SóProvas


ID
2363566
Banca
CONSULPLAN
Órgão
TRF - 2ª REGIÃO
Ano
2017
Provas
Disciplina
Redação Oficial
Assuntos

Texto II para responder à questão.

O mundo e os refugiados

      [...] Na discussão dos extremos no século 21 cabe um paralelismo com os do século 20. Lembro, assim, a análise de Hannah Arendt a respeito daqueles que na Europa pós-1ª Guerra Mundial se viram, por obra dos totalitarismos, expulsos da trindade Estado-povo-território, tornaram-se indesejáveis não documentados em quase todos os lugares e tidos como descartáveis – ponto de partida dos campos de refugiados, facilitadores dos campos de concentração.

      Foi a reação diplomática a essas catástrofes que levou à “ideia a realizar”, que está na origem da ONU, de institucionalizar uma comunidade internacional atenta aos direitos fundamentais e à dignidade do ser humano. Partiu-se conceitualmente do pressuposto kantiano de um direito à hospitalidade universal, lastreado na hipótese de que a violação do direito num ponto da Terra seria efetivamente sentida em todos os demais. É esta, a “ideia a realizar” de uma comunidade internacional tuteladora do direito à hospitalidade universal, que está hoje em questão de maneira dramática.

      Na perspectiva do efeito destrutivo atual dos extremos, cabe sublinhar a trágica precariedade que assola a vida de pessoas nas regiões do que pode ser qualificado de o arco da crise. No Oriente Médio e em partes da África há Estados falidos (como o Iraque e a Líbia), Estados em estado pré-falimentar, conflitos e guerras civis que se prolongam com intervenções extrarregionais, como a que desagrega a Síria, a precariedade e artificialidade de fronteiras interestatais, que instigam conflitos étnicos e religiosos. Tudo isso, em conjunto, vem catalisando a existência dessa enorme população de excluídos do mundo comum, refugiados que fogem do arco da crise, sem encontrar destino e acolhida.

      O número de pessoas que buscam asilo, estão internamente deslocadas nos seus países ou são refugiadas por obra de guerras e perseguições, se elevou de 59.6 milhões em 2014 para 65.3 milhões de pessoas no final de 2015. Isso significa que uma em cada 113 pessoas da população mundial está fora do mundo comum e não tem acesso ao direito à hospitalidade universal. Cerca de 51% de refugiados do mundo são crianças, muitas separadas dos pais e viajando sozinhas à procura de destino. A situação da Síria, a do Sudão do Sul, a do Iêmen, do Burundi, da República Centro- -Africana são forças alimentadoras desse fluxo de pessoas de países de baixa renda que enfrentam essa dura realidade.

      O limbo em que se encontram os excluídos do mundo comum, mais tenebroso que os círculos do inferno de Dante, é, na perspectiva de uma razão abrangente da humanidade, a mais grave tensão difusa que permeia a vida internacional.

(Celso Lafer, 17 Julho 2016. Disponível em: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,o-mundo-e-os-refugiados,10000063317. Acesso em: janeiro de 2017. Adaptado.)

Concernente às características da linguagem adequadamente utilizada nos textos do gênero “Correspondência oficial” (conforme Manual de Redação da Presidência da República) e da utilizada no texto em análise pode-se afirmar que é comum aos dois textos:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito C

    D, erro a linguagem técnica, aquela que somente um grupo entende não pode ser usada na redação oficial.

    A e B, erro o enunciador não é impessoal ele omite opinião em vários trechos "tenebroso" último parágrafo por exemplo.

     

  • José o enunciador "emite" e não "omite" opinião.

  • o "Lembro..." matou a questão. Pelo menos essa acertei kkk

  • qual é o segundo texto?

  • Deborah, acredito que além do texto da prova, o segundo seria o da redação oficial mesmo, tipo, as palavras, as formas e tal que vc escreve um documento oficial. Não sei se ajudou muito, mas na minha kbça foi nítida buscar essa diferença de textos que o comando da questão citou! hehe

  • Deborah, o "segundo texto" são os textos produzidos de acordo com o Manual de Redação da Presidência da República. Segundo o Manual, os textos devem ser escritos observando-se alguns princípios, dentre eles o da impessoalidade e o da clareza. O primeiro refere-se e não deixar marcas pessoais, tipo opiniões, e o segundo diz respeito ao uso da norma culta (que é diferente de  resbuscamento), evitando-se jargões, coloquialismos, regionalismos, etc.

  • Não devem ser empregados no texto, segundo o Manual da Presidência:
    Linguagem rebuscada, ou informal (níveis de linguagem: culta – formal, norma padrão – e coloquial – informal, não existe em redação oficial; a linguagem culta se divide em dois níveis: rebuscada e usual – apenas a usual existe na redação ofcial);

    GABARITO -> [C]

     

  • GABARITO: LETRA C

    Atributos da redação oficial:

    A redação oficial deve caracterizar-se por:

     clareza e precisão;

     objetividade;

     concisão;

     coesão e coerência;

     impessoalidade;

     formalidade e padronização; e

     uso da norma padrão da língua portuguesa.

    FONTE:   MANUAL DE REDAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 3ª EDIÇÃO.