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ID
2290132
Banca
FCM
Órgão
IF-MG
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INSTRUÇÃO: A questão deve ser respondida com base no texto 1. Leia-o atentamente, antes de responder essa questão.

TEXTO 1

Um mundo sem utopias

Jaime Pinsky**

  [1º§] O processo civilizatório se desenvolve desde que existe o ser humano. A descoberta do fogo, a invenção da roda, a domesticação de animais, a elaboração de deuses, a estruturação das cidades foram marcos na história da humanidade. Mas, depois da fala, dificilmente encontraremos fatores civilizatórios mais importantes do que a criação, a racionalização e a universalização da palavra escrita. Por meio dela, o homem se tornou capaz não apenas de produzir cultura como de guardá-la de modo eficiente e de, mais ainda, transmiti-la aos contemporâneos e às gerações seguintes.

  [2º§] Com a escrita, tornava-se mais fácil apresentar descobertas, descrever invenções, divulgar técnicas, expor ideias, confessar fraquezas, compartilhar sentimentos. Praticada, inicialmente, apenas por elites, a escrita espalhava com muita parcimônia o saber acumulado, uma vez que o conservadorismo dos detentores do poder bloqueava a democratização dos avanços na cultura material e imaterial.

  [3º§] Com os papiros e pergaminhos, inicialmente, e mais tarde com o papel e, mais ainda, com a imprensa de tipos móveis, a cultura, no sentido de patrimônio acumulado, passou a alcançar um número cada vez maior de pessoas, democratizando o saber e dando oportunidades a uma parcela importante da população. Sem a palavra escrita, em geral, e sem o livro, em particular, a história não teria sido a mesma. 

  [4º§] Ao longo do século 19, nos países mais desenvolvidos, as pessoas foram aprendendo a ler e a escrever. A desvalorização do trabalho braçal, substituído por máquinas, o crescimento do setor de serviços, o aumento da produtividade no campo, o crescimento das cidades: o mundo parecia caminhar para uma realidade sonhada pelos utopistas.

  [5º§] Ao ler livros, ao escrever cartas, ao redigir o resultado de reflexões complexas, os cidadãos compartilhavam ideias e sentimentos, tão mais densos quanto mais habilitados estivessem nas técnicas da escrita e da leitura. Era permitido sonhar com uma sociedade universal de gente alfabetizada com oportunidades de ascensão social determinadas apenas pelos seus méritos. Não por acaso é o momento das grandes utopias igualitárias.

  [6º§] Já no século 21, as utopias parecem coisas de um passado remoto. Mesmo não gostando do mundo como está, parece que desistimos de mudá-lo. Vivemos ou em sociedades consumistas, ou burocráticas, ou fundamentalistas. Fingimos que a felicidade pode ser encontrada comprando mercadorias, obedecendo a regras, ou acreditando em um improvável mundo pós-morte.

  [7º§] Jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e nos transformamos em meros consumidores de softwares. Estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos, nos conformamos com a pobreza da linguagem das redes sociais.

  [8º§] Em nome da interatividade, sentimo-nos qualificados a ser banais. Sem leituras sérias, abdicamos do patrimônio cultural da humanidade, arduamente construído ao longo de milênios. 
Não precisamos sequer de um Grande Irmão¹ para ordenar a queima de livros: queimamos nossas estantes, por inúteis. E nem as substituímos por livros digitais, já que vamos deixar o saber apenas para os criadores de software².

**JAIME PINSKY, historiador, professor titular da Unicamp e diretor da Editora Contexto.

Fonte: Jornal Folha de São Paulo, 24 ago. 2015 - http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2015/08/1672306-um-mundo-sem-utopias.shtml, texto adaptado. 

Vocabulário de apoio:

1- Grande irmão: expressão usada pelo escritor George Orwell para definir o controle exercido pelo regime totalitário em seu romance 1984 (escrito em 1948). Naquela história, os trabalhadores são manipulados a tal ponto que existe uma complexa “polícia do pensamento” que a todos vigia por meio de câmaras filmadoras. Pensar “errado” é um crime passível das mais violentas torturas. O correto, naquele romance, é “não pensar”.

Fonte: http://www.unioeste.br/projetos/observatorio/texto_grande_irmao.asp, acesso em 28/09/2016.

2- Software: conjunto de componentes lógicos de um computador ou sistema de processamento de dados; programa, rotina ou conjunto de instruções que controlam o funcionamento de um computador; suporte lógico.

Considere este trecho, retirado do 7º parágrafo:

Jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e nos transformamos em meros consumidores de softwares. Estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos, nos conformamos com a pobreza da linguagem das redes sociais.


A melhor redação para a reescrita desse trecho é:

Alternativas
Comentários
  • LETRA B

     

    a) Jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e nos transformamos em meros consumidores de softwares. Contudo, estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos, nos conformamos com a pobreza da linguagem das redes sociais. (Incorreto, a conjunção "contudo" é adversativa, a frase não possui ideia de oposição).

     

    b) Jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e nos transformamos em meros consumidores de softwares. Por isso, estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos, nos conformamos com a pobreza da linguagem das redes sociais. (Correta, a conjunção "por isso" é conclusiva).

     

    c) Jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e nos transformamos em meros consumidores de softwares. Todavia, estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos, nos conformamos com a pobreza da linguagem das redes sociais. (Incorreto, a conjunção "todavia" é adversativa, a frase não possui ideia de oposição).

     

    d) Jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e nos transformamos em meros consumidores de softwares. Apesar disso, estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos, nos conformamos com a pobreza da linguagem das redes sociais. (Incorreto, a conjunção "apesar disso" é adversativa, a frase não possui ideia de oposição/constraste).

     

    e) Jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e nos transformamos em meros consumidores de softwares. Além disso, estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos, nos conformamos com a pobreza da linguagem das redes sociais.(Incorreto, a conjunção "além disso" é adversativa, a frase não possui ideia de oposição/constraste).

  • O texto não tem sentido conclusivo, mas sim aditivo!

  • Também marquei E.

  • O comentário mais curtido tem um erro. "Além disso" naõ é concessivo, como disse a ANA, e sim aditivo. Para mim esse texto tem ideia de adição, uma vez que jogamos no lixo os avanços da civilização e também perdemos a habilidade de ler textos complexos. Não entendi como, jogamos no lixo os avanços da civilização , portanto não lemos textos complexos.

    PESSOAL VAMOS PEDIR AO PROFESSOR PARA COMENTAR ESSA QUESTÃO!

  • Pessoal, também marquei a E, pois não vi sentido conclusivo nesse trecho, mas sim aditivo.

  • Acredito que seria a letra E, pois tem sentido de adição!!! Vamos pedir comentário do professor.

  • No texto fala que "jogou no lixo milhares de anos de avanço civilizatório", logo jogou fora a progressão da escrita e da leitura que o texto está se referindo.

    Então, quando o parágrafo prossegue dizendo que "Estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos" está concluindo a ideia de que o fato de se jogar fora todo um progresso de leitura e escrita e ficar bitolado em aplicativos (softwares) a pessoa vai perder a habilidade de conseguir entender os textos complexos, quem dirá os simples.

    :-)

  • ao meu ver, questão confusa, não faz sentido ser a letra b

    (por isso) tem a relação de causa e consequência, com sentido de conclusão, porém os papeis estão invertidos!

    ao perder a habilidade de ler textos complexos, que jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e não o contrário!!!

    Ao escolher o texto precário das redes sociais, nos transformamos em meros consumidores de softwares!

    a grafia correta seria :

    Estamos perdendo a habilidade de ler textos complexos, nos conformamos com a pobreza da linguagem das redes sociais, (sendo assim,por isso, portanto) jogamos no lixo milhares de anos de avanço civilizatório e nos transformamos em meros consumidores de softwares.

    segundo explicação do prof Decio Terror do estratégia:é a oração coordenada conclusiva Textualmente, podemos enquadrar a relação da oração inicial com a coordenada conclusiva, como uma estrutura de causa e consequência, muitas vezes chamada de “relação de causalidade”.

    Como a oração inicial é a origem (aquilo que ocorre primeiro), é entendida textualmente como uma causa; e a oração coordenada conclusiva (aquilo que ocorre depois, o resultado) pode ser entendida como consequência.

    Veja isso nos exemplos:

    Ele se manteve organizado, logo teve êxito nas tarefas. (primeiro se manteve organizado, depois teve êxito nas tarefas)

    banca confusa demais!!!