"Sérgio Buarque afirma que a originalidade nacional dos portugueses e dos espanhóis deve-se muito à importância que os mesmos atribuem à autonomia do indivíduo, ao valor próprio da pessoa humana. Para os espanhóis e portugueses é fundamental o valor da autossuficiência, ou seja, que um homem garanta a sua sobrevivência sem necessitar dos demais.
Cada qual é filho de si mesmo, de seu esforço próprio, de suas virtudes (...) e as virtudes soberanas para essa mentalidade são tão imperativas, que chegam por vezes a marcar o porte pessoal e até a fisionomia dos homens. (HOLANDA, 1990, p.4)
Para este autor alguns traços da mentalidade hispânica colaboram para a ausência de uma coesão social tipicamente moderna. Se a autonomia exacerbada pressupõe a ausência de solidariedade e ordenação, dificilmente se pode conceber a noção de um Estado que se configure a partir de um conjunto de cidadãos. "