- ID
- 2522152
- Banca
- FAU
- Órgão
- E-Paraná Comunicação - PR
- Ano
- 2017
- Provas
-
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Administrador
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Advogado
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Analista de Mídias Sociais
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Auxiliar Administrativo
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Contador
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Técnico em Tecnologia da Informação
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Analista de Captação de Recursos e Projetos Culturais
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Analista de Criação e Desenvolvimento em Web e Plataformas Digitais
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Analista de Eventos
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Analista de Marketing
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Analista de Mídia
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Analista de Recursos Humanos
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Assistente de Câmera
- FAU - 2017 - E-Paraná Comunicação - PR - Auxiliar de
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Texto 01:
O desvio ético do gerundismo
Há implicações éticas no vício de linguagem. O uso excessivo e desnecessário do gerúndio é conhecido como endorreia, cuja forma popular é a construção “vou estar + gerúndio”, uma perífrase (locução formada por dois ou três verbos). A locução em si é legítima, quando comunica a ideia de uma ação futura que ocorrerá no momento de outra ou sequenciada. As sentenças “vou estar dormindo na hora do jogo” ou “vou estar vendo o jogo quando você estiver assistindo à novela” são adequadas ao sistema da língua, assim como em verbos que indiquem processo: “amanhã vai estar chovendo” ou ato contínuo: “vou estar trabalhando das 8h às 18h.”
Aquilo que nos acostumamos a chamar de gerundismo se dá quando não queremos comunicar essa ideia de eventos ou ações simultâneas, mas antes falar de ação pontual, em que a duração não é preocupação dominante. “Vou falar” narra algo que vai ocorrer a partir de agora. “Vou estar falando” se refere a um futuro em andamento.
É inadequado usar uma forma verbal com valor de outra – falar de ação isolada, que se encerraria num só ato, como se fosse contínua. Quando respondemos ao telefone “vou estar passando o recado” fazemos o recado, que potencialmente tem tudo para ser dado, não ter mais prazo de validade. O vício aqui isenta a pessoa de responsabilidade sobre o que prometeu fazer. É antes de tudo um desvio ético.
(Revista Língua Portuguesa, ano 7, número 77. Março de 2012)