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ID
2526853
Banca
CESPE / CEBRASPE
Órgão
DPU
Ano
2017
Provas
Disciplina
Filosofia do Direito
Assuntos

      Em uma ação de reintegração de posse, foi determinada a remoção de centenas de famílias, que havia anos tinham fixado moradia no local e compartilhavam a prestação de serviços mútuos. Antes da ocupação, o espaço era um terreno abandonado de propriedade da massa falida de uma empresa em débito com a fazenda pública, única credora habilitada. A comunidade, além da mobilização junto aos governos municipal e estadual com o objetivo de regularizar a ocupação, havia, por meio de sua associação, procurado o órgão da DP, que, na oportunidade, ajuizou ação de desapropriação indireta, que ainda não havia sido julgada. Quando do cumprimento da decisão de reintegração de posse, diante da resistência dos integrantes da ocupação, registrou-se o uso desproporcional de violência pela força policial, tendo a ação resultado em prisões, pessoas feridas e perda de objetos pessoais dos moradores.

A respeito dessa situação hipotética e de ideias relacionadas à sociologia do direito, julgue o item a seguir.


Embora seja possível contestar sua legitimidade, a ação policial em questão está amparada no monopólio do uso da violência legal pelo Estado.

Alternativas
Comentários
  • Estado, monopólio da violência e policiamento privado: com quem fica o uso legítimo da força física na sociedade contemporânea? State, violence’s monopoly and private policing: Who contains the legitimate physical force’s use in contemporary society?

     

    Mas, o modelo weberiano de Estado reclama para si um elemento fundamental para sua conservação: o monopólio legítimo do uso da coerção física, da violência em prol da manutenção da ordem.

     

    No processo de formação do Estado nacional, de acordo com Weber (2004), as expropriações de bens privados foram fundamentais para a consolidação desse órgão centralizador. A expansão do público sobre o privado aparece nitidamente com a proibição de formação de exércitos particulares e da diminuição do poder de alguns setores da sociedade em relação ao poder do Estado. O Estado concentrou todo o poder em suas “mãos”, amparado pelo direito racional e por leis estatuárias. Com isso, centralizou o monopólio legítimo da violência, pois a coação é um meio normal ou o único para se manter forte diante de todos, uma vez que o que está em jogo é o poder. Em face disso, o Estado moderno reclama para si esse monopólio legítimo da coação física, pois o específico da atualidade é que a todas as demais associações ou pessoas individuais somente se atribui o direito de exercer coação física na medida em que o Estado o permita. (WEBER, 2004).

     

    Fonte 1: https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4025414.pdf.

     

    Fonte 2: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:uJkMU89SdakJ:https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4025414.pdf+&cd=5&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br&client=firefox-b

     

    O enunciado pede "ideias relacionadas à sociologia do direito"

  • O fato de adotar uso desproporcional de força, como dito no enunciado, não afastaria o amparo no monopólio legítimo da violência pelo Estado?

  • Também tenho a mesma dúvida do Lucas, se alguém puder esclarecer, agradeço muito!

  • Certo só no país do Biroliro. E uma questão porca dessas ainda numa prova da Defensoria.

  • A ação está fundada no uso da força como monopólio do Estado. Por conta do abuso, é possível questionar se é um uso legítimo ou não.

    Realmente é uma questão bem estranha.

  • questão bizarríssima para uma prova de Defensoria. Me pergunto que tipo de defensor essa prova aprovou.

  • "Embora seja possível contestar sua legitimidade, a ação policial em questão está amparada no monopólio do uso da violência legal pelo Estado."

    De fato, ainda que a ação policial tenha se dado de forma abusiva, ela não deixa de estar emparada no monopólio do uso da violência legal pelo Estado, pois apenas este possui tal poder.

    O problema da questão é mais de interpretação (português) do que de Direito (Filosofia) em si.

    Note que o examinador queria esta interpretação, a de que o uso da violência somente pode ser praticado pelo Estado. Portanto está equivocado o raciocínio de que a atuação abusiva da polícia desampararia o monopólio estatal. Na verdade isso implica na deslegitimação da atuação, e isso o próprio enunciado traz quando afirma "Embora seja possível contestar sua legitimidade...".

  • essa questão é muito canhota e cheira e comunismo #paz

  • De fato, há "monopólio do uso da violência legal pelo Estado", o que não obsta "possível" contestação de "sua legitimidade".

    O item está perfeito e me parece em consonância com os valores da Defensoria: O examinador queria saber se o candidato sabe ser possível a contestação do "uso desproporcional de violência pela força policial".

  • uso desproporcional da força é legítimo ?

  • Pra começo de conversa, o estado não detém monopólio de uso legal da violência.

    Temos alguns exemplos na legislação, como a legítima defesa (cível e criminal), o desforço imediato (art.1210, §1º, CC); o próprio art.188, CC diz que não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa e exercício regular do direito.

  • A questão em comento demanda conhecimento de axiomas dos estudos de Max Weber, Estado e legitimidade.

    Para Max Weber, o Estado tem o monopólio do uso da força e deve utilizar a força, de maneira adequada, quando necessário.

    Logo, a ação policial, uma ação estatal, pode ser sinônimo desta violência necessária que o Estado possui como monopólio.

    Já no que concerne à legitimidade, se a ação policial revelar-se excessiva ou desproporcional, por óbvio, perde a legitimidade democrática que garante sua operabilidade.

    O Estado não pode se descurar de certos limites.

    O momento onde a questão faz menção a eventual questionamento de legitimidade da ação policial pode nos remeter à teoria crítica do Direito, de matiz marxista, na qual o Estado é enxergado com superestrutura e ente de alienação e opressão.

    De todo modo, a questão reconhece, ao fim, a perspectiva weberia do monopólio da violência legítima pelo Estado.

    A questão está adequada e sem contradições.

    GABARITO DO PROFESSOR: CERTO

  • nossa. me recusei a marcar como certo.