SóProvas


ID
2484634
Banca
IDECAN
Órgão
SEJUC-RN
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                          Sobre o ouvir

      O ato de ouvir exige humildade de quem ouve. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos. Mas isso, admitir que o outro vê coisas que nós não vemos, implica reconhecer que somos meio cegos... Vemos pouco, vemos torto, vemos errado.

      Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos. Assim, para sair do círculo fechado de nós mesmos, em que só vemos nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos. Não somos o umbigo do mundo. E isso é muito difícil: reconhecer que não somos o umbigo do mundo!

      Para se ouvir de verdade, isso é, para nos colocarmos dentro do mundo do outro, é preciso colocar entre parêntesis, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões. Minhas opiniões! É claro que eu acredito que as minhas opiniões são a expressão da verdade. Se eu não acreditasse na verdade daquilo que penso, trocaria meus pensamentos por outros. E se falo é para fazer com que aquele que me ouve acredite em mim, troque os seus pensamentos pelos meus. É norma de boa educação ficar em silêncio enquanto o outro fala. Mas esse silêncio não é verdadeiro.

      É apenas um tempo de espera: estou esperando que ele termine de falar para que eu, então, diga a verdade. A prova disto está no seguinte: se levo a sério o que o outro está dizendo, que é diferente do que penso, depois de terminada a sua fala eu ficaria em silêncio, para ruminar aquilo que ele disse, que me é estranho.

      Mas isso jamais acontece. A resposta vem sempre rápida e imediata. A resposta rápida quer dizer: “Não preciso ouvi-lo. Basta que eu me ouça a mim mesmo. Não vou perder tempo ruminando o que você disse. Aquilo que você disse não é o que eu diria, portanto está errado...”.

(ALVES, Rubem. Sobre o ouvir. Ostra feliz não faz pérola. São Paulo: Planeta do Brasil, 2008.) 

Acerca das ideias trazidas ao texto pode-se afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • c) Sair de si mesmo é condição fundamental para que a visão que possuímos sobre as coisas seja ampliada ou até mesmo modificada. 

     

    Segundo parágrafo:

    Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos. Assim, para sair do círculo fechado de nós mesmos, em que só vemos nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos.

  • Questão maravilhosa!!!

  • Fiquei em dúvida entre a C e a D.

    A "C" concordo com o colega Rodrigo Marcelo.

    E a "D" pela frase " Para se ouvir de verdade, isso é, para nos colocarmos dentro do mundo do outro, é preciso colocar entre parêntesis, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões. ".  Como no colocar entre parênteses, seria a parte que diz "todo o entendimento prévio deve ser reputado como nada, para a partir daí estabelecermos novos paradigmas. "

  • Juro que li o texto 2 vezes e a B foi a mais apropriada.  Cara, português de concurso é pra matar mesmo.

  • os textos da idecan são dífíceis para nível de resolução de questão, porém são excelentes textos diga-se de passagem.

     

    tomara que não pesem na mão ao escolherem p/ o cargo de Administrador da AGU kkk.

     

    Bons estudos!

     

     

     

  • Resposta C

    Na minha humilde interpretação o erro da letra B está em dizer que aquilo que o outro enxerga podemos ver. No primeiro parágrafo o autor diz que "é possível que o outro veja mundos que nós não vemos"

    Letra A não tem nenhuma ideia trazida pelo texto, idem Letra D.

  • as questões são uma bosta, mas os textos... hahaha são otimos!

  • Pessoal, espero que ajude. A interpretação que fiz foi essa:


    A É necessário que o outro reconheça o que somos para que ele seja compreendido. Errado: Nós nem queremos compreender o outro, então mesmo que ele nos reconheça, não será compreendido.

    “Não preciso ouvi-lo. Basta que eu me ouça a mim mesmo. Não vou perder tempo ruminando o que você disse. Aquilo que você disse não é o que eu diria, portanto está errado...”


    B A visão do outro é diferente da nossa, de modo que aquilo que o outro enxerga podemos ver, mas sob outra perspectiva. Errado - Não enxergamos o que o outro vê.

    "E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos. Mas isso, admitir que o outro vê coisas que nós não vemos, implica reconhecer que somos meio cegos.."


    C Sair de si mesmo é condição fundamental para que a visão que possuímos sobre as coisas seja ampliada ou até mesmo modificada. Correto!

    "Assim, para sair do círculo fechado de nós mesmos, em que só vemos nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos. "


    D Para que a nossa visão seja ampliada, todo o entendimento prévio deve ser reputado como nada, para a partir daí estabelecermos novos paradigmas. Errado. Ele não fala em anular nosso entendimento prévio e sim em colocar um parêntesis.

    "Para se ouvir de verdade, isso é, para nos colocarmos dentro do mundo do outro, é preciso colocar entre parêntesis, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões."


    Sorte a todos!

  • Se fosse pra optar, ainda preferiria a Idecan à Cespe.

  • C) Sair de si mesmo é condição fundamental para que a visão que possuímos sobre as coisas seja ampliada ou até mesmo modificada.


    Parágrafo 2º: "Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos. Assim, para sair do círculo fechado de nós mesmos, em que só vemos nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos. (...)"

  • Gabarito: letra C

    complementando os comentários

    c) Sair de si mesmo é condição fundamental para que a visão que possuímos sobre as coisas seja ampliada ou até mesmo modificada.

    Para se ouvir de verdade, isso é, para nos colocarmos dentro do mundo do outro, é preciso colocar entre parêntesis, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões. Minhas opiniões! É claro que eu acredito que as minhas opiniões são a expressão da verdade. Se eu não acreditasse na verdade daquilo que penso, trocaria meus pensamentos por outros. E se falo é para fazer com que aquele que me ouve acredite em mim, troque os seus pensamentos pelos meus. É norma de boa educação ficar em silêncio enquanto o outro fala. Mas esse silêncio não é verdadeiro.

  • A Banca é chata mas usa textos maravilhosos.