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ID
2392708
Banca
NC-UFPR
Órgão
COPEL
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Um dos melhores indicadores dos avanços de igualdade de gênero em uma sociedade é a incorporação à língua de termos femininos para designar posições de prestígio – uma necessidade ligada ao preenchimento gradual por mulheres do espaço de profissões tradicionalmente exercidas por homens. “Quando há a incorporação de equivalente feminino para determinadas profissões, temos indícios de que mudanças quanto aos papéis de gênero estão tendo lugar”, diz Elisa Battisti, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que estuda a variação linguística como prática social. A Babbel, empresa alemã de educação que criou um aplicativo de idiomas, elaborou uma análise sobre as nomenclaturas alusivas às posições ocupadas por mulheres no mercado de trabalho em oito línguas. A análise serve para avaliar quais são as línguas (e as sociedades) que mais evoluíram na incorporação de vocábulos que mostram a ocupação do mercado de trabalho por mulheres.
Entre as línguas mais conservadoras estão o italiano e o francês. O italiano é pouco flexível. Muitos títulos que designam profissões ainda apresentam apenas a forma masculina e poucas declinações femininas foram estabelecidas na terminologia oficial, como “ministro”, “architetto” (arquiteto) e “avvocato” (advogado). “Sindaco” (prefeito) é uma das poucas palavras que mereceram atualização de gênero pela Accademia della Crusca, órgão oficial da língua italiana – no caso, “sindaca” (prefeita).
O francês demonstra igualmente muita resistência à incorporação de novos vocábulos para designar profissões exercidas por mulheres. A concordância de gênero não é sequer incentivada pela Academia Francesa em títulos de prestígio, com a justificativa de que é preciso preservar a língua. “Le ministre” (o ministro) é a chancela oficial para homens e mulheres. No Québec, no Canadá, desde 1979, o termo “madame le ministre” foi cunhado por lei para se referir às mulheres que ocupam cargos de ministro. “A nomenclatura com predominância de termos masculinos indica a posição inferior que as mulheres ocupam em certas instâncias de participação social”, afirma Elisa Battisti.
A necessidade de adotar designações próprias para posições ocupadas por mulheres no idioma pode, em alguns casos, ser interpretada de maneira pejorativa. No polonês, as profissões femininas são designadas pela terminação “ka”, mas o mesmo terminativo é usado para diminutivos. O termo “nauczycielka” é usado para a profissão de maestrina, assim como o diminutivo da palavra café (kawa) é “kawka”, cafezinho. Por essa associação do terminativo “ka” com diminutivos, a ex-ministra do Esporte e Turismo polonês, Joanna Mucha, decidiu usar a versão latina “ministra” e se recusou a ser chamada de “ministerka”, pois poderia ser pejorativamente confundida como “ministrinha”.
Entre os países analisados, o Brasil (e a língua portuguesa) não está entre os países mais conservadores. Desde 2012, palavras como “bacharela” e “mestra” se tornaram obrigatórias em diplomas. A obrigatoriedade foi determinada pela Lei 12.605, na qual o Artigo 1º especifica que “instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido”.
Muitos termos de profissões podem ser aplicados aos dois gêneros, como as palavras terminadas com o sufixo “ente”, “ante”, “inte” e “ista” (como, por exemplo, “pianista”). Para se referir à ex-presidente Dilma Rousseff, tanto “presidente” como “presidenta” são termos corretos – a escolha linguística de Dilma por “presidenta” era uma opção política para reforçar o gênero feminino, uma decisão elogiada pela professora Elisa Battisti, da UFRGS. “A imposição do emprego do termo ‘presidenta’, mesmo enfrentando resistências, lança luz sobre a questão da inferiorização da atuação das mulheres no espaço social, o que a médio e longo prazo contribui para se repensar e rever as relações sociais”, diz.
(Fonte: Revista Época. Disponível em:http://epoca.globo.com/educacao/noticia/2017/03/. Acesso em 09/03/2017.)

Com base no texto, considere as seguintes afirmativas:
1. Diferentemente da França, no Québec, a expressão “madame le ministre”, criada por lei, demonstra a preocupação do governo em incorporar à língua termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres.
2. A Polônia mantém-se conservadora e está entre os países que não incorporaram termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres, obrigando a ministra do Esporte e do Turismo daquele país a adotar um termo latino.
3. O Brasil ocupa uma posição intermediária no que diz respeito à incorporação de termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres.
Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Com base no texto, Com base no texto, Com base no texto, considere as seguintes afirmativas:


    1. Diferentemente da França, no Québec, a expressão “madame le ministre”, criada por lei, demonstra a preocupação do governo em incorporar à língua termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres?

    O francês demonstra igualmente muita resistência (referindo-se ao idioma italiano). A concordância de gênero não é sequer incentivada pela Academia Francesa em títulos de prestígio. “Le ministre” (o ministro) é a chancela oficial para homens e mulheres. (DIFERENTEMENTE) No Québec, no Canadá, desde 1979, o termo “madame le ministre” foi cunhado por lei para se referir às mulheres que ocupam cargos de ministro.

    Em contraposição ao gabarito, no meu entender, o item 1 está CORRETO.

     

    2. A Polônia mantém-se conservadora e está entre os países que não incorporaram termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres, obrigando a ministra do Esporte e do Turismo daquele país a adotar um termo latino?

    A Polônia não obrigou a ministra do Esporte e do Turismo à adotar o termo latino. Ela (ministra) optou por trocar o termo para evitar ser inferiorizada. Em nenhum momento o texto diz que a Polônia não incorporou termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres.

    Logo, o item 2 foi (corretamente) considerado INCORRETO.

     

    3. O Brasil ocupa uma posição intermediária no que diz respeito à incorporação de termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres.

    Em que pese ser possível inferir que o Brasil ocupa uma posição intermediária, o texto não deixa isso claro, pelo contrário, na sequência, dá a entender que o país faz parte de um grupo mais adepto à flexão do gênero, não ocupando, portanto, mera posição intermediária. Vejamos:

    Entre os países analisados, o Brasil não está entre os países mais conservadores.

    Ora, o simples fato de não estar entre os países mais conservadores não quer dizer, necessariamente, que o Brasil faça parte dos intermediários. Nessa seara, podemos muito bem ter "conservadores", "intermediários" e "progressitas" (inovadores).

    Logo, esse item 3, ao meu ver, pode estar tanto CORRETO quanto INCORRETO.

     

    Sempre estudei língua portuguesa pelas bancas CESPE, FCC, ESAF... mas parece que agora terei de desaprender tudo, em função de uma prova cuja banca será essa bendita NC-UFPR.

  • Concordo plenamente com o Gustavo K em relação à afirmativa 1. 

    Vai entender o que se passar na "cabeça" dessas bancas...

  • Termo específico, no caso do texto, são termos como: "mestra", "secretária"... acredito que dizer: "madame le ministre”", é manter o termo "ministre" (ministro) e não crir um termo específico. A precocupação está em mater somente a forma masculina.

  • 1. Diferentemente da França, no Québec, a expressão “madame le ministre”, criada por lei, demonstra a preocupação do governo em incorporar à língua termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres.
    Errado, hora alguma se falou da Fança (país). Falou-se da lingua francesa-O francês. Além do que a autora identificou que a predominância de termos masculinos é um tipo de preconceito(idéia que vai de contraponto à uma preocupação do país)
    2. A Polônia mantém-se conservadora e está entre os países que não incorporaram termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres, obrigando a ministra do Esporte e do Turismo daquele país a adotar um termo latino.
    Errado, a polônia não se mantém conservadora; ela até adota termos para se referenciar a  mulheres, porém são preconceituosos e podem ser confundidos com o diminutivo.
    3. O Brasil ocupa uma posição intermediária no que diz respeito à incorporação de termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres
    Ao meu ver errada a assertiva, pois hora alguma mencionou que a posição do brasil era intermediária e sim menos conservadora e de acordo com o texto é extrapolação, mas na dúvida a menos errada é a 3.

     

  • Concordo plenamente com o colega Gustavo K com relação às afirmativas 1 e 3

  • Concordo com as considerações do Eric Botelho.

  • 1-Diferentemente da França, no Québec, a expressão “madame le ministre”, criada por lei, demonstra a preocupação do governo em incorporar à língua termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres. 

    R: ERRADO, pois  ''Madame le Ministre'', ou ''Senhora o Ministro'' no português não tem nada de preocupação quanto a adequação de gêneros, muito pelo contrário, é um termo com predominância de palavras no masculino.

    Isso fica bem claro na passagem do terceiro parágrafo onde Elisa Battisti critica o termo dizendo que: “A nomenclatura com predominância de termos masculinos indica a posição inferior que as mulheres ocupam em certas instâncias de participação social”

    3-O Brasil ocupa uma posição intermediária no que diz respeito à incorporação de termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres.

    R: Acho que pelo texto podemos entender que o Brasil não é um país extremamente conservador nem extremamente  liberal, ou seja, é um país intermediário no que diz respeito à incorporação de termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres.

     

  • Gabarito C. EM "Não estar entre os países mais conservadores", entende-se que o Brasil é conservador, mas não "entre os mais conservadores", e se conservador, não é liberal , ou seja, intermediário.

  • O meu raciocínio ao resolver a questõa foi idêntico ao exposto pelo Gustavo Ka. Porém, li e reli a questão várias vezes e comecei a pensar que a assertiva 1 possa estar errada ao marcar uma oposição à França que não está explícita no texto. Percebam que no parágrafo do texto em que a situação é mencionada, o Québec não é trazido para confrontar a tese de que a língua francesa seja conservadora, mas justamente reiterá-la. Ainda que seja tentador considerar como oposição, dada a informação de que a nova expressão foi cunhada por lei no Quebéc, não há qualquer elemento coesivo que indique a oposição em termos semânticos. É uma inferência equivocada, portanto, achar que o exemplo canadense seja contrastante ao exemplo francês. Na verdade, ele reforça tanto a tese do conservadorismo da Academia Francesa que a expressão "madame le ministre" não é uma alteração do vernáculo - justamente o ponto de discussão da pesquisadora Elisa Battisti - mas um mero arranjo de palavras já existentes no idioma francês. Caso toda essa argumentação ainda soe muito subjetiva, pois entendo que a questão seja realmente muito engenhosa, percebam que é um exagero a afirmação da assertiva 1 de que a expressão "madame le ministre" demonstre preocupação do governo. Em momento algum este argumento é expresso no texto.

  • Concordo com o Gustavo Ka!

  • Gostaria de que algum professor comentasse as questões de interpretação/compreensão da NC-UFPR, a meu ver, quase sempre há uma extrapolação - em pelo menos uma assertiva correta -, divergindo mt do que estamos acostumados a verificar em outras bancas.

  • texto: Entre os países analisados, o Brasil (e a língua portuguesa) não está entre os países mais conservadores. 

    item 3. O Brasil ocupa uma posição intermediária no que diz respeito à incorporação de termos específicos para designar os cargos ocupados por mulheres.

    Ora, a alternativa traz uma dupla interpretação, mas se raciocinarmos da seguinte forma: se ele não esta no grupo dos mais conservadores só resta concluir que ele só pode se encontrar, no grupo dos intermediários, ou seja, nem mais nem menos, se eu tiver errado corrijam-me por favor.

  • Ao meu entender, o erro da 1 está no significado do termo "cunhado". "o termo “madame le ministre” foi cunhado por lei para se referir..."

    A palavra cunhado possui também outros significados como: cunhar algo, o que já foi cunhado, ou seja, foi moldado

    Ou seja, a expressão não foi CRIADA por lei, conforme diz a questão, e sim transformada em lei.

    Eu entendi isso, se estiver totalmente errada me avisem, por favor hehe

  • Galera da PC PR, só digo uma coisa: 50% conhecimento 50% sorte essa prova, kkkkkk.

  • Gabarito: C.

    Os vocábulos "cunhar" e "criar", no contexto, apresentam significados diferentes. Cunhar, pelo que entendi significou dizer que foi CONVERTIDO em lei e não criado. Com isso, temos uma diferença grande de sentido. Ademais, "O francês" refere-se ao idioma e "França" ao país. O francês é uma língua exclusiva da França? Não. Outros países falam Francês, a exemplo do Canadá que foi citado na sequência. Não há como o primeiro item ser correto. Façam uma analogia semelhante: Falar que o inglês é conservador é o mesmo que falar que o Reino Unido é conservador? Não.

    Quanto ao item 3, acredito que foi atenção no caminho do texto. O texto inteiro fala do conservadorismo da lingua, certo? Significa, pelas ideias expostas ao longo dele, que quanto mais conservador em termos linguísticos um país é. "mais alto" ele estará dentre os demais. Como o autor fala que o Brasil não é tão conservador, cita o exemplo da flexão de gênero para algumas palavras, ele coloca o Brasil em uma posição intermediária. Isto é, existem países que estão no topo, como a França, Itália; e existem países como o Brasil que estão em posições intermediárias em função da flexibilização.

    Questão bem difícil.

    Bons estudos!

  • examinador às vezes é igual criança

    -essa questão está certa!

    -por quê?

    -porque sim

  • Banca satânica! será vencida no juízo final. data da prova. rsrsrsrsrs

  • "Intermediário", não sei onde vocês enxergaram com tanta clareza isso no texto, pra mim a informação de que: "O brasil não está entre os conservadores" não é suficiente para qualificá-lo como intermediário. A 1 está muito mais correta que a 3. Banca imprevisível, estude seu edital e compre uma bola de cristal.

  • Se extrapola marca certo porque essa banca é dessas!

  • Questão indicada para comentário. Não faz sentido os comentários que dizem que o texto não disse França e sim francês, pois logo depois o texto diz que a academia francesa não incentiva, então está falando sim do país. O verbo cunhar também significa criar, inventar. Não vejo como essa assertiva 1 pode estar incorreta.

  • Pessoal, a resposta não está explicita no texto, por isso temos que entender o que a banca pede.

  • Qual o erro da 1?

  • Pessoal, pede comentário do professor!

    Não consegui achar erro na 1)

    3) coloquei como correta mesmo achando que foi extrapolação, a banca é dessas.

  • Gabarito C

    A linha de raciocínio do colega Rafael Barcellos parece fazer sentido. O "francês" é diferente de "França".

    Sou da turma que marcou "D", porém, analisando melhor o item 1 extrapola bastante o texto.

  • Não se preocupem, a banca é fdp e a resposta é absurda! Se cair uma dessa na sua prova todo mundo vai errar, não faz diferença.

  • Se o governo não tivesse preocupação, pq ele iria enclementar o termo, não faz sentido algum!

  • texto canhoto esse ai hein...

  • "Entre as línguas mais conservadoras estão o italiano e o francês."

    De fato, apesar de ter errado também, devo concordar com o gabarito. O texto faz menção ao idioma francês, que é falado eu outros países além da França.

    Já a afirmativa 1 refere-se somente há um país.

  • O Brasil ocupa uma posição intermediária? O texto apenas diz que NÃO ocupa posição entre os conservadores. Na minha opnião a acertiva extrapola.

  • Se tivesse a Opção "Nenhuma opção correta" provavelmente eu erraria a questão.