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ID
2392711
Banca
NC-UFPR
Órgão
COPEL
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Um dos melhores indicadores dos avanços de igualdade de gênero em uma sociedade é a incorporação à língua de termos femininos para designar posições de prestígio – uma necessidade ligada ao preenchimento gradual por mulheres do espaço de profissões tradicionalmente exercidas por homens. “Quando há a incorporação de equivalente feminino para determinadas profissões, temos indícios de que mudanças quanto aos papéis de gênero estão tendo lugar”, diz Elisa Battisti, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que estuda a variação linguística como prática social. A Babbel, empresa alemã de educação que criou um aplicativo de idiomas, elaborou uma análise sobre as nomenclaturas alusivas às posições ocupadas por mulheres no mercado de trabalho em oito línguas. A análise serve para avaliar quais são as línguas (e as sociedades) que mais evoluíram na incorporação de vocábulos que mostram a ocupação do mercado de trabalho por mulheres.
Entre as línguas mais conservadoras estão o italiano e o francês. O italiano é pouco flexível. Muitos títulos que designam profissões ainda apresentam apenas a forma masculina e poucas declinações femininas foram estabelecidas na terminologia oficial, como “ministro”, “architetto” (arquiteto) e “avvocato” (advogado). “Sindaco” (prefeito) é uma das poucas palavras que mereceram atualização de gênero pela Accademia della Crusca, órgão oficial da língua italiana – no caso, “sindaca” (prefeita).
O francês demonstra igualmente muita resistência à incorporação de novos vocábulos para designar profissões exercidas por mulheres. A concordância de gênero não é sequer incentivada pela Academia Francesa em títulos de prestígio, com a justificativa de que é preciso preservar a língua. “Le ministre” (o ministro) é a chancela oficial para homens e mulheres. No Québec, no Canadá, desde 1979, o termo “madame le ministre” foi cunhado por lei para se referir às mulheres que ocupam cargos de ministro. “A nomenclatura com predominância de termos masculinos indica a posição inferior que as mulheres ocupam em certas instâncias de participação social”, afirma Elisa Battisti.
A necessidade de adotar designações próprias para posições ocupadas por mulheres no idioma pode, em alguns casos, ser interpretada de maneira pejorativa. No polonês, as profissões femininas são designadas pela terminação “ka”, mas o mesmo terminativo é usado para diminutivos. O termo “nauczycielka” é usado para a profissão de maestrina, assim como o diminutivo da palavra café (kawa) é “kawka”, cafezinho. Por essa associação do terminativo “ka” com diminutivos, a ex-ministra do Esporte e Turismo polonês, Joanna Mucha, decidiu usar a versão latina “ministra” e se recusou a ser chamada de “ministerka”, pois poderia ser pejorativamente confundida como “ministrinha”.
Entre os países analisados, o Brasil (e a língua portuguesa) não está entre os países mais conservadores. Desde 2012, palavras como “bacharela” e “mestra” se tornaram obrigatórias em diplomas. A obrigatoriedade foi determinada pela Lei 12.605, na qual o Artigo 1º especifica que “instituições de ensino públicas e privadas expedirão diplomas e certificados com a flexão de gênero correspondente ao sexo da pessoa diplomada, ao designar a profissão e o grau obtido”.
Muitos termos de profissões podem ser aplicados aos dois gêneros, como as palavras terminadas com o sufixo “ente”, “ante”, “inte” e “ista” (como, por exemplo, “pianista”). Para se referir à ex-presidente Dilma Rousseff, tanto “presidente” como “presidenta” são termos corretos – a escolha linguística de Dilma por “presidenta” era uma opção política para reforçar o gênero feminino, uma decisão elogiada pela professora Elisa Battisti, da UFRGS. “A imposição do emprego do termo ‘presidenta’, mesmo enfrentando resistências, lança luz sobre a questão da inferiorização da atuação das mulheres no espaço social, o que a médio e longo prazo contribui para se repensar e rever as relações sociais”, diz.
(Fonte: Revista Época. Disponível em:http://epoca.globo.com/educacao/noticia/2017/03/. Acesso em 09/03/2017.)

A intenção do texto é:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: B

     

    "A nomenclatura com predominância de termos masculinos indica a posição inferior que as mulheres ocupam em certas instâncias de participação social”, afirma Elisa Battisti."

  • Vamos indicar para comentário, 

  • Texto muito bom!

  • Pra mim, claramente durante mais da metade do texto, há constante comparação entre as línguas (flexões) de diferentes países. Inclusive afirmando que o Brasil (língua portuguesa) não é tão conservador quanto já citados.

  • Alguém consegue ajudar?

  • Presidenta, mestra e bacharela kakakakaka

  • Qual o erro da C

  • Rafael Torresi,

    Não há comparação. A autora do texto exemplifica que alguns países são conservadores e outros não quanto a flexão de gênero de algumas palavras. O fato dela expor alguns dados e logo depois outros contrários, não impõe, necessariamente, uma comparação. Não há qualquer conectivo no texto que induz a esse sentido.

    Gabarito: B.

    Bons estudos!

  • você lê por 5 min o texto p ir lá e errar a questão pqp
  • slc texto grande desse leva uns 10 minutos..

  • Eu sou extremamente a favor da conquista de espaço pelas mulheres na sociedade e na equiparação de direitos e obrigações com os homens, ENTRETANTO, eu não consigo dar a devida atenção necessária para esse debate, por não conseguir entender o porquê, da PALAVRA MACHISMO ser associado à coisa RUIM enquanto a palavra FEMINISMO deve ser associada a uma coisa boa, se são palavras sinônimas. Acho que o nome desse movimento feminino deveria ser mudado para que ele fosse levado mais a sério. Para mim, o MACHISMO E O FEMINISMO são os extremos de coisas ruins.