definida em face aos modernismos dos anos 20, em face a uma história abrangente da poesia e, finalmente, em face aos roteiros que se deviam estabelecer para ela no futuro.

      Nesse sentido, criaram o que chamavam de “paideuma”, uma seleção de autores obrigatórios na formação de uma sensibilidade nova e relevante: Mallarmé, Erza Pound, James Joyce, Maiakóvski, João Cabral de Melo Neto (o maior poeta brasileiro surgido depois do modernismo, pertencente, pela idade, à geração de 45, mas em tudo oposto a ela: um poeta das coisas vistas e expressas em linguagem seca e rigorosíssima).

      Quando surgiram os concretistas, houve escândalo (a revista Cruzeiro falou em “rock’n’roll da poesia”...). Conquanto contassem com a simpatia de uma figura gigantesca como foi o poeta Manuel Bandeira, eles encontraram forte resistência entre poetas, literatos e acadêmicos. Mas o nível de argumentação que eles sustentavam em suas defesas críticas era tão alto e sua determinação tão inabalável, que se tornaram um osso duro de roer na cena intelectual brasileira, impondo respeito mesmo onde não havia receptividade.

(Adaptado de Caetano Veloso. Antropofagia. São Paulo, Companhia das Letras/Penguin, 1997, formato ebook)

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Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra a).

     

    a)  Os poetas concretos sentiam-se em sintonia com os músicos europeus que* (ESTÁ RETOMANDO "EUROPEUS"), nos anos 50, retomavam a radicalidade...

     

    * A frase é uma oração subordinada adjetiva restritiva, pois não há a presença da vírgula antes do "que". Se colocar uma vírgula antes do "que", a frase passará a ser uma oração subordinada adjetiva explicativa. Logo, havéra mudança no sentido, mas não haverá prejuízo para a correção.

     

    Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint35.php

     

     

    b) ... tomaram posição bem definida em face* aos modernismos dos anos 20 ...

     

    * Não se pode acumular preposição com preposição. Logo, "perante aos" estaria errado, pois haveria duas preposições, tornando a frase incorreta. Uma alternativa para essa expressão seria "perante os".

     

    Fonte: https://duvidas.dicio.com.br/perante-a-ou-perante-a/

     

     

    c) Nesse sentido*, criaram o que chamavam de “paideuma”, uma seleção ...

     

    * Trocar "nesse sentido" por "ainda assim" alteraria muito o sentido.

     

    Fonte: http://www.notapositiva.com/resumos/portugues/frasesimplescomplexa.htm

     

     

    d) Levando* às últimas consequências o fato de que ...

     

    * Alteraria o sentido e a correção trocar "levar" por "ir". Além disso o verbo "ir" admite apenas um objeto indireto como complemento {Ir/Vai (a)}. Logo, a expressão "o fato de que" deixaria a frase sem sentido, caso haja a substituição.

     

     

    e) ... pertencente*, pela idade, à geração de 45 ...

     

     

    * Regência de pertencer/pertencente = "a". Ex: O documento pertence aos autos. "Geração" é palavra feminina. Logo, somam-se a regência do verbo "pertencer" e o artigo feminino "a" da palavra "geração", resultando em crase. A crase, nesse caso, não é facultativa. Deixo no link abaixo alguns casos de crase facultativo.

     

    Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint81.php

     

     

     

    => Meu Instagram para concursos: https://www.instagram.com/qdconcursos/

  • André Aguiar, bem colocado o seu comentário, mas continuo com uma dúvida.

    A alternativa diz: "a colocação de uma vírgula imediatamente após europeus altera o sentido original da frase, sem prejuízo para a correção", subentende-se que a vírgula será apenas deslocada.

    Sendo que a expressão "nos anos 50" é obrigatória ser separada por vírgulas, já que é uma adj adv de tempo deslocado.

    Logo, eu entendo que, para a questão ser correta, deveria ser acrescentada uma vírgula após "europeus" e não deslocada.

    O que acha ?