SóProvas


ID
2334757
Banca
IBFC
Órgão
AGERBA
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I
Entre palavras
Entre coisas e palavras – principalmente palavras – circulamos. A maioria delas não figura nos dicionários de há trinta anos, ou figura com outras acepções. A todo momento impõe-se tornar conhecimento de novas palavras e combinações de.
Você que me lê, preste atenção. Não deixe passar nenhuma palavra ou locução atual, pelo seu ouvido, sem registrá-la. Amanhã, pode precisar dela. E cuidado ao conversar com seu avô; talvez ele não entenda o que você diz. O malote, o cassete, o spray, o fuscão, o copião, a Vemaguet, a chacrete, o linóleo, o nylon, o nycron, o diafone, a informática, a dublagem, o sinteco, o telex... Existiam em 1940?
Ponha aí o computador, os anticoncepcionais, os mísseis, a motoneta, a Velosolex, o biquíni, o módulo lunar, o antibiótico, o enfarte, a acupuntura, a biônica, o acrílico, o tá legal, o apartheid, o som pop, a arte pop, as estruturas e a infraestrutura. Não esqueça também (seria imperdoável) o Terceiro Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento, o unissex, o bandeirinha, o mass media, o Ibope, a renda per capita, a mixagem.
Só? Não. Tem seu lugar ao sol a metalinguagem, o servomecanismo, as algias, a coca-cola, o superego, a Futurologia, a homeostasia, a Adecif, a Transamazônica, a Sudene, o Incra, a Unesco, o Isop, a OEA, e a ONU. Estão reclamando, porque não citei a conotação, o conglomerado, a diagramação, o ideologema, idioleto, o ICM, a IBM, o falou, as operações triangulares, o zoom, e a guitarra elétrica.
Olhe aí na fila – quem? Embreagem, defasagem, barra tensora, vela de ignição, engarrafamento, Detran, poliéster, filhotes de bonificação, letra imobiliária, conservacionismo, carnet da girafa, poluição. Fundos de investimento, e daí? Também os incentivos fiscais. Know-how. Barbeador elétrico de noventa microrranhuras. FenoliteBaquelite, LP e compacto. Alimentos super congelados. Viagens pelo crediário, Circuito fechado de TV Rodoviária. Argh! Pow! Click!
Não havia nada disso no Jornal do tempo do Venceslau Brás, ou mesmo, de Washington Luís. Algumas coisas começam a aparecer sob Getúlio Vargas. Hoje estão ali na esquina, para consumo geral A enumeração caótica não é uma invenção crítica de Leo Spitzer. Está aí, na vida de todos os dias. Entre palavras circulamos, vivemos, morremos, e palavras somos, finalmente, mas com que significado?
(Carlos Drummond de Andrade, Poesia e prosa, Rio de Janeiro, Nova Aguiar, 1988)

Uma leitura atenta do texto permite ao leitor inferir, quanto ao potencial nomeador das palavras, que:

Alternativas
Comentários
  • Seria o erra da alternativa A, o fato da questão falar "...ser entendidas por um FALANTE comum." Seria OUVINTE comum?

    Qual a justificativa da E?

  • Marquei a E por eliminação

  • Gente do céu, que loucura essas questões de interpretação dessa banca!! Socorro!! O QC já podia botar direto os comentários dos professores!!! :(

  • Verdade. Texto complicadíssimo. Fiz esse concurso e me "ferrei" justamente nesse português da IBFC.

  • Meu raciocínio para marcar a alternativa E foi o seguinte:

    1) A todo momento ele lista, no texto, palavras que surgiram à medida de invenções surgidas ao longo da existência humana (pela evolução da ciência ou pela mudança dos costumes, questões históricas, sociais, culturais etc.); 

    2) Entre estas expressões, ele enumera: "o Terceiro Mundo, a descapitalização, o desenvolvimento" que são classificações econômicas das nações (ao menos "terceiro mundo" e a noção de "desenvolvimento")...

    Portanto, inferindo-se do contexto da lista que é apresentada, poderíamos concluir que estas classificações também foram uma construção no âmbito cultural - e para apreendê-las precisamos viver o tempo presente, a atualidade, são expressões que não fazem sentido fora do contexto cultural, a noção de terceiro mundo, por exemplo, surgiu no contexto da Guerra Fria.

  • Que questão terrível!

  • Vamos solicitar explicação dos professores do QC. Porque eu só vejo eles explicando questões teletubbies.

  • Solicitei ao QC, por meio do atendimento, que algum professor pudesse explicar a questão.

    Seria bom que mais pessoas pudessem fazer o mesmo.

  • Marquei E por eliminação mesmo. Mas o motivo do acerto, sinceramente, não descobri ainda.

  • Quando o enunciado trás a palavra INFERIR, trata-se de interpretação, que ao contrário de compreensão, geralmente a resposta estará além do texto. E essa alternativa não está no texto de jeito nenhum....

  • EITA QUESTÃOZINHA !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • Certissimo a letra E, não é a toa que no texto temos datas e o decorrer do tempo,  levando a crêr que realmente foi culturamente construída classificações economicas, algumas citadas no próprio texto.

    FOCO, FORÇA, FÉ <3 TJPE

  • Questão nível McGyver - Chuck Norris

  • Foucault - As palavras e as coisas!

  • Adoro o professor Alexandre Soares, mas nessa questão aí, nem colocando o cérebro dele dentro da minha cabeça vai me fazer entender!

    O importante foi que ele tentou! kkkkkkkkkkk

     

     

  • LETRA "E" ? SIM. 

    POR QUE? PORQUE ALGUMA FORÇA DO ALÉM QUIS! ÔXI!!!!

  • Foi Dilma quem fez essa questão!

  • Por eliminação vai a letra E mesmo.

  • Eu marquei gabarito "A".

    Será que só eu que não entendi várias das expressões que estão enumeradas no texto?

    Classificações econômicas? Como assim?

    E duvido, se o pessoal que acertou a questão marcou o gabarito com essa certeza toda.

    Enfim....passa quem acerta mais e não quem sabe mais.

  • Muito avançada essa questão.

  • nada com nada... aiai