- ID
- 2402686
- Banca
- COSEAC
- Órgão
- UFF
- Ano
- 2017
- Provas
-
- COSEAC - 2017 - UFF - Arquiteto e Urbanista
- COSEAC - 2017 - UFF - Arquivista
- COSEAC - 2017 - UFF - Contador
- COSEAC - 2017 - UFF - Engenheiro/Área: Civil
- COSEAC - 2017 - UFF - Engenheiro/Área: Elétrica
- COSEAC - 2017 - UFF - Médico Veterinário
- COSEAC - 2017 - UFF - Médico/Área: Cardiologia
- COSEAC - 2017 - UFF - Médico/Área: Geriatria
- COSEAC - 2017 - UFF - Médico/Área: Ortopedia
- COSEAC - 2017 - UFF - Nutricionista
- COSEAC - 2017 - UFF - Odontólogo
- COSEAC - 2017 - UFF - Pedagogo
- COSEAC - 2017 - UFF - Químico
- COSEAC - 2017 - UFF - Secretário Executivo
- COSEAC - 2017 - UFF - Técnico em Assuntos Educacionais
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto
A IMAGEM NO ESPELHO
Aos 20 anos escreveu suas memórias. Daí por diante é que começou a viver. Justificava-se:
– Se eu deixar para escrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais. Redigindo-as logo de saída, serão mais fiéis e terão a graça das coisas verdes.
O que viveu depois disto não foi propriamente o que constava do livro, embora ele se esforçasse por viver o contado, não recuando nem diante de coisas desabonadoras. Mas os fatos nem sempre correspondiam ao texto e, para ser franco, direi que muitas vezes o contradiziam.
Querendo ser honesto, pensou em retificar as memórias à proporção que a vida as contrariava. Mas isto seria falsificação do que honestamente pretendera (ou imaginara) devesse ser a sua vida. Ele não tinha fantasiado coisa alguma. Pusera no papel o que lhe parecia próprio de acontecer. Se não tinha acontecido, era certamente traição da vida, não dele.
Em paz com a consciência, ignorou a versão do real, oposta ao real prefigurado. Seu livro foi adotado nos colégios, e todos reconheceram que aquele era o único livro de memórias totalmente verdadeiro. Os espelhos não mentem.
(ANDRADE, C. D. de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981, p. 23.)
“Aos 20 anos escreveu suas memórias. Daí por diante é que começou a viver. Justificava-se:
– Se eu deixar para escrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais. Redigindo-as logo de saída, serão mais fiéis e terão a graça das coisas verdes”.
A construção dos parágrafos acima configura uma estrutura predominantemente: