Colocando-o como finalidade e solicitando sua necessidade. A identidade entre o consumo e a produção aparece, pois, de um modo triplo. I o - Identidade imediata: a produção é consumo, o consumo é produção. Produção consumidora. Consumo produtivo. Os economistas chamam a ambos consumo produtivo, mas estabelecem ainda uma diferença: a primeira, figura como reprodução; o segundo, surge como consumo produtivo. Todas as investigações sobre a primeira se referem ao trabalho produtivo ou improdutivo; sobre o segundo, ao consumo produtivo e não-produtivo. 2o - Ambos aparecem como meio e existem por mediação do outro, o que se exprime dizendo que sua interdependência é um movimento pelo qual se relacionam entre si e se apresentam como reciprocamente indispensáveis; mas permanecem, entretanto, externos entre si. A produção cria os materiais para o consumo como objeto exterior; o consumo cria a necessidade como objeto interno, como finalidade da produção. Sem produção não há consumo; sem consumo não existe produção; essa proposição figura na economia sob numerosas formas. 3o - A produção não só é imediatamente consumo, nem o consumo imediatamente produção; além disso, a produção não é senão meio para o consumo e esse, fim para a produção; isto é, cada um fornece ao outro o seu objeto: a produção, o objeto exterior do consumo; o consumo, o objeto representado da produção.
Fonte: Contribuição à crítica da economia política
Trecho literal de Karl Marx: Introdução à Contribuição para a Crítica da Economia Política.
A identidade entre o consumo e a produção reveste-se pois, de um triplo aspecto:
1) Identidade imediata. A produção é consumo: o consumo é produção. Produção consumidora. Consumo produtivo. Os economistas designam ambos por consumo produtivo; estabelecem, no entanto, uma distinção - consideram a primeira como reprodução, e o segundo como consumo produtivo; todas as investigações sobre a primeira referem-se ao trabalho produtivo e ao trabalho improdutivo; as investigações sobre o segundo tem como objeto o consumo produtivo ou não produtivo.
2) Cada um dos termos surge como mediação do outro e mediado pelo outro. Isto exprime-se como uma dependência recíproca, como um movimento através do que se relacionam entre si e se mostram reciprocamente indispensáveis, embora permaneçam exteriores um ao outro. A produção cria a matéria para o consumo, enquanto objeto exterior a este; o consumo cria a necessidade enquanto objeto interno, enquanto finalidade da produção. Sem produção não há consumo; sem consumo não há produção. [Isto] é repetido de inúmeras formas na economia poítica.
3) A produção não é apenas imediatamente consumo, nem o consumo é apenas imediatamente produção; mais: a produção não é simplesmente um meio para o consumo, nem o consumo, simplesmente um fim para a produção - o mesmo é dizer, tão pouco é suficiente o fato de cada um proporcionar ao outro o seu objeto: a produção, o objeto exterior, material, do consumo; o consumo, o objeto ideal da produção. Cada um dos termos não se limita a ser imediatamente o outro, nem o mediador do outro: mais do que isso, ao realizar-se, cria o outro, realiza-se sob a forma do outro. O consumo consuma o ato de produção, dando ao produto o seu caráter acabado de produto, dissolvendo-o, absorvendo a sua forma autônoma e material, e desenvolvendo - através da necessidade da repetição - a aptidão para produzir surgida no primeiro ato da produção. O consumo não é pois, apenas, o ato final pelo qual o produto se torna realmente produto: é também o ato pelo qual o produtor se torna realmente produtor. A produção, pelo seu lado, gera o consumo, criando um modo determinado de consumo, originando - sob a forma de necessidade - o desejo e a capacidade de consumo.
Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1859/contcriteconpoli/introducao.htm