- ID
- 2341174
- Banca
- IDECAN
- Órgão
- CBM-DF
- Ano
- 2017
- Provas
-
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Médico Anestesiologia
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Médico Cirurgia Vascular
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Médico Proctologia
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Cirurgião-Dentista Endodontia
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Cirurgião-Dentista Odontopediatria
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Cirurgião-Dentista Periodontia
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Complementar Arquivologia
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Complementar Biblioteconomia
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Complementar Enfermagem
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Complementar Engenharia Civil
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Complementar Engenharia Elétrica
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Complementar Engenharia Mecânica
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Complementar Farmácia-Bioquímica
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenente - Complementar Fisioterapia
- IDECAN - 2017 - CBM-DF - 2º Tenen
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Depoimento de Daniel Matenho Cabixi, do povo Pareci,
aldeia de Rio Verde no Mato Grosso
Vi muitas pessoas postarem-se diante de mim, um índio, e ficarem horas e horas a olhar-me. Além de lançarem uma série de perguntas, entre elas, se não existe mais índio brabo.
Penso comigo: que estarão elas pensando? Esforço-me para penetrar em seus pensamentos. Afinal, um descendente de índios selvagens, descendentes de seres mitológicos, índios, está postado diante deles, de calças, camisa e sapatos. Neste momento, a imaginação desse povo simples voa pelo mundo da fantasia.
Como será que vive? O que come? Será que descende de comedores de gente? Terá ele provado alguma carne humana? Tem ele algum sentimento humano de amor e compaixão?
Enfim, percebo que as interpretações e comparações que nos fazem não passam da categoria de animais exóticos que habitam a natureza. Tenho vontade de fazê-los compreender o meu mundo, assim como cheguei a compreender o mundo deles.
Gostaria de dizer-lhes que faço parte de uma sociedade que possui normas de vivência harmônica entre homens e natureza. Gostaria de dizer-lhes que possuímos nossos valores sociais, políticos, econômicos, culturais e religiosos, que adquirimos através dos tempos, de geração em geração.
Gostaria de dizer-lhes que formamos um mundo equilibrado e justo de relações humanas. Dizer que, como humanos, somos sujeitos a falhas e erros. Dizer que nossos sentimentos mais íntimos são exteriorizados através da arte, da língua, da nossa religião, das festas acompanhadas de ritos e cerimônias.
Dizer que conseguimos nossa experiência diante da vida e do universo.
Dizer que conseguimos chegar num equilibrado mundo prenhe de valores que transmitimos a nossos filhos, o que, em outras palavras mais compreensíveis, é sinônimo de educação.
[...]
Dizer que estamos prontos para receber o que de útil a sociedade deles nos oferece e rechaçar o que de ruim ela nos apresenta. Mas a cegueira etnocêntrica não permite este diálogo franco e sincero.
(Depoimento de Daniel Matenho Cabixi. Disponível em: http://www.iande.art.br/textos/danielcabixi.htm. Acesso em: ago, 2016. Adaptado.)