A ilusão do migrante (fragmento)
Quando vim da minha terra,
não vim, perdi-me no espaço,
na ilusão de ter saído.
Ai de mim, nunca saí.
Lá estou eu, enterrado
por baixo de falas mansas,
por baixo de negras sombras,
por baixo de lavras de ouro,
por baixo de gerações,
por baixo, eu sei, de mim mesmo,
este vivente enganado, enganoso.
(Carlos Drummond de Andrade)
O poeta se vale, nesses versos, de um recurso poético que sugere o ritmo e o andamento de uma reza: