Questão 2364862

• Banca: IADES
• Órgão: Fundação Hemocentro de Brasília - DF
• Ano: 2017
• Provas: IADES - 2017 - Fundação Hemocentro de Brasília - DF - Comunicação Social - Jornalismo
• Disciplina: Jornalismo
• Assuntos: Apuração; Construção social da realidade; Objetividade e Imparcialidade; Ética Jornalística; Imagem, Representação e Realidade; Produção da Notícia; Técnicas Jornalísticas; Teoria da Imagem; Teorias da Comunicação

A respeito do processo de produção da notícia, assinale a alternativa correta

• A. O debate acerca da objetividade envolve outros conceitos, como o de realidade e o de processo de conhecimento.
• B. No ano de 2011, com o objetivo de superar a sua maior concorrente, a Rede Record divulgou o normativo Princípios Editoriais da Rede Record, uma espécie de tratado e acordo público entre direção, jornalistas e audiência quanto às regras para a conduta jornalística.
• C. As discussões relativas à objetividade e à subjetividade remontam à Grécia Antiga. Para os sofistas, a verdade deve ser interpretada como a correspondência com a realidade (supraobjetividade), enquanto que, para os idealistas, a verdade é aquilo que nos convém (subjetividade).
• D. As novas teorias de comunicação, assumindo a impossibilidade da objetividade absoluta, tornam relativa a importância da isenção para a credibilidade do veículo, o que tem permitido, cada vez mais, que jornais e televisões se posicionem politicamente.
• E. A multiplicidade de fontes na apuração de um fato não ajuda a configurar a isenção.

Gabarito: A

Comentários

• Gabarito duvidoso. 

   

  Para a socióloga Gaye Tuchman, a utilização do conceito de objetividade por parte dos jornalistas está relacionada à própria prática da profissão. “[os jornalistas] acreditam que podem mitigar pressões contínuas como sejam os prazos, os possíveis processos de difamação e as repressões antecipadas dos superiores com a argumentação de que seu trabalho é ‘objetivo’. (...) O artigo sugere que a ‘objetividade’ pode ser vista como um ritual estratégico, protegendo os jornalistas dos riscos de sua profissão” (TUCHMAN, 2015, p. 115).

  Em outras palavras, “(...) o manuseamento da “estória”, isto é, o uso de certos procedimentos perceptíveis ao consumidor de notícia, protege o jornalista dos riscos de sua atividade, incluindo os críticos. Os jornalistas invocam os procedimentos rituais para neutralizar potenciais críticos e para seguirem rotinas confinadas pelos ‘limites cognitivos da racionalidade’. Ou estratégias performativas. Os jornalistas podem apontar como prova que fazem a distinção entre aquilo que pensam e aquilo que relatam. Eles podem afirmar que:

  1) apresentam versões diferentes de uma mesma realidade (“apresentação de possibilidades conflituais” “o jornalista pode, então, reivindicar que está sendo ‘objetivo’, pois apresenta os dois lados da questão”.

  (...)

  3) utilizaram aspas para indicar que o repórter não está a dar uma versão dos acontecimentos; (“ao inserir a opinião de alguém, eles acham que deixam de participar na notícia e deixam os “fatos” falar”)"

  Referência

  TUCHMAN, Gaye. A objetividade como ritual estratégico: uma análise das noções de objetividade dos jornalistas. Florianópolis: Insular, 2015.

• "Objetividade em jornalismo deve ser entendida como a relação/conexão entre realidade social e realidade midiática, como a busca e a aproximação da realidade através do jornalismo. Objetividade jornalística, por sua vez, deve ser entendida como o conjunto de normas e regras para a observação da realidade, que tem como objetivo a produção de uma semelhança estrutural entre realidade social e realidade midiática. Objetividade é portanto uma discussão sobre a possibilidade de se conhecer a realidade, ou seja, uma questão para a teoria do conhecimento."

  Fonte: http://observatoriodaimprensa.com.br/primeiras-edicoes/objetividade-e-a-teoria-do-conhecimento/

  
  

  Gabarito: A