SóProvas


ID
2333500
Banca
FCC
Órgão
TRE-SP
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      Sandberg, que mudou totalmente o conceito espectador/obra de arte com o seu trabalho de duas décadas no Museu Stedelijk, de Amsterdã, iniciou sua palestra elogiando a arquitetura do nosso MAM-RJ que, segundo ele, segue a sua teoria de que o público deve ver a obra de arte de frente e não de lado, como acontece até agora com o museu convencional de quatro paredes. O ideal, disse ele, é que as paredes do museu sejam de vidro e que as obras estejam à mostra em painéis no centro do recinto. O museu não é uma estrutura sagrada e quem o frequenta deve permanecer em contato com a natureza do lado de fora:

      “A finalidade do museu de arte contemporânea é nos ajudar a ter consciência da nossa própria época, manter um espelho na frente do espectador no qual ele possa se reconhecer. Este critério nos leva também a mostrar a arte de todos os tempos dentro do ambiente atual. Isso significa que devemos abolir o mármore, o veludo, as colunas gregas, que são interpretações do século XIX. Apenas a maior flexibilidade e simplicidade. A luz de cima é natural ao ar livre, mas artificial ao interior. As telas são pintadas com luz lateral e devem ser mostradas com luz lateral. A luz de cima nos permite encerrar o visitante entre quatro paredes. Certos museólogos querem as quatro paredes para infligir o maior número possível de pinturas aos pobres visitantes.

      É de capital importância que o visitante possa caminhar em direção a um quadro e não ao lado dele. Quando os quadros são apresentados nas quatro paredes, o visitante tem de caminhar ao seu lado. Isso produz um efeito completamente diferente, especialmente se não queremos que ele apenas olhe para o trabalho, mas o veja. Isso é ainda mais verdadeiro em relação aos grandes museus de arte contemporânea. Eles são grandes porque o artista moderno quer nos envolver com o seu trabalho e deseja que entremos em sua obra. Ao organizar o nosso museu, devemos ter consciência da mudança de mentalidade da nova geração. Abolir todas as marcas do establishment: uniformes, cerimoniais, formalismo. Quando eu era jovem, as pessoas entravam nos museus nas pontas dos pés, não ousavam falar ou rir alto, apenas cochichavam.

      Realmente não sabemos se os museus, especialmente os de arte contemporânea, devem existir eternamente. Foram criados numa época em que a sociedade não estava bastante interessada nos trabalhos de artistas vivos. O ideal seria que a arte se integrasse outra vez na vida diária, saísse para as ruas, entrasse nas casas e se tornasse uma necessidade. Esta deveria ser a principal finalidade do museu: tornar-se supérfluo”.

(Adaptado de: BITTENCOURT, Francisco. “Os Museus na Encruzilhada” [1974], em Arte-Dinamite, Rio de Janeiro, Editora Tamanduá, 2016, p. 73-75) 

Com a frase Quando eu era jovem, as pessoas entravam nos museus nas pontas dos pés, não ousavam falar ou rir alto, apenas cochichavam (3° parágrafo), o autor

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: Letra A

     

    Autor demonstra que o entendimento de museus naquela época eram de estruturas sagradas, portanto para não perturbar o ambiente os espectadores deveriam passar despercebidos, não "atrapalhar" o ambiente. Talvez essa ideia de locais sagrados (entendida pelos visitantes) seja remetida pela própria estrutura dos museus de arte comtemporânea que ainda usam o mármore, o veludo, as colunas gregas, que são interpretações do século XIX.

  • Fiquei em dúvida entra A e D, pois a alternativa D fala da diferença entre mentalidades e no texto fala também, por isso acabei marcando a letra D :(

     

  • Kamilla, eu também fiquei na dúvida...
    Mas desconsiderei a letra D pq a questão fala: "usar o museu como um espaço de convivência. ". O texto não fala isto...

  • Pensei o mesmo

  • Gabarito A
    Explicação da Professora Aline Aurora.
    A Profª Aline Aurora fez a correção das questões da parte de Português, inclusive com a análise do texto.

    https://www.youtube.com/watch?v=oNkEdZxlf_A
    A Correção da prova AJAA começa em 2h40min.

    Essa questão, no vídeo, ela corrigiu no tempo: 2h 54min 20s

    Bons estudos, pessoal!

  • Não deviamos interferir no ambiente, não podeiamos tocar, falar, apenas contemplar. Qualquer barulho recebia olhares de reprimenda dos outros, tranquilo letra "a"

  • -Quando eu era jovem, as pessoas entravam nos museus nas pontas dos pés, não ousavam falar ou rir alto, apenas cochichavam (3° parágrafo), o autor .

    Fiquei na dúvida entre a s letras a e c , por quê? não poderia ser a letra c .

     a)

    ilustra o caráter contemplativo do espectador naquela época.   ilustra o caráter zen do espectador.

     c)

    considera sua juventude como um período em que não se compreendia a verdadeira função dos museus, o que ocorreu não apenas com sua própria maturidade, passando a respeitá-los com a devida solenidade. 

     

    cochilava se por não compreender ,    asssim não c0nsigo destinguir , alguém ajudar . valeu.abs....

  • Essa é aquela que você marca no caderno a letra A...

    mas, ao passar para a folha de resposta marca a B...

    pq

  • A letra D está sorrateira.. Me pegou!

    A FCC está se aprimorando em pegadinhas nas questões de interpretação. Estejamos atentos!

  • No texto, predominantemente dissertativo argumetativo, o autor nos traz a visão de Sandberg e defende a forma inovadora como este notável museólogo expõe a arte conteporânea, incluindo-a como objeto de interação e integração das pessoas. O autor destaca, ainda, os musues como pontos de convergência e interação entre artistas e observadores.

    Isto posto, fica claro e inequívoco que o "conflito" não se dá entre as gerações da sociedade. O choque entre presente e passado está, na verdade, na forma como os museus mostram a sua arte aos expectadores. Agora, que entendemos o sentido do texto, ficou fácil analisar as assertivas.

     

    a)Certa. O frequentador era meramente um expectador. As obras de arte eram colocadas como objetos distantes da realidade contemporânea dos visitantes.

     

     b)Errada. O autor aponta, no texto, que os museus modernos tendem a colocar o visitante para interagir com as obras, fazer parte delas. Logo, demonstrar respeito e educação, andar na ponta dos pés, eximir-se e ocultar-se não representa um modelo de comportamento adequado aos moldes atuais. O autor faz essa lembrança justamente para remeter à frieza dispensada a quem visitava as galerias de arte, em seus tempos de infância.

     

    c)Errada. O conflito se trava na forma como os muesoólogos, os artitas e as galerias de arte expõem suas obras. O texto, em momento algum, faz antagonismo de gerações, divergências entre juventude e maturidade.

     

    d)Errada. O conflito, como já foi reiteradamente explicado, NÃO se dá entre gerações. E pode-se ir além: usar o museu como um espaço de convivência não era um desejo das gerações passadas, uma vez que o comando da questão traz pessoas andando na ponta do pés, surrando, sem rir, sem falar e sem serem notadas. Essas lembranças dos museus de sua infância demonstram lugares frios e sem graça.

     

    e)Errada. Não, meu jovem mancebo! Definitivamente, o conflito de gerações não é o enfoque do texto.

     

    fonte: facebook.com/admfederal

  • Kamilla Bandeira, a pegadinha da letra D está aqui:

     

     

     d) ressalta as diferenças de mentalidade entre sua geração e a atual, uma vez que aquela era reprimida por pretender usar o museu como um espaço de convivência.

     

    Em momento nenhum o texto falou isso. O examinador extrapolou bonito. Espero ter ajudado um pouco

     

  • Essa palavra contemplativo não condiz com o comportamento dos visitantes da época narrada pelo autor. Contemplar dá a idéia de observação profunda. No trecho, não deixa claro esse contexto.

  • As alternativas erradas chegam a ser cômicas depois que se lê o texto.

  • Não vi nada cômico.

     

    Achei a questão difícil, também pela dúvida entre A e D.

  • Letra  D nos aparenta verdadeira, por até nos converncer por palavras dita no texto, porém o final está errado quando relata "pretender usar o museu como espaço de convivência "!!

     

    FFC em um passado não tá distante já foi copia e cola !! RS  

  • Sobre a letra D, a meu ver, o trecho explicita apenas que as pessoas  "não ousavam"  falar ou rir alto e apenas cochivam; sendo que, em nenhum momento, foi dito que elas eram reprimidas para se comportarem de tal modo, configurando a extrapolação da alternativa.

  • Marquei a letra D e, ao analisar friamente a questão, nota-se que a letra A traz realmente a resposta correta.

    .

    a) ilustra o caráter contemplativo do espectador naquela época, cuja presença, na medida do possível, não devia ser percebida, para não interferir no ambiente.

    -> Para melhor entender essa resposta, há necessidade de se entender bem a estrutura coesiva nessa alternativa.

    -> Qdo ele menciona "cuja presença" ele refere-se à presença do próprio espectador não deveria ser percebida para não interferir no ambiente. E isso realmente traduz o enunciado da questão.

    .

    Quanto à letra d:

    d)ressalta as diferenças de mentalidade entre sua geração e a atual, uma vez que aquela era reprimida por pretender usar o museu como um espaço de convivência.

    -> Acredito sim que há traços indicando a repressão (as pessoas deveriam ficar quietinhas), mas qdo a alternativa menciona "usar o museu como um espaço de convivência" ela faz uma extrapolação porque não há nenhum indício indicando isso e por essa razão essa alternativa está errada.

  • Se vc ficou entre a A e D e marcou a errada, tamo junto kkkkkkkkkk

  • O motivo de não ser a letra d é pelo fato do ambiente ser contemplação e de seriedade, não de convivência. O autor deixa claro quando diz: "as pessoas entravam nos museus nas pontas dos pés, não ousavam falar ou rir alto, apenas cochichavam".