SóProvas


ID
2422531
Banca
PR-4 UFRJ
Órgão
UFRJ
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Considere o texto a seguir:

      “O país passou, sem escala, dos anacolutos de Dilma Rousseff às mesóclises de Temer. De um ponto de vista (digamos) psíquico-gramatical, a mudança faz o desfavor de sugerir que não há meio termo para o ser brasileiro: ou tropeçamos a cada passo na desestruturação lógica e sintática, tentando fazer com que palavras e coisas se encaixem a golpes de marreta, ou caímos na cafonice bacharelesca que azeita as engrenagens do discurso enquanto o afasta da fala popular e o torna marotamente difícil, concebido menos para se comunicar com cidadãos do que para mesmerizar multidões. Em algum lugar profundo de nossa mentalidade, há uma placa de bronze na qual, sob uma efígie de Rui Barbosa e com nota de rodapé informando tratar-se de tradução do latim, está gravada esta mentira: “Falar enrolado é sinal de uma inteligência superior”.”

Trecho decupado de Temer e a mesóclise: o homem pronominal, de Sérgio Rodrigues. 30 de maio de 2016. http://www.melhordizendo.com/ temer-e-mesoclise-o-homem-pronominal/

Marque a alternativa que define, corretamente, a figura de linguagem associada pelo autor ao modo de expressão da então presidente afastada Dilma Rousseff.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: C

     

    “O país passou, sem escala, dos anacolutos de Dilma Rousseff às mesóclises de Temer.

     

    Anacoluto: é uma figura de linguagem na língua portuguesa que configura uma quebra da estrutura sintática de uma frase.

    Classificada como uma figura de construção, o anacoluto consiste numa “frase quebrada”, normalmente quando o propósito ou assunto de determinada frase é apresentada antes do restante da oração.

    O anacoluto retira a função sintática de determinado termo ou expressão na oração ao alterar a estrutura da mesma. Por norma, as “quebras” nestas frases são feitas com o uso de vírgulas.

     

    Ex: “Eu, toda vez que chego, você me enche de beijos”.

     

    Fonte: https://www.significados.com.br/anacoluto/

  • GABARITO LETRA C

     

    ANACOLUTO é uma figura de linguagem que, segundo a retórica clássica, consiste numa irregularidade gramatical na estrutura de uma frase, como se o locutor começasse uma frase e houvesse uma mudança de rumo no pensamento — por exemplo, mediante o desrespeito das regras de concordância verbal ou da sintaxe.

     

    wikipédia -> fonte: BECCARIA, Gian Luigi. Dizionario di linguistica, 2004, cit., p. 50-1

  • Metáfora  -   figurado

    A metáfora consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende entre elas certas semelhanças.

     

    Metonímia

    A metonímia consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo:

    1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.) 

    2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.)

    3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.)

    4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.)

    5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a  morte. (= Sócrates tomou veneno.)

    6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.)

     

    Catacrese

    Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original.

    Exemplos:

    "asa da xícara""batata da perna"

    "maçã do rosto""pé da mesa"

    "braço da cadeira""coroa do abacaxi"

     

    Perífrase

    Trata-se de uma expressão que designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. Veja o exemplo:

    A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.

    Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia.

    Exemplos:

    O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o bem.
    O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jovem.
    O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.

     

    Sinestesia

    Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.

    Exemplos:

    Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = auditivo; áspero = tátil)
    No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; negro = visual)

     

    Antítese

    Consiste na utilização de dois termos que contrastam entre si. Ocorre quando há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. O contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. Observe os exemplos:

    "O mito é o nada que é tudo." (Fernando Pessoa)
    O corpo é grande e a alma é pequena.
     

    Paradoxo

    Consiste numa proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias contraditóriasVeja o exemplo:

    Na reunião, o funcionário afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades econômicas.

     

    Eufemismo

    Consiste em empregar uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante.

    Exemplos:

    Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor. (= morreu)

     

     

  • Ironia

    Consiste em dizer o contrário do que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo de pensamento com a intenção de ridicularizá-lo, ou ainda em  ressaltar algum aspecto passível de crítica. A ironia deve ser muito bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emissor. Veja os exemplos abaixo:

    Como você foi bem na última prova, não tirou nem a nota mínima!
    Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão por perto.

     

    Hipérbole

    É a expressão intencionalmente exagerada com o intuito de realçar uma ideia. Exemplos:
    Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
    "Rios te correrão dos olhos, se chorares." (Olavo Bilac)

     

    Prosopopeia ou Personificação

    Consiste em atribuir ações ou qualidades de seres animados a seres inanimados, ou características humanas a seres não humanos. Observe os exemplos:

    As pedras andam vagarosamente.
    O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia.
    A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.

     

    Apóstrofe

       Consiste na "invocação" de alguém ou de alguma coisa personificada, de acordo com o objetivo do discurso que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal invocação.  Realiza-se por meio do vocativo. Exemplos:

    Moça, que fazes aí parada?
    "Pai Nosso, que estais no céu..."
     

     

    Gradação

       Consiste em dispor as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou decrescente. Quando a progressão é ascendente, temos o clímax; quando é descendente, o anticlímax. Observe este exemplo:

    Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana com seus olhos claros e brincalhões...

     

    Elipse

    Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo contexto. Exemplos:

    1) A cada um o que é seu. (Deve se dar a cada um o que é seu.)

     

    Zeugma

    Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente. Exemplos:

    Ele gosta de geografia; eu, de português.

     

    Silepse

    A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas sim com a ideia que ele representa. É uma concordância anormal, psicológica, espiritual, latente, porque se faz com um termo oculto, facilmente subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa.

     

    Silepse de Gênero

    Os gêneros são masculino feminino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:

    1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor intenso.

  • Polissíndeto / Assíndeto

    Para estudarmos essas duas figuras de construção, é necessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre período composto. No período composto por coordenação, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo) é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assindética.

    Recordado esse conceito, podemos definir as duas figuras de construção:

    1) Polissíndeto

    É uma figura caracterizada pela repetição enfática dos conectivos. Observe o exemplo:

    "Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita, luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre." (Olavo Bilac)

    "Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.

     

    2) Assíndeto

    É uma figura caracterizada pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos:

    Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.
    "Vim, vi, venci." (Júlio César)

     

    Pleonasmo

    Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Veja este exemplo:

    O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo.

     

    Anáfora

    É a repetição de uma ou mais palavras no início de várias frases, criando assim, um efeito de reforço e de coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar determinado elemento textual. Os termos anafóricos podem muitas vezes ser substituídos por pronomes relativos. Assim, observe o exemplo abaixo:

    Encontrei um amigo ontem. Ele disse-me que te conhecia. O termo ele é um termo anafórico, já que se refere a um amigo anteriormente referido. 

    "Se você gritasse
    Se você gemesse,

     

    Anacoluto

    Consiste na  mudança da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos desligados do resto do período. Veja o exemplo:

    Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.

     

    A expressão "esses alunos da escola" deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma interrupção da frase e essa expressão fica à parte, não exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é chamado de "frase quebrada", pois corresponde a uma interrupção na sequência lógica do pensamento. 
    Exemplos:

    O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.

     

    Hipérbato / Inversão

    É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da oração. Exemplos:

    São como cristais as palavras. (Na ordem direta seria: As palavras são como cristais.)
    Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria: Eu cuido dos meus problemas.)

     

    Onomatopeia

    Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade. Exemplos:

    Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
    Miau, miau. (Som emitido pelo gato)

  • 3) Função Apelativa ou Conativa

    Palavra-chave: receptor

    Seu objetivo é influenciar o receptor ou destinatário, com a intenção de convencê-lo de algo ou dar-lhe ordens. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. É a linguagem usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.

     

    Pleonasmo Vicioso ou Redundância

    Diferentemente do pleonasmo tradicional, tem-se pleonasmo vicioso quando há repetição desnecessária de uma informação na frase.

    Exemplos:

    Entrei para dentro de casa quando começou a anoitecer.

     

    Barbarismo

    É o desvio da norma que ocorre nos seguintes níveis:

     

    1) Pronúncia

     

    a) Silabada: erro na pronúncia do acento tônico.

    Por Exemplo: Solicitei à cliente sua rúbrica. (rubrica)

     

    b) Cacoépia: erro na pronúncia dos fonemas.

    Por Exemplo: Estou com poblemas a resolver. (problemas)

     

    c) Cacografia: erro na grafia ou na flexão de uma palavra.

    Exemplos:

    Eu advinhei quem ganharia o concurso. (adivinhei)
    O segurança deteu aquele homem. (deteve)

     

    2) Morfologia

    Exemplos:

    Se eu ir aí, vou me atrasar. (for)
    Sou a aluna mais maior da turma. (maior)

     

    3) Semântica

    Por Exemplo: José comprimentou seu vizinho ao sair de casa. (cumprimentou)

     

    4) Estrangeirismos

    Considera-se barbarismo o emprego desnecessário de palavras estrangeiras, ou seja, quando já existe palavra ou expressão correspondente na língua.

    Exemplos:

    show é hoje! (espetáculo)
    Vamos tomar um drink? (drinque)

     

    Solecismo

    É o desvio de sintaxe, podendo ocorrer nos seguintes níveis:

     

    1) Concordância

    Por Exemplo: Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia)

     

    2) Regência

    Por Exemplo: Eu assisti o filme em casa. (ao)

     

    3) Colocação

    Por Exemplo: Dancei tanto na festa que não aguentei-me em pé. (não me aguentei em pé)

     

     

    Ambiguidade ou Anfibologia

    Ocorre quando, por falta de clareza, há duplicidade de sentido da frase.

    Exemplos:

    Ana disse à amiga que seu namorado havia chegado. (O namorado é de Ana ou da amiga?)
    O pai  falou com o filho caído no chão. (Quem estava caído no chão? Pai ou filho?)

     

    Cacofonia

    Ocorre quando a junção de duas ou mais palavras na frase provoca som desagradável ou palavra inconveniente.

    Exemplos:

    Uma mão lava outra. (mamão)

  • A UFRJ ajudou nessa. A resposta está no próprio texto:

    "(...) ou tropeçamos a cada passo na desestruturação lógica e sintática, tentando fazer com que palavras e coisas se encaixem a golpes de marreta..."

  • B) Definição de Elipse;

    C) Salvo engano, trata-se de uma elipse de gênero;

    E) Eufemismo.

  • a) definição de anáfora;

    b) definição de elipse;

    c) definição de anacoluto (resposta certa);

    d) definição de silepse; 

    e) definição de eufemismo.

  • Anacoluto = é caracterizado como sendo uma frase quebrada, ou seja, uma frase cuja estrutura sintática é interrompida, sendo continuada de uma forma alternativa, deixando solto o termo inicial da oração.