SóProvas


ID
2519188
Banca
FCC
Órgão
FUNAPE
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                        Trabalho como realização


      Quando me perguntam por que ainda não me aposentei e eu respondo que é porque gosto do meu trabalho, me olham com um misto de incredulidade e indignação. Eu quase tenho que me desculpar pela desfeita: a maioria das pessoas acha que trabalho é castigo e que falar bem dele é pura ostentação, se não for hipocrisia.

      Pois bem: entendo perfeitamente que muitos trabalhos possam ser vistos como castigo. Há incontáveis tarefas que podem ser desinteressantes, tediosas, cansativas, que não trazem prazer nenhum para a maioria das pessoas. Mas há outras nas quais nossa personalidade se realiza, que podem perfeitamente constituir-se como nosso meio de expressão, nossa identidade assumida e resolvida como vocação. Exemplo clássico é o de um professor que tenha grande prazer em dar aula: ele verá a aposentadoria não como uma bênção, mas como brusca interrupção de uma atividade vital. Ele vai adiar o quanto puder o “gozo”, o “desfrute” (enganosas palavras) de uma aposentadoria que mais lhe parece um castigo.

      Fico imaginando, entre outras utopias, a de um mundo em que houvesse para cada um aquele trabalho que representasse também sua realização pessoal. Acredito mesmo que um dos índices mais seguros para se reconhecer a felicidade de alguém seja o prazer que a pessoa encontre em trabalhar. Quando o trabalho vira sinônimo de criação, e quem o faz se sente como um genuíno criador, temos, é forçoso admitir, uma situação de privilégio, em vez de se constituir uma possibilidade de realização ao alcance de todos.

                                                                                                       (Felício Godói, inédito

Deve-se depreender da leitura do parágrafo final do texto que, para seu autor,

Alternativas
Comentários
  • Letra (e)

     

    Complementando:

     

    e) deveria ser mais do que uma simples utopia um mundo onde a realização pelo trabalho deixasse de ser um privilégio.

     

    Fico imaginando, entre outras utopias, a de um mundo em que houvesse para cada um aquele trabalho que representasse também sua realização pessoal. Acredito mesmo que um dos índices mais seguros para se reconhecer a felicidade de alguém seja o prazer que a pessoa encontre em trabalhar. Quando o trabalho vira sinônimo de criação, e quem o faz se sente como um genuíno criador, temos, é forçoso admitir, uma situação de privilégio, em vez de se constituir uma possibilidade de realização ao alcance de todos.

  • Gente, eu não entendi essa questão, como assim que para o autor deveria ser mais do que uma simples utopia um mundo onde a realização pelo trabalho deixasse de ser um privilégio? 

     

    Eu entendi que seria uma utopia um mundo onde as pessoas encontrasssem trabalhos que representassem suas realizações pessoais e isso lhes traria uma situação de privilégio e não deixasse de ser um privilégio.  

     

    Pra mim a questão menos errada é a c) é uma utopia imaginar que mesmo as pessoas mais vocacionadas para exercer um trabalho encontrem pleno prazer nele.

     

    Correta. Realmente é difícil as pessoas encontrarem prazer em trabalhar, mesmo aquelas que são vocacionadas.

     

    Alguém pensou assim?  

     

  • GABARITO LETRA E

     

    A quatão pede para interpretar (o que está além do texto/depreende-se) o último parágrafo:  "Fico imaginando, entre outras utopias, a de um mundo em que houvesse para cada um aquele trabalho que representasse também sua realização pessoal. Acredito mesmo que um dos índices mais seguros para se reconhecer a felicidade de alguém seja o prazer que a pessoa encontre em trabalhar. Quando o trabalho vira sinônimo de criação, e quem o faz se sente como um genuíno criador, temos, é forçoso admitir, uma situação de privilégio, em vez de se constituir uma possibilidade de realização ao alcance de todos."

    Lendo esse parágrafo entende que o ideal devieria ser que todos sentissem realizados em seu trabalho, sem que isso fosse considerado um privilégio.

  • acertei, contudo, questão assim é puro achismo, nao importa o que falem...

  • Atenção na expressão que faz toda a diferença:

    Deve-se depreender...

  • O enunciado foi claro: ÚLTIMO PARÁGRAFO