SóProvas


ID
2403166
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
UFVJM-MG
Ano
2017
Provas
Disciplina
Serviço Social
Assuntos

Segundo YASBEK (2012), “a noção de pobreza é ampla e supõe gradações, embora seja uma concepção relativa, dada a pluralidade de situações que comporta. No início do século XX, a pobreza é vista como incapacidade pessoal e objeto da benemerência e da filantropia. Aos poucos, [...] nos espaços das cidades, a ‘questão social’ passa a ser o fator impulsionador de medidas estatais de proteção ao trabalhador e sua família até a constituição de programas explicitamente anunciados, como de combate à pobreza”.
Assim, no âmbito da assistência social:

Alternativas
Comentários
  •  a) observa-se um recuo organizativo da sociedade civil, especialmente dos movimentos sociais na luta pela redemocratização.

     b) ocorrem mudanças que impõem uma ruptura efetiva com os padrões meritocráticos prevalecentes até então.

     c) Gab.

     d) o Estado reduz seu nível de intervenção com a implantação de novas estratégias de desenvolvimento concentradoras de capital.

     

    "Não temerá más notícias; seu coração está firme, confiante no Senhor. O seu coração está seguro e nada temerá. No final, verá a derrota dos seus adversários. Salmos 112:6-8"

  • Com o advento do capitalismo monopolista e sua expansão, o Estado necessita refuncionalizar suas funções no que tange o controle da classe trabalhadora. Com o ingresso dessa classe no cenário político e sua organização político e sindical passa a ser necessário ir além da repressão oficial mas também oferecer a esta classe assistência. José Paulo Netto (Estado e questão social no capitalismo dos monopólios. In: Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 5ª edição. São Paulo: Cortez, 2006) destaca que no capitalismo dos monopólios no século XX a esfera estatal passa a assegurar também a conservação física da força de trabalho ameaçada pela superexploração, o que não ocorria anteriormente. Maria Carmelita Yazbek (Pobreza no Brasil contemporâneo e suas formas de enfrentamento. In: Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo. N. 110, p. 288-322, abril/junho, 2012) também relata que principalmente entre os anos de 1960 e 1970 ocorrem transformações no que concerne a proteção social brasileira visando expandir seu acesso e modernizá-lo, porém de forma conservadora. Assim, serão associados nesta proteção a assistência a pobreza ainda de caráter conservador e meritocrático com a repressão e controle oficial da classe laboriosa. Observe que os anos em questão são de ditadura civil-militar no país, os quais exigem repressão e autoritarismo e ao mesmo tempo assistência aos pobres, já que a concentração de renda aumentava exponencialmente sendo um perigo iminente para a classe dirigente. A partir dessa breve noção da proteção designada pelo Estado no capitalismo monopolista, vamos comentar cada alternativa:

    a) Esta alternativa está incorreta. No período destacado pela autora supracitada ocorre a emergência dos movimentos sociais, populares e sindicais na luta contra o totalitarismo e pela redemocratização do país.
    b) Esta alternativa está incorreta. Conforme informa a autora citada, a assistência à pobreza prestada pelo Estado naquele período ainda era realizada com base em conceitos meritocráticos e conservadores.
    c) Esta alternativa está correta. Como vimos anteriormente, esse período requer do Estado para a expansão do capitalismo monopolista ir além da repressão, oferecendo também certa assistência a pobreza como forma também de controle e apaziguamento da classe trabalhadora.
    d) Esta alternativa está incorreta. Nesse período pode-se afirmar que o Estado adquire novas funções para intervir junto a classe trabalhadora. Assim, além de apoiar o desenvolvimento do capital ele deve intervir e controlar a classe trabalhadora, favorecendo também sua reprodução e conservando sua força física.


    RESPOSTA: C
  • Gab.  C

     

    [...] O Estado amplia seu nível de intervenção, tornando‑se o eixo político da recomposição do poder burguês, com a implantação de novas estratégias de desenvolvimento concentradoras de capital, intensificando o nível de exploração da classe operária [...] Trata‑se de um processo de modernização conservadora, que vai combinar assistência à pobreza com repressão, pois essas mudanças não significaram uma ruptura com os padrões meritocráticos prevalecentes até então [...]Cabe ainda ressaltar que a partir de meados de 1970 observa‑se um avanço organizativo da sociedade civil, especialmente dos movimentos sociais na luta pela redemocratização e pela retomada do Estado democrático de direito.

     

     

    Ref.

    YAZBEK, M. C. . Pobreza no Brasil Contemporâneo. Serviço Social & Sociedade , v. 110, p. 288-322, 2012.  Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/sssoc/n110/a05n110.pdf>

     

  • Autor: Victória Sabatine , Mestre em Serviço Social (UFJF), Doutoranda em Serviço Social pela UFRJ, Assistente Social e Professora de Serviço Social

    Com o advento do capitalismo monopolista e sua expansão, o Estado necessita refuncionalizar suas funções no que tange o controle da classe trabalhadora. Com o ingresso dessa classe no cenário político e sua organização político e sindical passa a ser necessário ir além da repressão oficial mas também oferecer a esta classe assistência. José Paulo Netto (Estado e questão social no capitalismo dos monopólios. In: Capitalismo Monopolista e Serviço Social. 5ª edição. São Paulo: Cortez, 2006) destaca que no capitalismo dos monopólios no século XX a esfera estatal passa a assegurar também a conservação física da força de trabalho ameaçada pela superexploração, o que não ocorria anteriormente. Maria Carmelita Yazbek (Pobreza no Brasil contemporâneo e suas formas de enfrentamento. In: Revista Serviço Social e Sociedade. São Paulo. N. 110, p. 288-322, abril/junho, 2012) também relata que principalmente entre os anos de 1960 e 1970 ocorrem transformações no que concerne a proteção social brasileira visando expandir seu acesso e modernizá-lo, porém de forma conservadora. Assim, serão associados nesta proteção a assistência a pobreza ainda de caráter conservador e meritocrático com a repressão e controle oficial da classe laboriosa. Observe que os anos em questão são de ditadura civil-militar no país, os quais exigem repressão e autoritarismo e ao mesmo tempo assistência aos pobres, já que a concentração de renda aumentava exponencialmente sendo um perigo iminente para a classe dirigente. A partir dessa breve noção da proteção designada pelo Estado no capitalismo monopolista, vamos comentar cada alternativa:

    a) Esta alternativa está incorreta. No período destacado pela autora supracitada ocorre a emergência dos movimentos sociais, populares e sindicais na luta contra o totalitarismo e pela redemocratização do país.
    b) Esta alternativa está incorreta. Conforme informa a autora citada, a assistência à pobreza prestada pelo Estado naquele período ainda era realizada com base em conceitos meritocráticos e conservadores.
    c) Esta alternativa está correta. Como vimos anteriormente, esse período requer do Estado para a expansão do capitalismo monopolista ir além da repressão, oferecendo também certa assistência a pobreza como forma também de controle e apaziguamento da classe trabalhadora.
    d) Esta alternativa está incorreta. Nesse período pode-se afirmar que o Estado adquire novas funções para intervir junto a classe trabalhadora. Assim, além de apoiar o desenvolvimento do capital ele deve intervir e controlar a classe trabalhadora, favorecendo também sua reprodução e conservando sua força física.


    RESPOSTA: C

  • Enunciado misturou textos de 2 partes diferentes do texto da Yasbek, a parte que fala da modernização conservadora (assistência + repressão) está, no texto, se referindo ao momento da década de 1960, no período da ditadura.

    "No início do século XX, a pobreza é vista como incapacidade pessoal e

    objeto da benemerência e da filantropia. Aos poucos, com o desenvolvimento

    da urbanização e com a emergência da classe operária e de suas reivindicações

    e mobilizações, que se expandem a partir dos anos 1930, nos espaços das cidades,

    a “questão social” passa a ser o fator impulsionador de medidas estatais de

    proteção ao trabalhador e sua família. Nesse sentido, a questão social é expressão

    do processo de “formação e desenvolvimento da classe operária e de seu

    ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como

    classe por parte do empresariado e do Estado”".

    "Com o tempo, as velhas formas de socorrer os pobres gestadas na filantropia

    e na benemerência evoluem, passando desde “a arrecadação de fundos

    para a manutenção de instituições carentes, auxílio econômico, amparo e apoio

    à família, orientação maternal, campanhas de higiene, fornecimento de filtros,

    assistência médico‑odontológica, manutenção de creches e orfanatos, lactários,

    concessão de instrumentos de trabalho etc.” até programas explicitamente

    anunciados, como de combate à pobreza. Assim, no âmbito da assistência social

    são desenvolvidas políticas para a infância e para a adolescência, para idosos,

    para necessitados e grupos vulneráveis."