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ID
2470228
Banca
IESES
Órgão
ALGÁS
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Nesta prova, considera-se uso correto da Língua Portuguesa o que está de acordo com a norma padrão escrita.

Leia o texto a seguir para responder a questão sobre seu conteúdo.

                    O DESAFIO DE ENSINAR COMPETÊNCIAS

Por: Júlio Furtado. Para: Revista Língua Portuguesa. Adaptado de: http://linguaportuguesa.uol.com.br/o-desafio-de-ensinar-competencias/ Acesso em 28 abr 2017.

      O discurso do ensino de habilidades e competências ganhou força a partir de 1998, com a instituição do Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, que, a princípio, foi criado como mecanismo indutor de mudanças metodológicas nesse segmento. Acreditava-se que a existência de um exame que exigisse dos egressos competências e habilidades capazes de resolver as situações-problemas por ele colocadas iria influenciar na mudança de postura dos professores. Essa necessidade está pautada numa nova cultura que modifica as formas de produção e apropriação dos saberes. Estamos vivendo uma era pragmática em que o saber fazer e o saber agir são os “carros-chefes” para o sucesso.

      O saber idealista platônico perdeu lugar nesse mundo. O que importa não são as ideias, as abstrações, mas os resultados, as concretudes, as ações. O mundo vem mudando num ritmo acelerado e “arrastando” consigo novos paradigmas que precisam ser colocados em prática antes de serem refletidos, compreendidos e “digeridos”. O discurso do currículo por habilidades e competências vem ganhando cada vez mais força porque se projetou na escola uma missão social urgente: a de produzir profissionais mais competentes que sejam cidadãos mais conscientes.

      Essa missão exige que a escola seja pragmática e utilitarista, abandonando tudo que não leve diretamente ao desenvolvimento de competências. Embora perigosa, essa concepção vem se impondo nos processos de elaboração e planejamento curricular. Outra razão pode ser encontrada nos tipos de exigências que o Mercado e o mundo em geral vêm fazendo às pessoas. Buscam-se pessoas que saibam fazer e que tenham capacidade de planejar e resolver problemas. Todas essas questões apresentaram à escola um aluno que não se interessa por saberes sem sentido ou sem utilidade imediata.

      Eis aqui outro perigo: render-se ao utilitarismo do aluno. [...] Tudo isso contribuiu para que se acreditasse piamente que organizar o currículo escolar por habilidades e competências forma um aluno mais preparado para enfrentar o mundo [...].

      Outra questão fundamental que se coloca necessária é termos clareza sobre o conceito de habilidade e de competência, conceitos muito utilizados e pouco refletidos. Os conceitos de habilidade e de competência causam muita confusão e não são poucas as tentativas de diferenciá-los. Podemos dizer, de forma simplista, que habilidades podem ser desenvolvidas através de treinamento enquanto que competências exigem muito mais do que treinamento em seu processo de desenvolvimento. Tomemos o exemplo de falar em público. É treinável, embora requeira conhecimento, experiência e atitude, logo, é uma habilidade. Da mesma forma, podemos classificar o ato de ler um texto, de resolver uma equação ou de andar de bicicleta.

      [...] A escola que realmente quiser implantar um currículo estruturado por competências precisará exorcizar alguns velhos hábitos que inviabilizam tal proposta. O primeiro deles é o hábito de apresentar o conteúdo na sua forma mais sistematizada. Esse hábito é difícil de ser exorcizado porque alunos e professores concordam e usufruem de benefícios trazidos por ele. Ao apresentar o conteúdo de forma organizada e sistematizada, com o argumento de que o aluno “entende melhor”, o professor está “poupando” o aluno de encarar e resolver situações-problemas. O aluno, por sua vez, recebe de muito bom grado o conteúdo “mastigadinho” e atribui todo o trabalho de compreensão do conteúdo à habilidade de “explicar” do professor. Não é raro ouvirmos de alunos que ele não aprendeu porque o professor não explicou direito.

São ideias presentes no texto, EXCETO a de uma das alternativas. Assinale-a.

Alternativas
Comentários
  •  letra a

    A escola que realmente quiser implantar um currículo estruturado por competências precisará exorcizar alguns velhos hábitos que inviabilizam tal proposta. O primeiro deles é o hábito de apresentar o conteúdo na sua forma mais sistematizada. Esse hábito é difícil de ser exorcizado porque alunos e professores concordam e usufruem de benefícios trazidos por ele.

  • Presente no texto!!!! Mudar hábitos é difícil........

  • Se esta presente no texto, ela ñ deveria estar correta?

  • Outra razão pode ser encontrada nos tipos de exigências que o Mercado e o mundo em geral vêm fazendo às pessoas. Buscam-se pessoas que saibam fazer e que tenham capacidade de planejar e resolver problemas. Todas essas questões apresentaram à escola um aluno que não se interessa por saberes sem sentido ou sem utilidade imediata.

    Logo o comportamento do aluno não é mais o mesmo, pois o "novo aluno" não se interessa por saberes sem sentido ou sem utilidade imediata.

     

    Foi meu raciocínio, rsrsrs, português não é meu forte, qualquer coisa me corrijam.

  • IESES é uma desgraça na interpretação de textos, sendo que as questões ficam sempre a título de discricionariedade da banca. 

     

    Recurso! Nem adianta perder seu tempo. Mas fazer o que, o negócio é entender a mentalidade louca deles.

     

  • Eu acho que essa questão apresenta um traço que pode ser distintivo da personalidade e humor da banca. Acredito que nossas reflexões, aqui, devem ser mais no sentido de desvendar a mentalidade da banca do que de xingá-la ou lamentar o erro. Não somos candidatos da ALGAS, mas de qualquer outro concurso que venha a aparecer no caminho.

    A propósito, se você chegou até aqui sem ter filtrado questões pela IESES, pule, ignore, siga em frente. A IESES é ruim e isso é consenso geral. Mas se você teve a infelicidade de o cargo dos seus sonhos ter caído no colo desta banca, como acabou de ocorrer comigo, vamos refletir sobre a banca e nos ajudarmos na missão de desnudar os meandros que guiam as mentes nefastas dos avaliadores.

    Aparentemente, de acordo com o que essa questão demonstrou, a alternativa tem uma ponte entre cada alternativa incorreta (ou seja, cuja ideia ESTÁ presente no texto) e um trecho especial. Não importa se essa ideia não pertence ao todo do texto.

    Alguns colegas reclamaram que o texto permite entender que o aluno não é mais o mesmo. Não importa: há um trecho que afirma isso. É incoerente com o texto como um sistema? Isso não importa. Tem uma frase que diz isso. Bora prestar atenção nas outras questões para ver se esse padrão se repete, e você terá uma carta na manga para usar em provas dessa banca.

  • "Acreditou-se que o currículo por habilidades e competências formaria pessoas mais bem preparadas para enfrentar o mundo. "

     

    Segundo o texto, o correto não seria, ACREDITA-SE e FORMARÁ?

  • Fiquei em dúvida entre a A e a D, mas acabei assinalando a D pois o texto fala que "O discurso do currículo por habilidades e competências vem ganhando cada vez mais força porque se projetou na escola uma missão social urgente: a de produzir profissionais mais competentes que sejam cidadãos mais conscientes".

    Alguém pode me explicar o erro da D? Não entendi onde está a "dupla missão".

  • Boa Raul Galdino, estamos na mesma. No meu caso, PC-SC . Mas afirmo: Pior que ACAFE não é.

  • Exato, Carlos Pancera! Esse também foi o meu entendimento!
  • cada aberração essa banca

  • Carlos Pancera, entendi como dupla missão ser : Pragmática e Utilitarista.