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ID
2401924
Banca
IFB
Órgão
IFB
Ano
2017
Provas
Disciplina
História
Assuntos

Analisando o percurso da democracia no Brasil, o historiador José Murilo de Carvalho entende que a relação do cidadão brasileiro com o Estado passa principalmente por uma excessiva valorização do poder executivo, o que o autor chama de “estadania”. Leia as afirmativas sobre a “estadania”.

I) A ação política é orientada, sobretudo, para a negociação indireta com o governo, apesar da mediação da representação.

II) Favorece uma visão corporativa dos interesses coletivos.

III) A Constituinte de 1988 foi um dos raros momentos em que corporativismo, fruto da “estadania”, não se manifestou no processo político brasileiro.

IV) A representação política não funciona para resolver os grandes problemas da maior parte da população, reduzindo-se o papel dos legisladores, para a maioria dos votantes, ao de intermediários de favores pessoais perante o poder executivo.

V) Crescimento da impaciência popular com o funcionamento geralmente mais lento do mecanismo democrático de decisão, daí a busca de soluções mais rápidas por meio de lideranças carismáticas e messiânicas.

Assinale a alternativa que apresenta somente as afirmativas CORRETAS.

Alternativas
Comentários
  • reposta c questao complexa

  • GAB: C

    O Estado brasileiro, dessa forma, não adquire papel de poder público garantidor dos direitos de todos; dependente dos grupos econômicos que estabelecem uma relação em que os bens públicos serão administrados de forma particular, isto é, excluindo a maior parcela da população em nome dos interesses particulares e direitos individuais, se estabelece uma relação clientelista com o Estado, a chamada estadania. Carvalho (2001, p. 215-6)

     A inversão do caminho para a cidadania, isto é, a garantia primeiro dos direitos sociais, muitas vezes, em detrimento das outras esferas, gerou consequências para o quadro político e institucional brasileiro. Carvalho (2001, p. 221) nota a “excessiva valorização do Poder Executivo”, reforçando a tradição ibérica do patrimonialismo; a ação política voltada para a negociação direta com o governo, “sem passar pela mediação da representação”, isto é, “essa cultura orientada mais para o Estado do que para a representação é o que chamamos de ‘estadania’, em contraste com a cidadania.” Junto a isso, vem a busca por um “messias político, por um salvador da pátria”; a descrença com o governo democrático devido à baixa eficácia do sistema representativo, faz com que a população busque soluções mais rápidas, acabam por depositar suas expectativas em líderes messiânicos ou carismáticos. Além disso, gerou uma crença no corporativismo como forma de alcançar os interesses coletivos.