Mais da metade dos estudos de psicologia não pode ser
reproduzido
O maior esforço até o momento para reproduzir
pesquisas da área da psicologia revelou que mais da
metade delas falha ao ser replicada ‒ e mesmo aquelas que
tiveram sucesso apresentaram resultados menos
"intensos". A conclusão é de uma ampla análise publicada
na revista Science e revela a preocupação dos cientistas
por artigos mais rigorosos e confiáveis, que realmente
façam avançar a ciência ‒ e não apenas confiram status e
tragam financiamento para seus autores. A
reprodutibilidade é um dos parâmetros mais importantes
para conferir veracidade a um estudo. Nos últimos anos, os
pesquisadores têm se debatido com um número crescente
de artigos retratados, com erros, falhas ou, simplesmente,
fraudentos.
Para verificar se os artigos poderiam ser
reproduzidos, 270 cientistas de todo o mundo, liderados
pelo psicólogo Brian Nosek, professor da Universidade da
Virgínia, nos Estados Unidos, passaram três anos repetindo
100 estudos publicados nos mais importantes periódicos de
psicologia durante 2008. Entraram em contato com os
autores e pediram apoio para adaptar os testes, se fosse o
caso. Ao final, conseguiram reproduzir apenas 36% dos
resultados. Destes, a maior parte (83%) tinha efeitos com
metade da "intensidade" dos originais.
Os pesquisadores incluíram pesquisas famosas,
como a que afirmou que mulheres comprometidas se
sentem mais atraídas por homens solteiros no período
fértil. De acordo com os cientistas responsáveis pela
análise, a baixa taxa de reprodutibilidade não quer dizer
que as pesquisas originais eram fraudes, mas que carecem
de parâmetros que indiquem o grau de replicabilidade dos
achados. Afinal, em ciências como a psicologia ou a
medicina o número de variáveis envolvidas e que precisam
ser controladas para que um estudo tenha sucesso é muito
grande. Ao contrário de experiências com modelos animais,
como ratos ou porcos, que podem ter o genoma
manipulado pelos pesquisadores e vivem em laboratório,
os homens têm histórias de vida e atitudes muito diversas
que podem influenciar os resultados, como se fossem
"ruídos" nos estudos.
"É importante destacar que estes resultados tão
decepcionantes não questionam diretamente a validade
das teorias iniciais", avaliou Gilbert Chin, psicólogo e
redator-chefe da Science. "O que(1) concluímos é que
deveríamos confiar menos em muitos dos resultados destas
experiências."
Credibilidade
O estudo faz parte do Projeto Reprodutibilidade,
uma colaboração internacional formada para identificar
padrões de reprodutibilidade e práticas que poderiam melhorar os artigos científicos. É a segunda vez, neste ano,
que a Science dedica ao tema. Em uma das edições de
junho, Nosek e outros autores chamaram a atenção para o
número crescente de fraudes e retratações na ciência,
causadas, entre outros motivos, pela valorização do
número de publicações científicas que pode incentivar a
queda de qualidade e favorecer a desonestidade. De
acordo com dois comentários, a avaliação quantitativa tem
feito a ciência evoluir de forma "dramática e inquietante" e
ajudado a promover fraudes, a falta de transparência e uma
série de equívocos. Os cientistas sugeriram novos e mais
rigorosos parâmetros para a avaliação de estudos, que(2)
promovam a qualidade dos estudos.
Mais que apontar fragilidades, os cientistas
esperam que análises como que revela a pouca
reprodutibilidade das pesquisas em psicologia possam
ajudar os pesquisadores a fazer uma ciência mais exata e
confiável, estabelecendo padrões para sua reprodução e
verificação.
(veja.abril.com.br. Acesso em 28/08/2015)
No texto, há duas palavras "que" em destaque,
individualizadas com os números (1) e (2). Analise cada uma
delas, para então assinalar a alternativa que contenha sua
classificação morfológica e, se for o caso, sua classificação
sintática.