Questão 2511325

• Banca: CESPE / CEBRASPE
• Órgão: Prefeitura de São Luís - MA
• Ano: 2017
• Provas: CESPE - 2017 - Prefeitura de São Luís - MA - Professor Nível Superior/PNS-A - Língua Portuguesa
• Disciplina: Português
• Assuntos: Interpretação de Textos

Texto 10A2AAA

       Na obra satírica de Gregório de Matos, não há o ânimo documentário ou a transfiguração hiperbólica, mas o flagrante expressivo até a caricatura, o ataque se elevando a denúncia, a ironia alegre ombreando com a revolta amarga, em contraste com a transfiguração eufórica de outros autores do tempo, em relação aos quais a sua poesia satírica aparece como contracorrente desmistificadora. Ele desdenha as aparências do mundo e desvenda a sua iniquidade, com um pessimismo realista que não hesita em entrar pela obscenidade e a crueza da vida do sexo. Poucos foram tão fundo nos aspectos considerados baixos, que ele trata com uma espécie de ímpeto justiceiro, que forra de inesperado moralismo as suas diatribes. Através da sua obra de rebelde apaixonado, transparece a irregularidade do mundo brasileiro de então, com uma sociedade em que o branco brutalizava o índio e o negro, as autoridades prevaricavam, os clérigos pecavam a valer e a virtude parecia às vezes uma farsa difícil de representar.

Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira: resumo para principiantes.

São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 1999, p. 24-5 (com adaptações)

A partir do texto 10A2AAA, é correto afirmar que a representação dos tipos sociais do Brasil do século XVII na sátira de Gregório de Matos revela

• A. o desejo de fazer justiça aos negros e aos índios explorados pelo branco colonizador.
• B. uma abordagem que valoriza as aparências e carece de realismo.
• C. a recusa do poeta em tratar de temas obscenos e baixos presentes na vida social da época.
• D. os vícios, mas também as virtudes, das autoridades e dos religiosos da colônia.
• E. a presença de certo moralismo na crítica mordaz do poeta à sociedade colonial.

Gabarito: E

Comentários

• Gabarito E

   

   e)

  a presença de certo moralismo na crítica mordaz do poeta à sociedade colonial.

• "Poucos foram tão fundo nos aspectos considerados baixos, que ele trata com uma espécie de ímpeto justiceiro, que forra de inesperado moralismo as suas diatribes."

• sobre a letra d:

   

  Gregório de Matos, no texto, em nenhuma passagem revelou as virtudes das autoridades e dos religiosos da colônia. Por estas, segundo Gregório, não as possuirem.

• Achei que fosse a letra A pelo "ímpeto justiceiro" que ele menciona no texto.

  Alguém sabe por que não pode ser a A?

• Gostaria de entender a lógica de ser a E. Ao meu ver a mais próxima é a A.

• "...não hesita em entrar pela obscenidade e a crueza da vida do sexo."    =  moralidade?

   

  Por causa dessa parte preferi marcar a "A". Errei

• Não entendi. A meu ver, a alternativa A tem muito mais lógica que a E.

• Marquei a A tbm. Porém, analisando com mais cuidado, acho (mas só acho) que a "A" tá errada, porque o texto não evidencia "o desejo de fazer justiça aos negros e aos índios explorados".

  No trecho que ele fala sobre isso ("[...] transparece a irregularidade do mundo brasileiro de então, com uma sociedade em que o branco brutalizava o índio e o negro [...]"), ele apenas contextualiza a sociedade da época. Então, para mim, não está claro no texto que o "ímpeto justiceiro" se refere "aos negros e aos índios explorados". Assim, fazer tal inferência meio que seria uma extrapolação.

  Ps: comentário meramente opinativo :)

• Gabarito: C

  ''Através da sua obra de rebelde apaixonado, transparece a irregularidade do mundo brasileiro de então, com uma sociedade em que o branco brutaliza o índio e o branco, as autoridade prevaricam, os clérigos pecavam..... parecia às vezes uma farsa difícil de representar''

• Gabarito: (E)

  A) Extrapolação. Em momento algum o texto fala sobre fazer justiça.

• A letra "a" não está certa por dois motivos: primeiro, não se trata de fazer justiça aos negros e índios - isso não foi dito em momento algum; e segundo que o próprio autor do texto da prova deixa claro que a crítica à maneira do branco colonizador em tratar os índios e negros é apenas uma das faces da obra de Gregório ("Através da sua obra de rebelde apaixonado, transparece a irregularidade do mundo brasileiro de então") -> uma das irregularidades que Gregório traz é uma sociedade em que o branco brutalizava o índio e o negro.