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ID
2490349
Banca
IBFC
Órgão
EMBASA
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                     Notícia de jornal

      Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.

       Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.

      Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.

      O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

      Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.

      E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.

      E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.

      Morreu de fome.

Com base na leitura, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta.


I. A repetição de que o homem morreu de fome expressa a indignação do cronista com o fato.

II. De acordo com o cronista, a fatalidade aconteceu apesar das atitudes corretas dos comerciantes e dos que passaram ao lado do homem.


Estão corretas as afirmativas:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: LETRA B

    I. A repetição de que o homem morreu de fome expressa a indignação do cronista com o fato. [CERTO]

    Texto

    Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem  socorro e sem perdão.

    E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades.

    Várias passagens do texto consubstancia o que  afirma o item I.

     

    II. De acordo com o cronista, a fatalidade aconteceu apesar das atitudes corretas dos comerciantes e dos que passaram ao lado do homem.[ERRADO]

    Texto

    O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, [...].

    Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades [...]

    Demosntra indignação e ironia do autor com o comportamento das pessoas.

  • I. A repetição de que o homem morreu de fome expressa a indignação do cronista com o fato. C

    II. De acordo com o cronista, a fatalidade aconteceu apesar das atitudes corretas dos comerciantes e dos que passaram ao lado do homem. E

    4º parágrafo - linha 8 - Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

  • I- indignação do cronista com o fato 20 x Morreu de fome.

    II. De acordo com o cronista, a fatalidade aconteceu apesar das atitudes corretas dos comerciantes e dos que passaram ao lado do homem

                                                                                                         C                                                                                                            E

  • suave!

  • Gabarito: B

     

    I. A repetição de que o homem morreu de fome expressa a indignação do cronista com o fato.

     

    CERTO. De fato, o autor repetiu a expressão "morreu de fome" 21 vezes no texto, o que só leva a crer que ele quer a informação entre "por osmose" na cabeça do leitor, impressionando-o com a sua indignação.

     

    II. De acordo com o cronista, a fatalidade aconteceu apesar das atitudes corretas dos comerciantes e dos que passaram ao lado do homem.

     

    ERRADO. Na verdade, o autor faz uma ironia em relação à conduta dos comerciantes e dos transeuntes, querendo com isso dizer que todos passavam pelo homem e nada fizeram a respeito, indiferentes ao fato. É o que se percebe nos seguintes trechos:

     

    4º parágrafo: (...) E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

     

    6º parágrafo: Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades (...).

  • EXISTE AQUI SIM UMA INDIGNAÇÃO POR CONTA DO HOMEM MORRER DE FOME. E EM MOMENTO NENHUM AS ATITUDES DOS COMERCIANTES E DOS QUE PASSAVAM FORAM CORRETAS. SENÃO, O HOMEM NÃO TERIA MORRIDO DE FOME.

  • o erro da letra A ( pois ele coloca atitude "correta" dos comerciantes que ele ironizou . Se o aluno ler "incorreta" marca a letra A 

  • De acordo com o cronista, a fatalidade aconteceu apesar das atitudes corretas dos comerciantes e dos que passaram ao lado do homem.

    Trecho retirado do texto: "Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome."

    Atitude correta seria as pessoas que passaram ao lado do homem ou os comerciantes fornecerem uma ajuda direta, mobilizando recursos próprios para isso, sem esperar das autoridades.

  • Não estou compreendendo pq alguns gabaritos aqui do Qconcursos estão diferentes dos gabaritos oficiais das referidas provas. no gabarito oficial, que inclusive o site o fornece (embasa- agente administrativo- 2017), a resposta é que apenas a II está correta, sendo a letra C, no gabarito. Alguém poderia explicar?

  • Morreu de fome!