Gabarito C
O conjunto das conquistas efetivadas no CE de 1986 pode ser assim resumido: o rompimento com a pretença perspectiva "imparcial" dos códigos anteriores; o desvelamento do caráter político da intervenção ética; a explicitação do caráter de classe dos usuários, antes dissolvidos no conceito abstrato de "pessoa humana"; negação de valores a-históricos; a recusa do compromisso velado ou explícito com o poder instituído.
As conquistas éticas de 1986 e 1993 pertecem, portanto, a um processo histórico movido em condições históricas mais ou menos favoráveis à negação do conservadorismo e à afirmação de valores emancipatórios, ora contando com uma base social mais ampla de sustentação, ora se mantendo na resistência política, em busca de estratégias de enfretamento.
Por Barroco e Sylvia Terra
Boa noite.
Esboço teórico e histórico dos Códigos de Éticas do Serviço Social.
Antes de qualquer coisa, é importante saber que ao longo da trajetória do Serviço Social brasileiro foram construídos e instituídos CINCO Códigos, datados em: 1947, 1965, 1975, 1986 e 1993. (Atente-se para os grifos, já vi questão de prova)
O primeiro Código (1947) – expressa a estreita vinculação do Serviço Social com a doutrina social da Igreja Católica – era extremamente DOUTRINÁRIO E SUBORDINADO AOS DOGMAS RELIGIOSOS.
O segundo (1965) – revela traços de renovação profissional no contexto da modernização conservadora posta pela autocracia burguesa – introduziu alguns valores liberais, sem romper com A BASE FILOSÓFICA NEOTOMISTA E FUNCIONALISTA. (Vigência do Movimento de Reconceituação)
O terceiro (1975) suprimiu as referências democrático-liberais do Código anterior, configurando-se como uma das EXPRESSÕES DE REATUALIZAÇÃO DO CONSERVADORISMO profissional no contexto de oposição e luta entre projetos profissionais que antecederam o III CBAS de 1979 (CONGRESSO DA VIRADA).
O quarto Código de Ética (1986) consistiu no divisor de águas para a profissão, o próprio Serviço Social foi colocado como objeto de análise. [...] GESTARAM AS BASES PARA A RUPTURA COM O TRADICIONALISMO PROFISSIONAL, BEM COMO PARA A APROXIMAÇÃO DA PROFISSÃO TRADIÇÃO TEÓRICA MARXISTA. Esse cenário culminou na reformulação da Ética profissional, materializada por meio do Código de Ética de 1986, o qual foi produto de um processo coletivo de politização e de deliberação na categoria de assistentes sociais. Desde então, rompe-se com a pretensa perspectiva “imparcial” dos Códigos anteriores (AJUSTAMENTO DOS INDIVIDUOS); ocorre o desvelamento do caráter político da intervenção Ética (SERVIÇO SOCIAL PARA QUEM? COMO? DEMANDA SOCIAL OU DO CAPITAL); a explicitação do caráter de classe dos usuários, antes dissolvidos no conceito abstrato de “pessoa humana”; a negação de valores a-históricos (MORALIZAÇÃO DOS PROBLEMAS INDIVIDUAIS); a recusa do compromisso velado ou explícito com o poder instituído (CAPITALISMO). A partir de 1986, o CE passa a se dirigir explicitamente ao compromisso profissional com a realização dos direitos e das necessidades dos usuários, entendidos em sua inserção de classe. Como se percebe, são conquistas políticas inestimáveis, sem as quais não seria possível alcançar o desenvolvimento verificado nos anos 1990.
E por último,[...] CE de 1993 [...] ao estabelecer as mediações entre os projetos societários e profissionais, ofereceu respostas objetivas ao exercício profissional, explicitando a relação entre valores essenciais e as suas formas de objetivação no ‚âmbito das instituições, nos limites da sociedade burguesa, partindo do pressuposto que elas não se esgotam em si mesmas: devem ser realizados na perspectiva do seu alargamento, com a consciência crítica de seus impedimentos, na direção do fortalecimento das necessidades dos usuários, tratados em sua inserção de classe. (BARROCO, 2012, p. 60)