SóProvas


ID
2509294
Banca
UTFPR
Órgão
UTFPR
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                         CISÃO


        Há alguns anos havia uma clara separação entre cultura humanística e cultura científica. As duas não se falavam, tinham vocabulários diferentes. Nenhuma comunicação era possível entre elas, nem por sinais metafóricos: seus códigos simplesmente não combinavam. A divisão continuou até há pouco. Hoje as duas culturas estão na internet e usam a linguagem universal dos impulsos eletrônicos. Conversa-se, pelo menos, entre os dois lados do abismo.

      Mas há uma separação que se agrava, entre facções de uma mesma ciência, ou pseudociência: facções com o mesmo vocabulário e os mesmos códigos, mas que não se entendem. Economistas de um lado e de outro do abismo lidam com os mesmos números, recebem os mesmos dados, analisam as mesmas estatísticas – e veem e preveem coisas diferentes. Há dias o Elio Gaspari escreveu sobre a controvérsia que está havendo a respeito das taxas de juros entre economistas brasileiros, todos da mesma escola, com a mesma formação e a mesma informação, e nenhum deles adepto de qualquer heresia econômica. A cisão é inexplicável, a não ser que se procure sua causa no terreno movediço dos egos em choque.

      Ou então a explicação é antiga: o mundo da ciência econômica, como todos os mundos, também está dividido entre humanistas e seus contrários. Antes de divergirem nas suas interpretações e receitas, os economistas divergem no seu coeficiente de consciência social. Não é o caso da polêmica citada pelo Gaspari, em que nenhum dos contendores pode remotamente ser chamado “de esquerda”. Mas o menor desafio à ortodoxia vigente já vale como um ponto para o humanismo.

      “Consciência social” é um termo escorregadio. Não se trata de compaixão, ou de ter ou não ter coração. Nenhum lado tem monopólio dos bons sentimentos, todos têm consciência da desigualdade crescente, no país e no mundo, entre os poucos que têm dinheiro e poder e a maioria de despossuídos, e da explosão a que pode levar. Ou a que, segundo alguns, já levou. A doença é clara, discute-se a cura. Ela certamente não virá com a insistência num pensamento liberal único e a vassalagem irreversível ao capital financeiro, A divisão reportada por Gaspari é, entre outras coisas, sobre a persistência de um conservadorismo econômico que ainda não se deu conta de que a prancha acabou, e os tubarões estão esperando lá embaixo.

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Cisão. Gazeta do Povo, Curitiba, p. 24. 11 e 12 fev 2017. 

O texto de Luis Fernando Veríssimo menciona as figuras de linguagem metáfora e paradoxo. Identifique nos exemplos abaixo: metáfora (1) e paradoxo (2).


( ) Esta questão é apenas a ponta do iceberg.

( ) Eu estou sempre dando murro em ponta de faca.

( ) O teto que o abrigava era também desproteção.

( ) Ele não encara a realidade, vive sonhando acordado.

( ) O pobre demonstrou sábia ignorância.

( ) Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernando Pessoa)

( ) Buscava a resposta no coração do Brasil.

( ) Estou cheio de me sentir vazio. (Renato Russo)


Assinale a alternativa que apresenta a sequência adequada.

Alternativas
Comentários
  • Resposta: a) 11222112

    ( ) Esta questão é apenas a ponta do iceberg. Metáfora

    ( ) Eu estou sempre dando murro em ponta de faca. Metáfora

    ( ) O teto que o abrigava era também desproteção. Paradoxo

    ( ) Ele não encara a realidade, vive sonhando acordado. Paradoxo

    ( ) O pobre demonstrou sábia ignorância. Paradoxo

    ( ) Meu pensamento é um rio subterrâneo. (Fernando Pessoa) Metáfora

    ( ) Buscava a resposta no coração do Brasil.Metáfora

    ( ) Estou cheio de me sentir vazio. (Renato Russo) Paradoxo

    Paradoxo: aproximação de ideias contrárias.

    Metáfora: é parecida com a comparação, mas a aproximação é feita com termo formado na imaginação, na subjetividade e sem uso de conectivo.

     

  • paradoxo- emprego de ideias aparentemente absurdas por meio de palavras que parecem excluir-se mutuamente:  " O caminho da verdade é o da falsidade."

  • Metáfora é uma comparação ímplicita, em que acontece a fusão de dois elementos comparados com a ideia de que "um é o outro".

    Paradoxo é a contradição de ideias associadas. Ex: "[...] os cidadãos veem não vendo."

     

    Bons estudos =)