- ID
- 2516413
- Banca
- FGV
- Órgão
- Prefeitura de Salvador - BA
- Ano
- 2017
- Provas
-
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Administração
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Arquitetura e Urbanismo
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Ciências Contábeis
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Comunicação Social
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Direito
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Economia ou Gestão Financeira
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Engenharia Ambiental
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Engenharia Civil
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Engenharia Elétrica
- FGV - 2017 - Prefeitura de Salvador - BA - Técnico de Nível Superior II - Urbanismo
- Disciplina
- Português
- Assuntos
TEXTO 1
BELEZA COMO MANDAMENTO
Posso falar de arte e artistas outra vez? Tenho afeição pelo tema. Espero que, em algum lugar aí no Brasil, haja leitores e leitoras, mesmo poucos, que se interessem pela figura singular e tão fundamental do artista. Ou quem sabe se dou sorte e há um ou outro artista aí fora, extraviado nesta coluna?
[....] Sempre me pareceu que o artista verdadeiro sacrifica qualquer “conteúdo”, qualquer “coerência”, por uma bela frase, por um belo gesto, por um belo efeito plástico ou cênico. Como dizia Oscar Wilde, “coerência é a virtude dos que não têm imaginação”. Dos não artistas, portanto.
O que distingue o artista é a busca incondicional pela beleza, em detrimento da verdade, do equilíbrio, do bom senso, da ética, da saúde e até da própria vida. Além disso, leitor, o artista é frequentemente um pobre ser ameaçado, com instalação precária no mundo. E, se faz concessões, corre o risco de se desvirtuar, de perder o rumo.
Assim, o artista precisa sacrificar, ou deixar em segundo plano, a verdade e a moral. A objetividade e os bons princípios são temas para outros tipos humanos, para o cientista e para o sacerdote, respectivamente. [....] Quando um artista migra para outros terrenos (ciência, moral, filosofia, pensamento social, crítica literária), o que acaba dominando, em última análise, é a expressão da beleza. Para o verdadeiro artista, a beleza é o único mandamento. Para o bem e para o mal, ela interfere o tempo todo. E a obra artística resvala para a mentira, para o engano, para a fabulação. Tangencia a imoralidade, o crime, a perversão.
(Paulo Nogueira Batista Jr., O Globo, 04/08/2017 – adaptado)