SóProvas


ID
2402713
Banca
COSEAC
Órgão
UFF
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto

                                     A IMAGEM NO ESPELHO

      Aos 20 anos escreveu suas memórias. Daí por diante é que começou a viver. Justificava-se:

      – Se eu deixar para escrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais. Redigindo-as logo de saída, serão mais fiéis e terão a graça das coisas verdes.

      O que viveu depois disto não foi propriamente o que constava do livro, embora ele se esforçasse por viver o contado, não recuando nem diante de coisas desabonadoras. Mas os fatos nem sempre correspondiam ao texto e, para ser franco, direi que muitas vezes o contradiziam.

      Querendo ser honesto, pensou em retificar as memórias à proporção que a vida as contrariava. Mas isto seria falsificação do que honestamente pretendera (ou imaginara) devesse ser a sua vida. Ele não tinha fantasiado coisa alguma. Pusera no papel o que lhe parecia próprio de acontecer. Se não tinha acontecido, era certamente traição da vida, não dele.

      Em paz com a consciência, ignorou a versão do real, oposta ao real prefigurado. Seu livro foi adotado nos colégios, e todos reconheceram que aquele era o único livro de memórias totalmente verdadeiro. Os espelhos não mentem.

                             (ANDRADE, C. D. de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1981, p. 23.) 

O fragmento sublinhado em “Redigindo-as logo de saída, serão mais fiéis e terão a graça das coisas verdes” é uma metáfora que, em linguagem denotativa, poderia ser substituída por:

Alternativas
Comentários
  • "das coisas verdes" dá a ideia de algo novo, fresco na memória.

    GABARITO A.

  • Realmente a interpretação vai muito além do saber, pois pegando o enunciado todo " Se eu deixar para escrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais. Redigindo-as logo de saída, serão mais fiéis e terão a graça das coisas verdes.

    Na primmeira bate com adolescencia de coisas que se ele tivesse com 70 anos ia voltar a adolescencia  e pegar coisas verdes no sentidos de não maduras ainda, mais como o fragmento vem descatada e Redigindo-as, se volta ao idéia de algo novo e terá mais graça , ou seja, as novidades . texto literario mata pra interpretar

  • Adolescência, cara. Por que não? Muito muito muito mais conveniente que "novidades".

  • Para não confundir:

    Conotativo-  C do Coração

    Denotativo-  D do Dicionário 

  • Will Souza, como ele escreveu o texto com 20 anos, ele não escreveu as memórias como adolescente. Outro erro é o de que essas memórias muito provavelmente contém memórias de quando ele já tinha 18, 19, 20 anos, que configuram como fase adulta. Parece banal, isso faz a alternativa não ser a correta.

  • das coisas verdes, é uma expresão metafória, ou seja, uma expressão conotativa e, o comando da questão, é de descobrir a expressão ou palavra que originou ou represente esta, ou seja, uma denotativa.

     

    adolecência:  se são memórias, refere-se ao passado, desde a infância, adolecência e fase adulta. O personagem está na fase adulta, ou seja, aos 20 anos.

    das ondas do mar,  das frutas não maduras e do seu próprio espelho, são expressões utilizadas como metáforas, ou seja, são conotativas.