- ID
- 2363428
- Banca
- CONSULPLAN
- Órgão
- TRF - 2ª REGIÃO
- Ano
- 2017
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto para responder à questão.
* Final do romance “Vidas Secas” que narra a família de
Fabiano, mais uma vez, se retirando para algum outro
lugar, em virtude da seca:
Pouco a pouco uma vida nova, ainda confusa, se foi
esboçando. Acomodar-se-iam num sítio pequeno, o que
parecia difícil a Fabiano, criado solto no mato.
Cultivariam um pedaço de terra. Mudar-se-iam depois
para uma cidade, e os meninos frequentariam escolas,
seriam diferentes deles. Sinhá Vitória esquentava-se.
Fabiano ria, tinha desejo de esfregar as mãos agarradas
à boca do saco e à coronha da espingarda de pederneira.
Não sentia a espingarda, o saco, as pedras miúdas
que lhe entravam nas alpercatas, o cheiro de carniças
que empestavam o caminho. As palavras de Sinhá Vitória
encantavam-no.
Iriam para diante, alcançariam uma terra
desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava
nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde
era. Repetia docilmente as palavras de Sinhá Vitória, as
palavras que Sinhá Vitória murmurava porque tinha
confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele
sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os
meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e
necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns
cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam
fazer?
Retardaram-se, temerosos. Chegariam a uma terra
desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão
mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como
Fabiano, Sinhá Vitoria e os dois meninos.
(Vidas Secas, Graciliano Ramos.)
Em “Eles dois velhinhos, acabando-se como uns
cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia.” (3°§) a
construção apresentada é feita empregando-se, como
recurso linguístico,