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ID
2490355
Banca
IBFC
Órgão
EMBASA
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                     Notícia de jornal

      Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.

       Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.

      Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.

      O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.

      Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.

      E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.

      E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.

      Morreu de fome.

Com base na leitura, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta.


I. O cronista considera que o homem era um vagabundo, um mendigo, um bicho e, por isso, seu destino era previsível.

II. Ao atribuir o adjetivo “pleno” a “centro” e “rua”, o cronista destaca o descaso das pessoas.


Estão corretas as afirmativas:

Alternativas
Comentários
  • Gab: c

     

    Sobre a alternativa a:  A alternativa se refere a uma questão de compreensão, o que está no texto ("Com base na leitura").O cronista não diz explicitamente que o homem era um vagabundo, um mendigo, um bicho e, por isso, seu destino era previsível; pelo contrário, este treho: " Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem" demonstra ironia. Claro que uma pessoa nessa situação, por pior que seja, continua sendo ser humano e digno de ajuda.

     

    Comentário opinativo.

  • A única coisa previsível a qual o cronista se refere é a idade. 

    Em "plena rua" tem sentido de algo que acontece na frende de todo mundo, e ninguém faz nada para ajudar. 

  • A classificação está equivocada dessa questão 

  • " E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome."

    "plena" não seria adjunto adverbial de modo?

  • No item I uma dúvida pairou...Se o autor deixou bem claro inúmeras hipóteses de quem ou o que poderia ser aquele mendigo (Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem.), então o destino dele parecia ser presumível. 

  • Achando estranho, não seria Adjunto Adverbial?

  • Gabarito: letra C

     

    Significado de "PLENA": Que permanece imóvel no meio de algo: caiu em plena rua!                                                                                                              Que se encontra no ponto mais importante de: em plena velhice.

     

    ADJETIVO: São palavras variáveis que alteram a noção do substantivo atribuindo-lhes qualidades, características, aspesctos gerais ou específicos, estados, modo de ser (BEZERRA, Rodrigo. 5ª edição).

     

    ADJUNTO ADVERBIAL: Termo acessório da oração que, com ou sem preposição, modifica o sentido de um verbo, de um adjetivo ou de um advérbio.

    Creio que "Plena" nas duas situações realmente seja um adjetivo.

     

    Qualquer equívoco, por favor, comunicar!!

     

    Bons estudos.

  • Ítem I

    Apesar de iniciar o texto em primeira pessoa o autor faz uma leitura objetivo da situação que o jornal apresenta.

    Deste modo, não se pode dizer que o cronista considera isso ou aquilo a respeito do homem, ele apenas retrata o que lê no jornal. 

  • C

     

    Pela Horda!

  • GABARITO: C

  • Gente estou perdida nessa questão! considerei como correta letra D por que achei que "RUA" fosse substantivo e não adjetivo!

    substantivo feminino

    Via pública urbana, ladeada de casas, prédios, muros ou jardins.

    Me ajudem !

  • por qual motivo o gabarito oficial da prova tá diferente desse no q concursos? estou confusa

  • Professor pra responder que é bom, nada!!! :/

  • Ao atribuir o adjetivo “pleno” a “centro” e “rua”, o cronista destaca o descaso das pessoas. ( C ) A questão fala sobre adjetivo